Nigéria foi convidada a integrar a Cúpula do G-8 a realizar-se em julho/2009 em de L’Aquila-Itália

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A Nigéria foi convidada a integrar a Cúpula do G-8 a realizar-se em julho/2009 em de L'Aquila-Itália, cidade que foi atingida recentemente por um terremoto. O convite estendido à Nigéria para participar da Cúpula do G-8 foi proposital e aprovado pelo governo italiano, de acordo com o Sr. Massimo Baisistwech, embaixador italiano na Nigéria. O Sr. Baisistwech deu a entender que embora a Nigéria não seja integrante do Grupo do G-20, cujos membros incluem: Ìndia e Indonésia, sua posição na Àfrica e o consequente potencial de crescimento que ela possui têm sido responsáveis pelo convite à Cúpula do G-8. O embaixador italiano relevou as colaborações da Nigéria na manutenção da paz na sub-região oeste africana e enfatizou que nesta era da globalização, a importância da Nigéria no continente africano não deve passar despercebida, acrescentando que a Nigéria deveria integrar a mesma liga em que se encontram os países como a Ìndia, Indonésia, China e África do Sul. Segundo o Sr. Baisistwech, a Nigéria precisa ser reconhecida pelos seus imensos potenciais que culminaram, motivo pelo qual foi convidada a integrar a Cúpula.
 

Os brasileiros Stela Grisotti e Paschoal Samora lançaram o documentário 'A Chave da Casa'. O filme conta a história de cinco palestinos, que saíram de um campo de refugiados na Jordânia para o Brasil.

São Paulo – Há cerca de um ano e meio, a gaúcha Stela Grisotti e o paulista Paschoal Samora arrumaram suas malas e desembarcaram na Jordânia para passar dois dias no deserto, na fronteira com o Iraque. Não era exatamente uma aventura. Stela e Paschoal são diretores de cinema e foram conhecer os refugiados palestinos que ali viviam. Sem falar árabe, e com pouca tradução, as filmagens e entrevistas - feitas num vai-e-vem de árabe, inglês e português – renderam a primeira parte do documentário "A Chave de Casa".

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Stela entrevista um dos palestinos

Alguns destes refugiados vieram viver no Brasil e nove meses após a chegada, os dois diretores continuaram o trabalho, os filmando já em terras brasileiras. O documentário foi lançado neste ano. Já foi selecionado e exibido no festival "É tudo verdade", em São Paulo, e na TV Cultura. Ele foi feito, aliás, com verba da TV Cultura, já que um projeto de Stela foi selecionado em um edital para filmes sobre refugiados de guerras contemporâneas. Agora, os planos são colocar o filme nos cinemas e também nas locadoras do Brasil.

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Paschoal (esq.) dirigiu o filme com Stela

O projeto inicial, conta Stela, não tinha como foco os palestinos. Mas tudo mudou quando a gaúcha ouviu falar sobre os refugiados árabes que estavam sendo acolhidos no Brasil. Após negociar com o governo da Jordânia, Stela e Paschoal, acompanhados de uma produtora executiva e de um diretor de fotografia, embarcaram. Desceram em Amã, capital da Jordânia, e dali seguiram cinco horas de carro com um motorista local até o campo de refugiados. A promessa era contar com a ajuda de uma brasileira, chefe do campo.

Quando chegaram, porém, a moça havia ido buscar os parentes de uma das refugiadas que viajaria ao Brasil e eles tiveram que improvisar com a ajuda do motorista que falava árabe e algo de inglês. No outro dia, o motorista foi substituído pelo pai, que não falava inglês. A brasileira que os auxiliaria esteve presente em poucos momentos. Assim, então, sem saber muito bem o que diziam os entrevistados, Stela e Paschoal tocaram o projeto. Muito do dito foi surpresa para eles, quando receberam a tradução, no Brasil.

As imagens se concentraram em cinco dos refugiados. O documentário conta a história deles, no campo de refugiados, e depois no Brasil. Alguns, afirma a diretora, estão muito bem e felizes com a nova vida no Brasil, como o professor dá aulas de árabe em Florianópolis para descendentes de imigrantes. Outros, como um PhD em Genética Veterinária, cuja mulher ficou no Iraque, não está tão contente. "Cada um está em um momento diferente", diz Stela. Uma das mulheres se queixa que nem sabe mais a direção de Meca para rezar. Ela não gostaria de voltar ao campo, claro, mas para o seu país, a Palestina.

