O ator Adel Benchérif fala de O Profeta e de como a França inteira, com os seus problemas humanos e sociais, cabe no grande filme de Jacques Audiard

sexta-feira, 18 de junho de 2010


Luiz Carlos Merten - O Estado de S.Paulo
O nórdico e o árabe. Benchérif (E) é o fiel escudeiro de Rahim na escalada do crime: unidos por laços de sangue e amizade  

Olhe a foto aí acima. Nela aparecem Adel Benchérif e Tahar Rahim. Interpretam os amigos Malik e Ryad em O Profeta. Havia a expectativa de que o grande filme de Jacques Audiard ganhasse a Palma de Ouro em Cannes, no ano passado. O júri presidido por Isabelle Huppert preferiu A Fita Branca, de Michael Haneke, outorgando a O Profeta o segundo prêmio em importância, o Grand Prix. Os dois filmes concorreram ao Oscar e perderam para o argentino O Segredo dos Seus Olhos, de Juan José Campanella.

Voltemos a O Profeta. O filme venceu o César, o Oscar francês. Tahar Rahim foi duplamente vitorioso - melhor ator e melhor esperança masculina, o prêmio com que a Academia Francesa destaca os novos talentos. O Profeta tem feito uma bela carreira, de público e crítica, em todo o mundo. O virtuosismo de Jacques Audiard é indiscutível. O filme também tem provocado polêmica - Jacques, filho do diretor e roteirista Michel Audiard, estaria reproduzindo, na França, modelos hollywoodianos de ação. Para os próprios franceses, a discussão foi outra. O Profeta expõe a cadeia como escola do crime. Em várias entrevistas, Jacques Audiard disse que os filmes de Hector Babenco, Pixote, a Lei do Mais Fraco e Carandiru, foram faróis em sua vida e certamente o influenciaram na formulação dramática de O Profeta.

Adel Benchérif integrou a delegação que veio ao Brasil para divulgar o Festival Varilux de Cinema Francês. No Rio, ele contou como foi o processo criativo de Jacques Audiard. Admitiu que o universo da cadeia não lhe é estranho - ele próprio esteve preso. O cinema tem lhe aberto novos horizontes, mas o jovem de ascendência tunusina conhece bem o racismo e a discriminação. Até hoje, ainda sente o ódio pelo "estrangeiro", pelo colonizado, que Mathieu Kassovitz retratou num filme justamente chamado La Haine (O Ódio). Mas o que mais lhe doi, ele confessa, é a mudança no relacionamento com os antigos amigos. "Eu acho que continuo o mesmo, mas o olhar deles sobre mim mudou. Não nos frequentamos mais e há hoje uma distância muito grande entre a gente."

Sua mãe mora na Tunísia, e essa é outra distância dolorida. Adel é francês de nascimento. Criou-se em Grenoble. Sua vida poderia ter sido, quem sabe, menos difícil, mas ele se interroga se isso teria mudado sua formação: a sensibilidade seria outra? Teria virado ator? É orgulhoso das raízes tunisinas. Há toda uma história de família, sobre como seus ancestrais "fizeram" a França. Adel começou a carreira interpretando pequenos papéis em Grande École ou na série La Crim", em 2004. Em 2006 e 2007, de novo na TV, conheceu dois grandes sucessos pessoais em outras séries, Djihad e Les Liens du Sang. Foi nelas que Jacques Audiard buscou boa parte do elenco jovem de O Profeta, para compor o grupo que cerca Malik. O personagem de Tahar Rahim vai preso e, na cadeia, torna-se o serviçal do chefão Niels Arestrup.

O jovem árabe e o nórdico. Malik faz sua escalada no crime, Ryad o acompanha como escudeiro fiel. A meta de Malik é ocupar o posto de Arestrup. Não é preciso citar O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola, para lembrar outros exemplos notáveis de disputa pelo poder no meio do crime, e neste como representação da democracia étnica. "A experiência na prisão não me havia preparado para o papel", Adel conta. Jacques Audiard confinou seus atores, como parte da preparação. Em nome do realismo de cena, os presidiários que cercam o elenco principal vieram de cadeias de verdade.

