O problema dos requerentes de asilo da Nigéria na Suíça

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Organização Suíça de Ajuda aos Refugiados (Osar) aponta a complexidade do problema, adverte contra processos abreviados e insiste na importância de respeitar o Estado de Direito.

"Queremos atacar principalmente o problema dos nigerianos. Eles fizeram o maior número de pedidos no ano passado, quase 1,8 mil – 99,5% sem a mínima chance de poder ficar na Suíça. Eles não vêm para para cá como refugiados e sim para fazer transações ilegais", disse Alard du Bois-Reymond, o novo diretor da Secretaria Federal de Migração (SFM), ao jornal NZZ am Sonntag.

"Grande parte deles acaba cometendo pequenos delitos ou se envolve com o tráfico de drogas. Esta é uma triste realidade", acrescentou du Bois-Reymond.

Por isso, a SFM quer criar um grupo de trabalho com representantes da confederação e dos cantões, que deve propor medidas até o próximo verão europeu. "O objetivo é reduzir o tempo de trâmite dos pedidos de asilo e acelerar o regresso após uma decisão negativa.

Partido pede ação imediata

Agora é preciso "fazer o trabalho até o fim", disse Hans Fehr, deputado federal Partido do Povo Suíço (SVP), também conhecido como União Democrática de Centro (UDC), maior partido da Suíça, que há anos pede ações mais duras contra os requerentes de asilo infratores. "Trata-se de obter os documentos e determinar a identidade. Agora é preciso agir."

Não é tão simples assim, afirma a Organização Suíça de Ajuda aos Refugiados (Osar) . "Outros diretores SFM já esbarraram neste problema", diz Beat Meiner, secretário-geral da Osar, à swissinfo.ch: "Autoridades de outros países são igualmente confrontadas com ele. Se o senhor Bois-Reymond resolvesse o problema, ele seria um homem muito requisitado."

Uma ação dura "é importante e correta em determinadas situações", admite o deputado federal social-democrata Andy Tschümperlin. "Mas não se deve esquecer que cada caso leva tempo para ser julgado."

Via judicial leva tempo

Bois-Reymond quer reduzir este fator tempo. "É um fato que certos requerentes nigerianos zombam da ingenuidade dos suíços e exploram os pontos fracos do processo de asilo. Para mim está claro: somos atraentes demais como país de asilo para requerentes fraudulentos. A Suíça lhes dá tempo demais para fazer negócios escusos aqui."

Pessoas que "não têm motivo algum para proteção e ainda por cima atuam criminososamente devem voltar o mais rapidamente possível" ao seu país, diz também Meiner. "Prejudicaria muito os interesses dos refugiados se tivéssemos tal situação e a tolerássemos."

Para a Osar, no entanto, está claro que o "processo de asilo deve seguir os princípios do Estado de Direito. Deve haver também um meio jurídico para que a Justiça possa corrigir eventuais decisões errôneas das autoridades", afirma Meiner.

A maioria dos pedidos é rejeitada

"Há boas razões para fugir da Nigéria", diz Meiner. Ele lembra "a péssima situação dos direitos humanos e a grande pobreza" neste país com 150 milhões de habitantes de mais de 400 diferentes grupos étnicos. Tortura, conflitos armados e perseguições estão na ordem do dia na Nigéria.

No entanto, em 2009, a Suíça aprovou apenas um único pedido de asilo de um requerente da Nigéria. Seis pessoas que tiveram seus pedidos negados receberam autorização de permanência preliminar. A maioria dos cerca de 1,8 mil pedidos foi indeferida.

Não é a história real

Isso, segundo Meiner, tem a ver principalmente com o fato de que a maioria dos nigerianos "conta as mesmas histórias estereotipados, curtas e não credíveis" e não a sua verdadeira biografia. "Por causa dessas histórias, a rejeição dos pedidos de asilo provavelmente ocorre com razão", diz. "As organizações filantrópicas que acompanham a audiências também veem isso assim."

Segundo Meiner, as organizações humanitárias não têm uma explicação fundada para o fato de que os requerentes de asilo da Nigéria não contem sua história real. "Podemos apenas especular sobre isso. É claro que as pessoas têm de juntar muito dinheiro para a sua viagem à Europa."

Fator medo

Pode ser que eles tenham de fazer um juramento com motivação religiosa que também envolva magia, acrescenta Meiner. "Provavelmente por razões que nós não conseguimos entender, as pessoas têm medo de que, se falarem, algo de ruim possa acontecer. Por isso, elas silenciam."