Diferente da maioria das produções sobre a Palestina, o filme "A Chave da Casa" não conta a história do conflito do país árabe com os israelenses. Mas relata a vida de pessoas palestinas. "Trabalhamos a história íntima de cada um", diz Stela. Segundo ela, o público que viu o documentário ficou muito interessado, querendo saber mais sobre aquelas pessoas, no debate após a exibição. "Toca pelo lado humano", afirma. As personagens são palestinos que viviam no Iraque e foram obrigados a deixar o país, e partir para o campo, na Jordânia, após a guerra de 2003.

"A Chave da Casa" tem também roteiro de Stela e Paschoal, além de direção. A duração é de 60 minutos e a produtora é a Mixer. A música é de Ale Guerra, a fotografia e câmera de Dado Carlin. Os planos de Stela são colocar o filme no cinema e locadoras ainda neste ano. Ela também quer continuar trabalhando sobre a questão dos refugiados. Um próximo projeto, que depende de verba, poderá ser sobre as crianças refugiadas.

Stela é gaúcha da cidade de Santa Rosa, do Noroeste do Estado, e é formada em Jornalismo. Ela já atuou como editora de telejornalismo na TV Cultura e na Rede Globo, mas trabalha com cinema há 15 anos. Paschoal, de São Paulo, fez faculdade de cinema na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), e foi convidado por Stela para levar o projeto adiante em conjunto.

Adolescentes que visitaram a Arábia Saudita a convite do rei retornam a Santa Catarina

 

Alexandre Dro de Lima, 15 anos, foi um dos 10 estudantes catarinenses que, de 13 a 19 de maio, estiveram na Arábia Saudita, o país mais rico de todo o Oriente Médio, a convite do rei Abdullah Bin Abdul Aziz Al Saud.

O mesmo rei doou R$ 11 milhões para as vítimas das enchentes e dos deslizamentos em Santa Catarina ocorridas em novembro do ano passado. Os jovens, que têm idades entre 12 e 15 anos, foram selecionados nas cidades de Blumenau, Gaspar, Ilhota e Luiz Alves, as mais sacrificadas pela tragédia das chuvas.

De volta a Blumenau, na quinta-feira, onde mora com a mãe e quatro irmãos, Alexandre retomou a vida de adolescente abrigado. Os Lima vivem no Centro de Educação Superior de Blumenau (Cesblu), localizado no Distrito do Garcia, desde que a região foi castigada.

Em cinco dias, Alexandre percebeu que na Arábia Saudita os costumes são muito diferentes daqueles aos quais está acostumado no Vale do Itajaí.

Luxo impressionou

Alexandre, o mais velho entre quatro irmãos, já sabe. Enquanto a casa onde a família irá morar não estiver pronta, precisará adequar-se todo o dia ao coletivo imposto pelas consequências das chuvas: 

— O que mais incomoda é a hora do banho. Nem todo mundo cuida como deveria, e a gente precisa ir em seis, sete homens para limpar tudo primeiro. Não dá para tomar banho em um lugar sujo — descreveu.

Na Arábia Saudita, uma realidade bem diferente: 

— Lá, a gente dormia sozinho em uma suíte onde tinha até banheira com hidromassagem. Comia-se carneiro, camarão e muita salada.

DIÁRIO CATARINENSE

Evento: Exposição de Fotografias "Líbano-carioca: essa gente mostrando o seu valor"

terça-feira, 26 de maio de 2009

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Exposição de Fotografias "Líbano-carioca: essa gente mostrando o seu valor"
A mostra fotográfica é o resultado de uma pesquisa sobre os imigrantes libaneses e seus descendentes na cidade do Rio de Janeiro, cujas imagens revelam suas festividades, seus rostos, sua culinária, sua dança, suas atividades e a sua integração com o povo carioca dentro de uma diversidade que engloba nações, culturas e religiões.

Exhibition of Photographs "The Lebanese cariocas show their value."
This exhibition is the result of research on the lives of lebanese immigrants and their descendents in the City of Rio de Janeiro.  The images disclose the celebrations, their faces, the cuisine, the dances, the activities ... and it also shows their integration into the local population, highlighting the diversity that encompasses nations, cultures and religions.