Adel fala de seu personagem. "Ryad está doente e sabe que vai morrer. Tem tudo a perder, a mulher e a criança. Ele faz não importa o quê, na certeza de que Malik olhará pelos seus." Laços de sangue, de amizade. É disso que O Profeta também fala. E existe a linguagem dos "árabes". A França inteira cabe na prisão de O Profeta. Adel Benchérif sabe que seu elogio é suspeito. O filme de Jacques Audiard colocou-o em outro patamar de sua carreira. Mas também sabe que é um grande filme. E Jacques? "Ele duvida o tempo todo. Nunca está certo de coisa nenhuma. Mas é um líder, une todos ao seu redor." Mais do que uma experiência artística, O Profeta foi, para ele, uma experiência humana.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100618/not_imp568323,0.php




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Mirela Goi

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Dica de Livro: Música árabe: expressividade e sutileza, da editora BibliAspa

segunda-feira, 14 de junho de 2010

ão Paulo – A professora e coreógrafa de danças árabes, Marcia Dib, vai lançar neste sábado (12) o livro Música árabe: expressividade e sutileza, da editora BibliAspa, no Esporte Clube Sírio, em São Paulo. A autora fará uma palestra sobre as principais características da música árabe e vai contar um pouco da história do livro.

O livro, que tem 217 páginas, é um capítulo da tese de mestrado de Marcia intitulada A diversidade cultural da Síria através da música e da dança. Ela terminou o trabalho no final do ano passado. A ideia de escrever o livro surgiu do seu orientador. "Fiz um capítulo inteiro só para explicar a música árabe. Não achei nada publicado em português sobre música árabe. É um livro inédito", afirmou Marcia.

Divulgação Divulgação

Livro é capítulo da tese de Marcia



De acordo com ela, o livro é para pessoas leigas no assunto e que querem saber algo sobre a teoria e a história da música árabe. "O livro tem uma visão de uma pessoa que usa a música para o trabalho", disse a professora, que é descendente de sírios e viajou três vezes ao país árabe para concluir o mestrado.

A publicação é dividida em cinco capítulos. O primeiro, Origem, influências e tratados, fala dos caminhos que a música árabe percorreu, dos aspectos teóricos e filosóficos da música. "No passado, a música era estudada junto com outras ciências", disse Marcia.

O segundo capítulo, O conceito de tempo e a transformação axial da visão de mundo, aborda as diferenças de tempo. "Para a gente, o tempo é uma linha reta, para os árabes, eles vêem o tempo como um círculo", disse a professora, que explica esse pensamento no capítulo. No terceiro, A concepção de mundo influencia a composição, execução e o aprendizado, a autora fala da importância da memória, da transmissão oral da música, que não era escrita, pois não havia as partituras.

As Características melódicas e rítmicas aborda a definição da música árabe, da formação das notas e escadas, que são diferentes das usadas na música ocidental. O último capítulo, A doutrina do Ethos ou Ta'thir, é uma analogia entre a música e as outras ciências. "Falo de como a música influencia o corpo e a mente, por exemplo", disse Marcia.

Segundo ela, a música árabe é uma arte integrada com outras áreas do conhecimento e da existência e tem o poder de tocar os sentimentos e as pessoas, que respondem a ela com seu corpo e mente.

Serviço

Lançamento do livro Música árabe: expressividade e sutileza
Data: 12 de junho
Horário da palestra: 16 horas
Sessão de autógrafos: 17 horas
Local: Auditório do Esporte Clube Sírio
Endereço: Avenida Indianópolis, 1192 – São Paulo
 
Fonte:

Escritora egípcia entra no filão das comédias românticas para mulheres de 30 anos e conta a saga de Bride, uma egípcia, farmacêutica, independente financeiramente, mas que ainda não arrumou um marido.

Claudia Abreu/Agência Meios Claudia Abreu/Agência Meios

Os dilemas de uma balzaquiana, formada em Farmácia, para arrumar um marido no Egito, estão no livro de Ghada Abdel Aaal

Tudo começou com um blog escrito em árabe (http://wanna-b-a-bride.blogspot.com), em 2006, idealizado pela escritora para encontrar amigos e dividir histórias. Era escrito com o pseudônimo Bride, esposa em inglês. Ghada tinha perdido a mãe e toda a sua família começava a se mobilizar para encontrar um bom marido para a moça. "Me apresentavam todos os tipos de pessoas", disse Ghada, em entrevista à TG3 italiana. Aos poucos, post após post, a escritora percebeu que o seu dilema era comum a tantas outras moças no Egito, país que tem mais três milhões de mulheres entre 30 e 35 anos solteiras. Os seguidores do blog chegaram a 500, sempre ativos, publicando comentários. Hoje são mais de 600.