Além disso, há o problema da falta de documentos, o que, no caso da rejeição do pedido de asilo na Suíça, causa problemas. Todos país de origem só aceita a devolução de refugiados se a sua identidade e, por conseguinte, a sua cidadania for comprovada.
Fonte: http://www.swissinfo.ch/por/sociedade/O_problema_dos_requerentes_de_asilo_da_Nigeria_na_Suica.html?cid=8664028

Andreas Keiser, swissinfo.ch - Adaptação: Geraldo Hoffmann

Dica de site - Futebol na Áfica

Eis aqui o link do que se diz ser o maior site sobre futebol da África :
 
O link abaixo cai na página da nigéria rs, minha favorita né!
 

France to ban full Islamic veil from public spaces

Notícia:
 
PARIS — The French government will ban Muslim women from wearing a full-face veil in public, despite a warning from experts that such a law could be unconstitutional, it announced Wednesday.

The spokesman for President Nicolas Sarkozy's government said a bill would be presented to ministers in May and would seek to ban the niqab and the burqa from streets, shops and markets and not just from public buildings.

"We're legislating for the future. Wearing a full veil is a sign of a community closing in on itself and of a rejection of our values," Luc Chatel told reporters, on leaving a cabinet meeting chaired by Sarkozy.

Last month, the State Council -- France's top administrative authority -- warned Sarkozy against a full ban on the veil, suggesting instead an order that women uncover their faces for security checks or meetings with officials.

"It appears to the State Council that a general and absolute ban on the full veil as such can have no incontestable judicial basis," it said, suggesting a full ban could be declared unconstitutional and overturned in court.

Prime Minister Francois Fillon insisted the government would go ahead anyway, taking the risk that the eventual text would be struck down by the constitutional court, because of the importance of the issue.

"If we are convinced that it's a question of human dignity we can't let ourselves be over-cautious about respecting laws that are no longer appropriate for today's society," he said.

"We have to develop the jurisprudence of the constitutional court and of the European Court of Human Rights in order to confront a new question that no-one was asking 20 years ago."

There is strong support in parliament for such a ban and the government is determined to press on with a law, which it says would affect only around 2,000 Muslim French women who currently cover their faces.

According to Chatel, Sarkozy told his cabinet the veil was an "assault on women's dignity".

Most Muslim women, in France's immigrant communities and around the world, do not wear a full veil, but the niqab, which covers the face apart from the eyes, is widely worn on the Arabian peninsular and in the Gulf states.

The burqa, a shapeless full-body cloak that covers the face with a fabric grille, is worn in some areas of Pakistan and Afghanistan.

Muslim scholars differ in their interpretation of the Koran's rules on what constitutes modest dress, and many argue veils are a cultural tradition rather than a religious obligation.

In France, the garments are widely identified with fundamentalist strains of Islam and with the repression of women in some communities, and politicians accuse radical clerics of promoting their use.

"We're not going to let this phenomenon drift," Chatel said.

France's neighbour Belgium is also preparing legislation, and could become the first European country to ban the full veil when a bill goes before parliament during a plenary session from Thursday.

In France the idea of banning the veil has won support from across the political spectrum.

Members of Sarkozy's right-wing UMP party have been pushing him to enact tough legislation, but left-wing lawmakers were also among those who welcomed the decision to draft the law.

An association set up to defend the rights of women in France's immigrant ghettos -- "Neither Whores Nor Submissives" -- hailed Sarkozy's decision as a "victory for women".

"I ask lawmakers to have the courage to back a law to protect and free women. Let's hear the voices of those who are fighting green fascism," said chairwoman Sihem Habchi, referring to the traditional colour of Islam.

Outside France, North African militants with ties to Al-Qaeda have threatened attacks on French interests if the law is passed and US President Barack Obama has made it clear he does not support Europe's moves.
 

Two veiled muslim women walk down a street in Marseille

 

Veiled women walk in a corridor of a Paris subway station

 

Women stand by a fashion stall during the annual meeting of French Muslims

 
Fonte: AFP
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Notícia:

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, ordenou hoje a elaboração de um projeto de lei com o objetivo de impedir mulheres muçulmanas de utilizarem, na rua e em outros locais públicos, tradicionais véus islâmicos que cobrem o rosto. Na tentativa de impedir o uso do véu feminino em lugares públicos, Sarkozy preferiu ignorar as recomendações de especialistas consultados pelo governo segundo os quais tal medida provavelmente seria declarada inconstitucional.