Exposition de Photographies "Les libanais cariocas montrent leur valeur."�
Cette exposition est le résultat d'une recherche sur la vie des immigrés libanais et de leurs descendants à Rio de Janeiro.  Les images révèlent les célébrations, leurs visages, la gastronomie, les danses, les activités...et nous montrent aussi leur intégration dans la population locale, mettant en évidence cette diversité qui englobe nations,cultures et religions.
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Fotografia e Coordenação geral:
Hélio Shiino

Coordenação acadêmica:
Roberto Khatlab
Lebanese Emigration Research Center - LERC / Notre Dame University-Louaize - NDU (Líbano)

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Período de visitação:
18 de junho a 17 de julho de 2009
2ª feira a 6ª feira, das 9 às 18 horas

Local:
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Espaço Núcleo MID (Memória, Informação e Documentação)
Rua São Francisco Xavier, 524, 2º andar, sala 2.002
Bloco C (Hall dos elevadores)
Maracanã          Rio de Janeiro - RJ
BRAZIL - BRÉSIL
Obs. Acesso facilitado para cadeirantes

ENTRADA FRANCA

Informações:
(21) 2587-7441  -  mid@uerj.br


EVENTO:
FotoRio 2009 - Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro
APOIO CULTURAL:
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Sub-reitoria de Extensão e Cultura - SR-3/UERJ
Departamento Cultural - DeCult/SR-3/UERJ
Speed Lab - Laboratório Fotográfico Profissional
Notre Dame University-Louaize - NDU (Líbano)
Lebanese Emigration Research Center - LERC
Universidade Federal de Santa Maria - UFSM
Laboratório de Estudos Internacionais - Centro de Estudos Libaneses
APOIO INSTITUCIONAL:
Rede Sirius de Biblioteca/UERJ
Núcleo de Memória, Informação e Documentação - Núcleo MID/Rede Sirius/UERJ
PROMOÇÃO:
Diretoria de Comunicação Social - Comuns/UERJ
PROJETO GRÁFICO:
Filipe Chagas
MONTAGEM TÉCNICA:
Sidiney Rocha e Fabíola Neves

Atenciosamente,

Hélio Shiino - Rio de Janeiro - RJ / helioshiino@bol.com.br
Roberto Khatlab - Beirute (Líbano) /
robertokhatlab@yahoo.fr
Copyright © Hélio Shiino - All rights reserved
All photographs - Copy and images.
Any unauthorized resale, distribution, public display or duplication is a violation of all applicable laws and is subject to prosecution.

Copyright © Hélio Shiino - Tous droits réservés
Toutes les photos - de copie et d'images.
Toute non autorisée la revente, la distribution, l'affichage ou la duplication est une violation de toutes les lois applicables et est l'objet de poursuites.

POSTER ANEXO 








Evento: Exposição O mapa do mundo, pelos olhos de Titouan Lamazou

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Na última quinta-feira, o artista plástico Titouan Lamazou estava concentrado. Debruçado sobre uma mesa, dava os retoques finais em uma das fotografias que farão parte da sua exposição “Mulheres do Planeta”, como parte do ano da França no Brasil, com abertura marcada para o dia 11 de maio. Ele trabalha com pinturas fotos, mistura uma série de linguagens artísticas. Parecia estar esquecido de tudo, inclusive da entrevista combinada.

Apresento-me, o fotógrafo larga o que está fazendo e aceita conversar de bom grado. Mas por pouco tempo. Tivemos que sair da Oca do Ibirapuera, local da exposição. O barulho era enorme. O interior da arquitetura de Niemeyer era o espaço ideal para os ecos de marteladas, pregos, madeiras e furadeiras. “A Oca é um dos lugares mais lindos que já vi no mundo, mas muito difícil de usar. Meu amigo Vincent (Beaurin, cenógrafo) e eu fizemos um trabalho para respeitar o trabalho de Niemeyer”.

“Mulheres pelo Mundo” teve sua estreia na França, terra de cidadania de Lamazou. Ele nasceu no Marrocos e cresceu na Tunísia como filho de um funcionário de companhia francês. “Em Paris, o museu tinha cerca de 1200 m2. Aqui, há 8000 m2. Absolutamente não é a mesma exposição, é totalmente diferente. Mesmo as poltronas, os móveis e as mesas são circulares para acompanhar a arquitetura do lugar” . Até o conforto entra no planejamento. “Há muitas coisas a ver, e assim as pessoas podem sentar e conversar com os amigos” .