Ghada diz que, no início, tinha medo da reação das pessoas aos textos do blog, que eram divertidos, engraçados, mas também muito reflexivos. O Egito tem enfrentado uma dura crise econômica, que, como todas as crises, reflete nos hábitos e costumes da sociedade. As taxas de desemprego, por exemplo, são altas, superiores a 10% da população, e cerca de 20% vive abaixo da linha da pobreza. Sem condições financeiras para manter uma casa, boa parte dos homens na faixa dos 30 anos não se arrisca, mora com os pais e não se casa. Se para eles pode ser até confortável, para as mulheres, na mesma faixa etária, a situação é sinônimo de fracasso pessoal.

Com as expectativas de casamento em baixa, somada à situação financeira das famílias do Egito, investir na profissão passou a fazer parte do cotidiano das mulheres de 30 anos que, cada vez mais, se dedicam ao trabalho e à formação universitária. Segundo Ghada, formada em Farmácia, portanto doutora no Egito, é muito comum encontrar mulheres que trabalham fora, ganham mais do que os homens e não abrem mão da carreira e, claro, do uso da Internet. Fato que aparece nas perguntas da mãe de Bride para o futuro marido da filha: "E quanto ao trabalho? E à Internet?". E um dos motivos do sucesso do blog, que abriu as portas para o livro de Ghada, que já vendeu 2.000 cópias na Itália.

Os pretendentes

A escritora, comparada à Helen Fielding - autora de Bridget Jones, de 2001, livro que virou filme - na mídia italiana, diz que não foi influenciada pela autora inglesa. Também não assistiu a série Sex and the City, da americana Candace Bushnell ou leu Comer, Amar e Rezar, de Liz Gilbert. Começou a escrever simplesmente para contar a sua experiência e ouvir que não era "uma estranha que não conseguia encontrar um marido". "Eu não esperava tanto sucesso, sinal de que precisávamos de uma voz que dissesse o que nós, mulheres árabes de 30 anos, sentimos (em relação à questão do casamento)", disse a escritora à TG3.

No livro, Bride descreve 10 pretendentes, reunidos da experiência de Ghada, das suas amigas, e das seguidoras do blog, e os amigos da família, como tia Ficcanaso e Tio Disco, que tentam, desesperadamente, encontrar um marido para a protagonista. Do primeiro, um doutor homeopata, que depois vira um imitador de personagens famosos e se veste "como um arco-íris, com todas as roupas do varal", passando pelo ladrão, que corteja Bride apenas para lhe roubar a carteira dentro do ônibus, até o baixinho, muito baixinho que "parecia um desenho animado" e que apaga todas as luzes da casa, por questões econômicas, e acende velas, irritando profundamente o pai de Bride, ao último, Imed "o Belo", que vive em Londres, é casado, mas, sua mãe quer que se case com uma egípcia, "pois assim, poderá voltar para casa a cada três meses", Ghada descreve o comportamento de cada um deles, envolvendo o leitor na corrida da protagonista pelo casamento.

Depois do décimo, Bride decide parar um pouco com a busca frenética, mas uma amiga do trabalho, Noha, encontra um namorado. "Não é um rapaz bruto, só é magro como um junco, as orelhas, é claro, brigaram entre elas, mas é uma criatura de Deus", escreve Bride, com uma tremenda dor de cotovelo, mas também cheia de energia para continuar a corrida, pois, no final, apesar do caminho tortuoso, Ghada, a autora, quer se casar - e deixa isso claro para as leitoras do livro e do blog. Assim como as ocidentais Carry Bradshaw, de Sex and the City, e Bridget Jones.
 

Brasileiro sequestrado por nigerianos disse que ontato com sequestradores teria começado através da Camara de Comèrcio Árabe Brasileira


O empresário paraense sequestrado na África do Sul desembarcou nesta terça no Brasil. Osmar Pereira contou os momentos de terror que passou nas mãos dos bandidos.

Dez horas de viagem e um desejo enorme de voltar pro Brasil. "Eu me sinto aliviado. Primeiro, voltei pra casa. Segundo, que descobri também que sou mais forte do que imaginava, porque não estava preparado pra isso. Mas eu acho que eu me superei bem", declarou o empresário Osmar Pereira.

Além da bagagem, Osmar Pereira trouxe da África do Sul marcas no corpo que preferiu não mostrar. Resultado de dois dias de tortura.