A decisão de buscar uma proibição total, e não limitada, pegou os analistas políticos de surpresa. Caso o projeto de lei vá adiante, a França se colocaria na mesma posição de países como a Bélgica, que se mobiliza para proibir totalmente o uso do véu por considerar que a cultura islâmica estaria em conflito com "valores europeus".

Sarkozy já declarou em diversas ocasiões que considera os véus islâmicos um mecanismo de opressão à mulher e que seu uso "não é bem-vindo" na França. Luc Chatel, porta-voz do governo francês, disse hoje, depois da reunião semanal de gabinete, que o presidente decidiu seguir adiante com a ideia de apresentar em maio um projeto de lei ao Parlamento com o objetivo de banir totalmente o uso da burca e de outros véus similares em público.

"Isto é um transgressão, ou até mesmo uma agressão, no que concerne à liberdade do indivíduo", denunciou Abdellatif Lemsibak, integrante da Federação Nacional de Muçulmanos da França. "Os muçulmanos têm o direito a uma manifestação ortodoxa de sua religião. Estou chocado", prosseguiu.

A França é um país secular que abriga a maior população islâmica da Europa, estimada atualmente em cerca de 5 milhões. As autoridades locais consideram o véu incoerente com a igualdade entre os gêneros ao mesmo tempo em que temem a disseminação de uma forma radical do Islã dentro de suas fronteiras.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,sarkozy-quer-elaboracao-de-lei-para-proibir-veu-islamico,541319,0.htm

Bélgica dá mais um passo na proibição do véu islâmico



 

A Câmara Baixa do Parlamento vota hoje o projecto de lei que tem como objectivo proibir o uso do véu islâmico no país.

Se a decisão for confirmada nesta sessão plenária, a Bélgica pode tornar-se o primeiro país europeu a interditar  todo o tipo de vestuário que esconda a cara, deixando apenas os olhos à vista, uma medida que, sem os nomear, se refere aos véus islâmicos totais, como a "burqa" e o "niqab".

Os promotores do projecto de lei apresentaram-no como uma medida de promoção à emancipação das mulheres e de garantia da segurança no espaço público, onde cada pessoa deve ser reconhecível.

A Human Rights Watch (HRW) e a Amnistia Internacional (AI) opuseram-se à proibição do uso de véu integral.

Aluna espanhola impedida de ir às aulas

Najwa Malha soube esta semana que dificilmente voltará a estudar com os colegas do Instituto Camilo José Cela, em Pozuelo de Alarcón, nos arredores de Madrid.

O Conselho de Escola recusou mudar o regulamento interno que a impede de ir às aulas por usar um lenço a cobrir-lhe o cabelo.
"As proibições desta ordem criam uma situação em que toda a gente sai a perder", afirmou, em comunicado, Judith Sunderland, uma investigadora da HRW. "Elas violam os direitos das mulheres que escolheram usar [o véu] e não ajudam nada as que são obrigadas a fazê-lo", acrescentou.

Também a AI apelou ao Parlamento belga para que não aprove esta lei proibitiva. Claudio Cordone, secretário-geral interino da organização, afirmou que "uma proibição geral contra usar o véu em público viola os direitos de liberdade de expressão e religião das mulheres que querem expressar as suas crenças".

"As autoridades devem garantir que as mulheres que decidam usar o véu podem fazê-lo sem coação, sem acusações e sem discriminação", acrescentou.

Na Europa, a França é o único país que proíbe o hijab nas escolas. Noutros países, como na Bélgica e na Holanda, isso depende do estabelecimento de ensino. Na Alemanha e na Áustria, os governos consideram que as alunas muçulmanas têm direito a cobrir a cabeça e que o contrário seria atentar contra a liberdade religiosa e até ilegal à luz da Constituição e da Declaração Europeia dos Direitos Humanos.
 

Bélgica vota lei que proíbe véu islâmico que cobre o rosto

HUMMM Duro golpe contra o Islamismo... será que a moda vai pegar? Vamos ver como vão reagir os países islâmicos.
 
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Notícia:
 
A Bélgica pode se tornar nesta quinta-feira o primeiro país da União Europeia a proibir o uso do véu islâmico que cubra o rosto em lugares públicos se o Parlamento nacional aprovar em sessão plenária uma proposta de lei que prevê penas de prisão para os contraventores.

A proposta legislativa já foi aprovada por unanimidade na comissão de Interior do Parlamento no dia 31 de março e proíbe os cidadãos de circular "em locais públicos com o rosto coberto ou dissimulado total ou parcialmente, de maneira que não seja identificável".

Isso inclui ruas, lojas e edifícios públicos, com exceção apenas de festividades permitidas pelas autoridades, como desfiles de carnaval, o que dá à interdição uma abrangência inédita.