De fato, há muito a ser visto, já que a Oca receberá o resumo de sete anos de viagens retratando mulheres nos mais diferentes lugares. Em paredes brancas que serão os suportes para as fotos, havia apenas rascunhos e mapas indicando a disposição das fotos. Algumas puderam dar o tom da exposição. E da personalidade de Lamazou. O artista-viajante é admirador de Guimarães Rosa. Não poderia ter deixado de ir à cidade natal do escritor. Lá retratou Dayanna, contadora de histórias, e Rosa, prostituta. “É, a maioria de Cordisburgo, eu é que descabacei”, lê-se logo abaixo. Na parede seguinte, imagens familiares. Um muro. Uma mulher em frente ao muro. Pichado, lê-se: “NO WALL WILL STOP US” (Nenhum muro irá nos deter). Sim, a Palestina.

Por todos os continentes, durante sete anos, Lamazou fez o retrato, artístico, fotográfico, em vídeo, de mulheres. Por quê? “Porque gosto de mulheres, sou atraído por elas” . O despojamento de Lamazou é característico. Disse-me isso sentado encostado a uma árvore, em pleno Ibirapuera. Ele misturava em suas respostas uma ironia, um descaso por tradições, mas uma seriedade inevitável. Viaja desde os 17 anos, na década de 70. Diante das catástrofes que testemunhou nessas andanças, não poderia ser diferente. Acaba por usá-las como motor de seu trabalho.

Em 2003, foi nomeado Artista da Paz da Unesco (entidade que apoiou seu trabalho desde o início, em 2002). “Em 1979, houve uma Convenção de Igualdade de Gênero, e o acordo tirado dali foi assinado pelos 125 países que compunham a ONU, entrou em suas constituições, mas ninguém os respeita até hoje. Mesmo países da Europa, como a França” .

As lentes, os pincéis a câmera do artista querem os detalhes, a individualidade. Não quer nações, religiões ou identidades étnicas, quer a personalidade de cada uma, o que as faz únicas, mas através desse olhar sobre as mulheres, também o que as torna comuns. “Quando fui a Darfur, não fiz como a maioria dos jornalistas, o retrato de mil refugiados, mas o retrato de Zaluba, Hadija, Halime. Acho importante mostrar que, por exemplo, os afegãos são pessoas como você e eu. Claro, há uma cultura diferente. Mas em meu mapa não coloco o nome de povos, mas coloco o nome de mulheres” .

Lamazou expõe com clareza sua visão da completa degradação do mundo, a piora da vida em todos os cantos do planeta desde que iniciou-se a aclamada vida da globalização. “Depois da queda do muro de Berlim, poderia se dizer que o Mundo Livre ganhou, mas isso não é verdade. Está pior do que antes em todos os lugares. Essa formação de Estados que conhecemos é recente. Os Estados africanos têm cerca de 50 anos. Começo meu livro com Lucy, a mulher mais antiga conhecida com 3 milhões de anos, anterior a todas essas construções mais recentes. Não gosto da noção de Nação, de fronteiras, dessas religiões, de origem étnica, não estou nem aí. O importante são as pessoas, e entre as pessoas, prefiro as mulheres”.

No final de nossa conversa, perguntei ao homem que viajou sete anos retratando mulheres em todo o mundo sobre a situação geral das mulheres no mundo: “Há algo comum, uma maior consciência. As mulheres hoje são a base e o chão. Elas dão à luz e criam os filhos, vão atrás do dinheiro. Por isso em muitas guerras atualmente a violência sexual é uma arma. É usada para humilhar dividir o ambiente social dessas pessoas. Se fosse à Gaza 30 anos atrás, na Palestina, as mulheres andavam com saias, sem qualquer cobertura na cabeça. Hoje não podem andar assim. Isso por causa do conflito e da pobreza. E as mulheres pagam o grande preço disso” .