"Esquentavam o ferro elétrico e me queimavam. O pior momento eu acredito que foi no segundo dia, porque, vendo a possibilidade de o dinheiro não chegar a tempo do resgate, eles iriam me matar mesmo. Só tinha duas alternativas: ou o dinheiro ou a vida. Não tinha outra alternativa".

O empresário paraense do ramo de madeiras foi sequestrado na terça-feira da semana passada por um grupo de nigerianos assim que desembarcou na África do Sul. "As pessoas que foram me pegar estavam muito bem vestidas, pessoas muito bem trajadas".

Osmar cruzou o oceano com o objetivo de vender US$ 4 milhões em portas de madeira para supostos importadores de Dubai.

"Isso começou com a câmara árabe aqui em São Paulo. Eles me deram uma relação de importadores em Dubai e no Qatar e foi através daí que aconteceu. O preço era de mercado, não tinha diferencial nenhum".

Osmar Pereira atribui a libertação a um trabalho conjunto das polícias da África do Sul e do Brasil. Disse que no primeiro dia de cativeiro, os sequestradores o deixaram ligar para um escritório da empresa dele que fica em Angola, imaginando que assim o empresário conseguiria o dinheiro exigido no resgate. Sem saber se os bandidos entendiam português, Osmar arriscou: contou aos colegas de trabalho que tinha sido sequestrado.

Alertada, a polícia localizou o cativeiro com a ajuda de outra vítima, um empresário coreano sequestrado na semana anterior.

Ainda nesta terça, Osmar embarca de São Paulo para Belém. Vai reencontrar a mulher e os filhos, depois de tirar uma lição do pesadelo que viveu na África. "Acho que mais prudência pra tudo é a palavra".

O vice-presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Hélmi Nascerê, afirmou que precisa de mais detalhes da negociação entre o empresário e os nigerianos para se pronunciar sobre o caso, mas disse que a câmara é criteriosa na seleção e na indicação de nomes de comerciantes.
 

Notícias da Copa do Mundo: Na estréia Nigéria perde para a Argentina por 1 X 0 mas o goleiro Nigeriano é o destaque da partida


Na estreia de Argentina e Nigéria na Copa do Mundo da África do sul, quem venceu foram os sul-ameircanos, mas o melhor jogador da partida foi o goleiro nigeriano Vincent Enyeama, que evitou uma goleada com belas defesas e garantiu a derrota por "apenas" 1 a 0.

Sua atuação foi até destacada no site da Fifa. Segundo a entidade, o arqueiro, que defende o Hapoel Tel-Aviv, de Israel, fez pelo menos seis grandes defesas, quatro delas de chutes do craque Lionel Messi.

"Eu assisti aos jogos do Messi no Campeonato Espanhol, além de ter algumas informações para a partida. Seria o meu melhor desempenho contra o melhor jogador do mundo. De agora em diante você não pode tirar isso de mim. Foi o melhor jogo da minha carreira", comemorou Enyeama, que não teve culpa no único gol da partida, uma cabeçada de Heinze após cobrança de escanteio.

Seus companheiros também elogiaram sua performance. "Ele é um bom goleiro, fez três ou quatro excelentes defesas e realmente nos ajudou", disse o atacante Obafemi Martins. O jogador reconheceu a parcela de Enyeama no resultado. "Eu quero agradecer nosso goleiro hoje e nossa defesa, porque contra um grande time como a Argentina, conceder apenas um gol é um bom resultado", afirmou o meia-atacante Peter Odemwingie.

O técnico Lagerback lamentou a falta de atenção da defesa no lance do gol argentino. "Se você tiver um segundo de desconcentração atuando contra esse tipo de jogadores você será punido. E nós fomos. Não fosse por isso nós poderíamos ter conseguido pelo menos um empate", lamentou o treinador.
 
13 de junho 2010
Terra

Notícias da Copa do Mundo: Nigerianos têm visto de entrada na África do Sul negado sem justificativa

A Embaixada da África do Sul vem negando sem justificativa plausível, há cerca de duas semanas, vistos de entrada no país para nigerianos. A medida afeta diretamente torcedores que já possuem ingressos para os jogos da Nigéria na Copa do Mundo e não têm permissão para entrar no país-sede do Mundial de 2010. Segundo o jornal "The Guardian", milhares de pessoas - muitas delas com ingressos para os jogos na mão - vêm protestando na porta da embaixada sul-africana, por não receberem sequer uma justificativa para a negativa de visto, mesmo tendo cumprido todo o protocolo exigido pelas autoridades.