E as mulheres árabes? “Não gosto de misturar islamismo e identidade árabe. Eu sei disso porque nasci no Marrocos e cresci na Tunísia. Acho que, em lugares como Darfur, não podemos falar de uma mulher árabe. Mesmo na Mauritânia, há comunidades com uma tradição. Mas, sim, há uma visão errada. As pessoas esquecem que os gregos inventaram as formas de cobrir a cabeça, não os muçulmanos nem os árabes. Queriam tomar e exercer o poder sobre a mulher. A ideia da mulher afegã é a pior que temos. Quando fui a Cabul, conheci a mulher de um dos líderes do Taleban, que estava preso em Guantánamo. Ela sempre brincava e fazia piada, tomava pílulas anticoncepcionais porque o marido pediu que o fizesse. Não era a ideia de mulher que temos. As mulheres na Argélia, ou de países árabes, são como as mulheres brasileiras ou de qualquer lugar do mundo em 99% de suas preocupações”.

por Arturo Hartmann

http://www.icarabe.org/CN02/noticias/nots_det.asp?id=159

Exposição fotográfica

“Mulheres do Planeta”, de Titouan Lamazou (de 11 de maio a 11 de julho)
Local: Oca – Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Portão 3 – São Paulo, SP (das 10h às 20h)
O artista francês Titouan Lamazou apresenta a exposição ‘Mulheres do Planeta’, de 11 de maio a 11 de julho, na Oca, em São Paulo, integrando as comemorações do Ano da França no Brasil. Com mais de 200 perfis, a mostra faz um amplo painel da mulher contemporânea por meio da fotografia, pintura, vídeo, texto e desenho realizados durante sete anos de viagens pelos cinco continentes do mundo. Refugiadas, camponesas, militantes, operárias, advogadas, artistas, nômades, modelos, professoras, empresárias exemplificam a força da mulher atual, independente da aparência física, nacionalidade, origem étnica ou religião. E entre elas, mulheres árabes, seja na Mauritânia, no Chade ou nos Territórios Ocupados da Palestina.

Estudantes brasileiros embarcam para a Arábia Saudita

Geovana Pagel/ANBA Geovana Pagel/ANBAO grupo de estudantes e a sargento Marli no Aeroporto de Guarulhos

São Paulo – Dez estudantes de Santa Catarina, estado da região sul do Brasil atingido por fortes chuvas em novembro de 2008, embarcaram ontem (13) para a Arábia Saudita, onde devem ficar até a próxima terça-feira (19). O grupo viajou a convite da família real e terá a oportunidade de conhecer a cultura e os costumes sauditas na mesma semana da visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país.

As crianças escolhidas têm entre 12 e 15 anos e vivem nos municípios de Blumenau, Gaspar, Ilhota e Luiz Alves, que foram os mais atingidos pela enchente. Em abril, o rei Abdullah Bin Abdul Aziz Al Saud doou R$ 11 milhões para as vítimas das chuvas no Vale do Itajaí. Para localizar as crianças, foram acionadas as secretarias regionais de Blumenau e Brusque.

De acordo com informações da embaixada da Arábia Saudita no Brasil, os jovens brasileiros terão uma agenda intensa com atividades e visitas aos principais pontos da capital Riad, incluindo marcos históricos como o Forte Masmak e lugares modernos como a Torre do Reino. 

Os estudantes também terão a oportunidade de conhecer jovens sauditas e entrar em contato direto com a cultura e tradição local por meio de um tour guiado ao Museu Nacional de Riad. A programação foi preparada pelo Ministério da Cultura e Informação do país árabe. 

O sonho real de Ana
Geovana Pagel/ANBA Geovana Pagel/ANBAAna Carolina pensou que a notícia da viagem era uma brincadeira do pai

Ana Carolina Morello, 15 anos, estudante do 2º ano do ensino médio, há anos sonha conhecer a "terra da Rainha" e fazer um intercâmbio para Londres, mas nunca imaginou fazer parte de um grupo que viajaria a convite de um rei. "Hoje uma viagem ao exterior era um sonho bem distante. Quando meu pai ligou contando que eu teria a chance de conhecer a Arábia Saudita levei um susto e pensei que era uma brincadeira dele", conta a estudante, enquanto carrega a mala no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, poucas horas antes de embarcar num vôo da Air France, com escala em Paris.

O sorriso alegre e cheio de expectativa mostra uma menina bem diferente da que há seis meses dividiu com os pais e o irmão de nove anos o drama de ficar isolada na casa da família, na cidade de Gaspar. "Foi horrível. Ficamos sem água e com pouca comida. As aulas foram suspensas porque precisavam abrigar as famílias desabrigadas (nas escolas)", diz.

Outro integrante do grupo que viajou para o Oriente Médio é Alexandro de Lima, também com 15 anos e aluno da 8ª série do ensino fundamental em Blumenau. Ele está entre as famílias que perderam tudo com a enchente. Alexandro, os pais e os três irmãos menores só sobreviveram porque buscaram abrigo na casa de uma vizinha. 
Geovana Pagel/ANBA Geovana Pagel/ANBAAlexandro estava empolgado com sua primeira viagem ao exterior

A família do estudante ainda mora em um das moradias provisórias que abrigam cerca de cinco mil pessoas. Ainda sem cama e sem geladeira em casa, o jovem consegue olhar para o futuro com esperança e otimismo e considera a viagem uma experiência que ficará marcada para o resto da vida.

"Estou muito feliz e ansioso para chegar lá e conhecer um país com costumes tradições tão diferentes das nossas", afirma o adolescente que também é integrante de um grupo de street dance.

O grupo viajou acompanhado por uma funcionária da Embaixada da Arábia Saudita no Brasil e pela sargento Marli Darolt, da Polícia Militar em Santa Catarina. Na volta ao Brasil, eles farão nova escala em Paris.

http://www.anba.com.br/noticia_diplomacia.kmf?cod=8442801

Percussão árabe no Pelourinho

terça-feira, 12 de maio de 2009

Divulgação Divulgação

Sahar divulga a cultura árabe no projeto Tardes do Oriente


São Paulo - O músico baiano Ives al Sahar conheceu e se apaixonou pela percussão árabe há cerca de 10 anos. Já tocava violão e sabia que sua vocação para a música poderia estar relacionada ao sangue marroquino que herdou da bisavó paterna. "Amo a cultura árabe, em especial a música, e queria resgatar essas origens", afirma o músico. "Quando conheci a percussão árabe tive certeza do que queria fazer. Hoje vivo disso", diz.

Nascido na cidade de Salvador, Sahar começou a carreira como músico profissional em 1997. Há cerca de seis anos adquiriu e aprimorou sua técnica para tocar instrumentos árabes, como derbake, e desde então ministra aulas e workshops, cursos para músicos e bailarinas da dança do ventre, bem como apresentações em casas de cultura árabe.

Além disso, desenvolve projetos como o Tardes do Oriente, encontro itinerante de artistas realizado em média a cada três meses em praças ou parques públicos da cidade, e o Crianças Criando, que leva um pouco do ritmo da percussão árabe para crianças de bairros pobres da capital baiana. Tudo de forma gratuita. "Como não temos apoio e nem um local fixo para ampliar o projeto, é mais uma vivência, um primeiro contato da criança com a percussão árabe", conta.

Divulgação Divulgação

Mais de 150 crianças já participaram do Crianças Criando

"As crianças recebem de forma espontânea esses conhecimentos e mais tarde podem até encontrar um caminho profissional na música. Por isso a importância de realizar esse trabalho de forma contínua e consistente, porque é uma prestação de serviço gratuito para a sociedade", destaca. "Agora estou justamente me associando com um pedagogo e escrevendo um projeto para desenvolver o trabalho de maneira mais organizada e estruturada", disse.

De acordo com o músico, apesar do estado de São Paulo concentrar um número maior de descendentes árabes, é no Nordeste brasileiro que a influência árabe se mostra mais forte. "Aqui a cultura árabe está entranhada nas pessoas e se mostra mais musicalmente e também no clima quente, que é muito parecido com o dos países árabes. Observo também o modo de falar simples, direto e caloroso parecido com o dos árabes", explica.

O site do músico está em fase de finalização e estará disponível a partir do dia 11 de maio, acessando o www.ivesahar.com.br .