O embaixador da África do Sul na Nigéria, JKN Mamabolo, não foi encontrado para comentar o episódio, por estar em uma viagem internacional. A África do Sul, segundo o jornal, costuma ser muito rígida na expedição de vistos para nigerianos, que hoje são a segunda maior colônia estrangeira no país, atrás apenas dos zimbabuanos. O governo nigeriano vem mostrando preocupação pela forma como os cidadãos do país são tratados pelos órgãos do governo sul-africano no país quando solicitam vistos de entrada.

A situação forçou o governo da Nigéria a tomar uma ação retaliadora para expressar seu descontentamento pela forma como os nigerianos foram tratados. Muitos já têm pacotes comprados, com passagens aéreas e acomodação na África do Sul, que são justamente os critérios mais importantes para a obtenção dos vistos. Alguns torcedores acusam as autoridades sul-africanas de fazer pedidos de última hora com o objetivo de dificultar a apresentação de documentos que justifiquem a expedição dos vistos

Segundo informações dos consulados e embaixadas da África do Sul na Nigéria, a posse de ingressos para jogos da Nigéria, bilhetes aéreos, vouchers de hotel e comprovação de condições de se manter na África do Sul durante o período da Copa do Mundo dariam o direito a um "visto de evento", válido apenas durante a realização da Copa do Mundo. Porém, mesmo de posse de todos esses documentos, os nigerianos viram seus pedidos negados.

- Eles agora nos pedem declarações de empregadores, contra-cheques, extratos bancários e outros documentos pouco comuns de serem exigidos por autoridades consulares - reclamou um dos manifestantes, que não quis se identificar.
 
Fonte: globoesporte.com 06-06-2010

 

Notícias da Copa do Mundo: Festa para nigerianos quase vira tragédia na África do Sul

Reuben, como muitos dos nigerianos que moram na África do Sul, sentiu no domingo o impacto de não poder pagar por um ingresso para uma partida da Copa do Mundo quando foi ferido ao tentar entrar no estádio para ver a seleção do seu país de graça.

Milhares de nigerianos foram ao estádio Makhulong, nos arredores de Johanesburgo, na esperança de acompanhar o amistoso entre Nigéria e Coreia do Norte, preparatório para o Mundial, que começa na sexta-feira.

Mas Reuben, de 54 anos, acompanhado de sua mulher e de sua filha, não conseguiu ver sequer um minuto da vitória de 3 x 1 da Nigéria sobre os norte-coreanos. Antes de chegar à arquibancada, ele foi atropelado pela multidão que entrava no estádio ao saber que os ingressos eram gratuitos.

Embora a Fifa afirme que nenhum outro Mundial teve tantos ingressos disponíveis como em 2010 na África do Sul, o incidente enfatiza o fato de que o preço dos ingressos é um obstáculo para a população da África, continente mais pobre do mundo.

"Eu tentava entrar, e as pessoas começaram a me esmagar", disse Reuben, que teve um ferimento na perna, à Reuters. "Havia muitas pessoas tentando entrar, e foi aí que tudo saiu errado."

O jogo de domingo foi a única chance para muitos nigerianos verem a seleção do país, já que os chamados "tíquetes acessíveis" para as partidas da equipe contra Argentina, Coreia do Sul e Grécia estão esgotados.

"Era agora ou nunca. Não posso pagar centenas de dólares para ver a seleção. Viajei muitos quilômetros para chegar aqui, é o máximo que posso fazer", disse Chadi, um nigeriano de 35 anos, que conseguiu entrar no estádio antes de o tumulto começar.

A confusão começou durante o primeiro tempo, quando as pessoas que vivem nos arredores do estádio descobriram que imigrantes nigerianos poderiam entrar de graça no estádio com capacidade para 10 mil pessoas quando ele já estava praticamente cheio.

Cerca de 250 mil nigerianos moram na África do Sul, segundo dados não-oficiais. Algumas estimativas, no entanto, colocam esse número em mais de 400 mil, muitos deles imigrantes ilegais vivendo na pobreza.

Horas depois do incidente que deixou um policial ferido em estado grave, a Fifa divulgou comunicado em que afirma que não teve relações com a organização do amistoso de domingo.

Fonte: REUTERS 07 de junho de 2010