Contato

E-mail: contato@ivesahar.com.br
Telefone: +55 (71) 8733-5854

Sobre o Islã, de Ali Kamel

Oscar Cabral

Kamel: desassombro e didatismo em seu novo livro


Artigo da VEJA - Publicado em 2007

Ali Kamel, diretor executivo de jornalismo da Rede Globo, tornou-se um especialista em dinamitação de lugares-comuns e idéias fora do lugar. Para tanto, conta com rigor e aplicação vários metros acima dos níveis habituais dos ensaístas destas plagas. Ele também exibe bastante destemor em seus bons combates. No asilo de conceitos que é o Brasil, há que ter couraça das mais duras (e estômago dos mais fortes), para agüentar os golpes desferidos pelos velhos patrulheiros da imprensa e da universidade – golpes sempre vindos da esquerda e, portanto, abaixo da linha da cintura. Há um ano, Kamel lançou o livro Não Somos Racistas,no qual demonstra que as "ações afirmativas" para favorecer os negros, como o regime de cotas nas faculdades, são de uma irracionalidade tonitruante para uma questão não existente no país – o racismo de matiz americano. O problema nacional, enfatiza Kamel, não é racismo, mas pobreza – que não diferencia milhões de negros de milhões de brancos e de milhões de pardos. Apesar da patrulha, Não Somos Racistas entrou na lista de mais vendidos de VEJA e conseguiu abrir um enorme buraco no monólito conceitual que domina a discussão sobre o assunto no Brasil. Agora, seu autor lança-se a um outro desafio, com o perdão da palavra batida: provar que o islamismo não é uma religião violenta em sua essência (não mais do que o judaísmo e o cristianismo, pelo menos). E que – quanta intrepidez – a guerra travada no Iraque não é tão absurda como faz crer a maioria dos comentaristas. Tais são os temas de Sobre o Islã – A Afinidade entre Muçulmanos, Judeus e Cristãos e as Origens do Terrorismo (Nova Fronteira; 320 páginas; 34,90 reais).

Como revela em parte seu próprio nome, Kamel tem um pé no enredo religioso que aborda não só com desassombro, mas também com didatismo. Seu pai é sírio e muçulmano. Pelo lado materno, as raízes são brasileiras – e católicas. Sua mulher é de origem judaica. "Eu acredito que minha história familiar me possibilita um olhar especial sobre as três religiões monoteístas", escreve ele. O livro começa com o relato pormenorizado de um encontro, registrado em vídeo, de Osama bin Laden e asseclas com um chefe muçulmano que havia chegado ao Afeganistão em novembro de 2001. Na conversa, eles comemoram os atentados nos Estados Unidos e tecem loas a Deus por ter propiciado a carnificina. Alguns dos terroristas falam das supostas visões antecipatórias que tiveram sobre o que consideram ser uma bênção divina. "Como podem envolver Deus nisso? Que processo leva essas pessoas a criar, a partir de uma religião que se quer pacífica, um dos movimentos políticos mais violentos que o mundo já viu, uma das maiores ameaças ao nosso estilo de vida, às liberdades essenciais do ser humano?", pergunta-se o autor, extravasando uma perplexidade que está longe de ser geral, visto que se disseminou no Ocidente um juízo negativo a respeito do Islã.

Para separar o que é dado religioso daquilo que não passa de interpretação indevida ou apropriação indébita, Kamel empreende uma tarefa hercúlea. Seu objetivo expresso – e plenamente alcançado – é o de demonstrar como o islamismo, em que pesem suas vestes exóticas aos olhos ocidentais, baseia-se nos mesmos pilares do judaísmo e do cristianismo. Nessa direção, ele se aprofunda na gênese comum das três religiões, por meio da comparação entre passagens da Bíblia e do Corão que narram a vida de personagens fundadores, como Noé, Abraão, Isaac, Ismael e José, até chegar a Jesus. No que se refere a este último, uma curiosidade – na visão dos muçulmanos, ele não é filho de Deus, e sim um profeta maior do que todos os outros. Tanto que, como relata Kamel, "o Islã não aceita a sua crucificação: tudo não teria passado de uma ilusão, já que Jesus teria subido aos céus em seu corpo físico. Seus algozes teriam sido iludidos, viram uma crucificação que nunca houve. Jesus, portanto, não morreu, mais um milagre que Deus concedeu a ele". No final dos tempos, porém, acreditam os islamitas, Jesus voltará à Terra, para derrotar o Anticristo e governar o mundo por 45 anos. Em sua segunda vinda, ele se casará, gerará filhos e morrerá normalmente.

Para os leigos, é surpreendente a figura de Maomé que emerge da síntese do Corão feita por Kamel. Do profeta iniciador do islamismo pode-se dizer que foi humano, demasiado humano. Teve uma infância cheia de dificuldades, permaneceu analfabeto até cerca de 40 anos, quando foi visitado pelo arcanjo Gabriel, e suas primeiras visões causaram-lhe angústia. Uma vez imbuído da missão de levar adiante a palavra do Deus único (ou Revelação), experimentou grande resistência para convencer seu povo a abandonar o politeísmo. Em visita ao Paraíso – sim, de acordo com a tradição, ele esteve lá quando vivo –, chegou a negociar com Deus o número de orações diárias a ser feitas pelos muçulmanos, por orientação de um judeu: ninguém menos do que Moisés(veja trecho). Maomé também jamais teve controle algum sobre os versículos que lhe eram soprados por Gabriel e viriam a compor o Corão, cuja forma escrita só seria consolidada depois da morte do profeta. Não há registro de que tenha operado milagres. Afirma Kamel: "O certo é que Maomé, ao longo de sua vida, nunca escondeu que era um homem como outro qualquer e, dizem as tradições, gostava de lembrar aos fiéis o que dele dizia o Corão: Maomé não é mais do que um Mensageiro a quem outros precederam".

Esse simples mensageiro deixou uma família dividida, que se digladiaria em torno da sucessão de Maomé e da qual o islamismo, por seu turno, herdaria as vertentes sunita e xiita. A diferença entre ambas, explicada em detalhes por Kamel, é basicamente a seguinte: para os sunitas, o profeta não indicou sucessor, a Revelação encontrou o seu termo com a morte de Maomé e só o que há a fazer é seguir a Suna, os mandamentos legados pelo profeta. Para os xiitas, Maomé foi sucedido por um primo, Ali, o primeiro imã (ou guia espiritual), e a Revelação ainda guarda aspectos ocultos, a ser desvendados por outros imãs. A palavra xiita vem do árabe shi' at'Ali, cujo significado é "partidários de Ali". Da dissensão entre sunitas e xiitas nasceria grande parte das animosidades que explodem no interior do Islã e também de dentro dele em relação ao exterior – cujo lado mais apavorante é o terrorismo.

Apesar da divisão interna do Islã, Kamel explica que a concepção de que se trata de uma religião movida pelo ódio é fruto da ignorância ocidental e do despotismo de seguidores seus que compõem uma minoria. Há mensagens de violência no Corão? Sim, mas também há na Bíblia judaico-cristã. Boa parte da expansão muçulmana foi realizada pela força da espada? Sim, mas tanto quanto a cristã. Seus mandamentos e prescrições são por vezes contraditórios? Sim, mas qual religião não embute contradições? Para o autor, o que importa é que, deixando de lado certas vicissitudes, o Islã no mais das vezes teve – e tem – como regra a boa convivência com as outras religiões. Diz Kamel, depois de citar versículos do Corão simpáticos ao judaísmo e ao cristianismo: "Não tenho muitas dúvidas de que, ao longo da maior parte de sua história, a ênfase na repulsa a judeus e cristãos sempre foi bem menos intensa do que a ênfase no acolhimento".

Nos capítulos derradeiros do livro, Kamel defende a tese segundo a qual chamar os radicais islâmicos de fundamentalistas é um equívoco que os "enobrece" do ponto de vista religioso. Na realidade, eles seriam apenas totalitários políticos – mais próximos, assim, de um Hitler do que de um Jim Jones, na comparação do autor. É por combater esse totalitarismo que a guerra no Iraque seria, mais do que circunstancialmente necessária, moralmente justa. Inclusive para a sobrevivência do próprio Islã. Maomé e Bush do mesmo lado, quem diria. A lógica da máquina do mundo pode ser infernal. E a coragem de Kamel, assim como Alá, é grande.

ALÁ FEZ UM ABATIMENTO

"Por fim, ouviu a voz de Deus, que o mandou de volta com a ordem de instruir seus seguidores a rezar cinqüenta vezes ao dia. Ao começar seu caminho de volta, Moisés perguntou-lhe o que lhe fora ordenado, e Maomé respondeu: 'Orar cinqüenta vezes ao dia'. Moisés então lhe disse que o seu povo seria incapaz de cumprir o mandamento. 'Eu tentei com o meu povo e não consegui. Volte ao Senhor e lhe peça que alivie o seu povo dessa obrigação.' Maomé aceitou o conselho, voltou a Deus, que o liberou de dez orações. Mas, ao passar por Moisés, Maomé ouviu novamente o conselho de Moisés: 'Volte lá e peça nova redução. Eu tentei com meu povo e não consegui'. Isso se repetiu outras tantas vezes, até que Maomé voltou e disse: 'Meu Senhor manda que meu povo ore cinco vezes ao dia.' Moisés tornou a insistir que o fardo seria grande, mas Maomé se recusou a voltar, alegando ter vergonha de perturbar Deus novamente. 'Estou satisfeito e resignado.' E assim, segundo a tradição, ficou estabelecido um dos pilares do islamismo: as cinco orações diárias."

Trecho de Sobre o Islã

http://arquivoetc.blogspot.com/2007/08/sobre-o-isl-de-ali-kamel.html