Algumas cidades belgas já contam com leis locais que proíbem o uso de acessórios que cobrem o rosto do cidadão, mas a interdição se limita a escolas ou a edifícios da administração pública.

De acordo com a atual proposta, os infratores estarão sujeitos a multas de entre 82,50 e 137,50 euros e, no caso de reincidir, poderão ser detidos por entre um e sete dias.

Liberdade

Apesar de o texto não mencionar especificamente os véus islâmicos - a burca, que cobre todo o rosto, ou o niqab, que deixa apenas os olhos descobertos -, seus defensores deixaram claro que são eles os objetivos da iniciativa.

"Trata-se de uma questão de dignidade humana. O véu que cobre todo o rosto faz da mulher uma prisão ambulante. Usar uma burca em público não é compatível com uma sociedade aberta, liberal e tolerante", argumenta o relator da proposta, Daniel Bacquelaine, do partido liberal francófono MR.

Para a deputada Leen Dierick, do partido conservador flamengo CD&V, "o que está em questão não é uma redução da liberdade religiosa, mas a segurança pública e a necessidade de mostrar o rosto em público".

A proposta é criticada por associações islâmicas e de defesa dos direitos humanos, como Human Rights Watch, que considera que a lei "violaria os direitos de quem decide usar (os véus islâmicos) e não ajudaria em nada aqueles que são obrigados a fazê-lo".

"A Bélgica se juntaria ao Irã e à Arábia Saudita no seleto mas pouco invejado clube de países que prescrevem uma norma de vestimenta para os espaços públicos", disse ao diário belga Le Soir o muçulmano e estudioso Michaël Privot, que se opõe ao uso do véu facial.

Em sua opinião, "tentar liberar contra sua vontade as pessoas que escolhem se isolar ou viver à margem da sociedade é uma aberração".

Maioria

O uso dos véus islâmicos em lugares públicos também está sendo debatido pelo governo francês e causa polêmica em muitos países europeus, onde a população muçulmana vem aumentando.

A principal revista francófona da Bélgica, Le Vif, traz esta semana uma reportagem de capa de dez páginas argumentando que a população de Bruxelas poderá ser majoritariamente muçulmana em 2030.

Na falta de estimativas oficiais sobre essa evolução, o semanário cita um estudo realizado em 2008 por Olivier Servais, antropólogo da Universidade Católica de Louvain (UCL), que afirma que 33,3% do 1 milhão de habitantes da capital belga eram muçulmanos nesse ano e que, se a tendência atual de crescimento populacional for mantida, essa porcentagem deverá superar os 50% dentro de 15 ou 20 anos.

Mas de acordo com o instituto governamental belga Centro para a Igualdade de Chances, cerca de 650 mil muçulmanos vivem atualmente na Bélgica, o equivalente a 6% da população.
 

Refutando a ideia de opressão e desrespeito às mulheres muçulmanas

Encontrei esse artigo e achei bem interessante. É um estudo, com bastante referências e argumentação. Lá no site, de onde peguei, não há espaço para comentários, mas aqui no blog sim, por isso comente!
 
Hesdras Sérvulo Souto de Siqueira Campos Farias

Desde pequenas, as crianças ocidentais aprendem que o senhor do universo criou primeiramente o homem, "e formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente"(Gênese: 2, 7), para depois, de uma costela sua, criar a mulher, "Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu: e tomou um das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; e da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher: e trouxe-a a Adão" (Gênese: 2, 21 e 22). Aprendem ainda que Eva foi quem cometeu o primeiro erro quando comeu o fruto proibido e induziu Adão (o homem) a comer também: "Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu" (Gênese: 3, 6). A ideia de que a mulher foi a causadora desse "erro gravíssimo" é corroborada mais à frente com o seguinte trecho: "Então, disse o homem (Adão): A mulher (Eva) que me deste por esposa, ela me deu da árvore e eu comi"(Gênese 3, 12). Analisando bem essas passagens bíblicas, alguém pode perfeitamente indagar, porque a mulher foi à causadora dos problemas da humanidade e não o homem? Porque o homem não foi tentado, ao invés da mulher? Será que este fato levou a mulher a ser desprezada e satanizada ao longo dos séculos?

Talvez, esta seja uma forma sutil de colocar a mulher em um degrau inferior da criação humana. Ao logo dos séculos, a mulher foi sinal de mau agouro, tentação, pecado, permissividade, e houve ainda quem a associou ao demônio. Sua fragilidade, sua beleza e suas silhuetas eram para muitos uma armadilha perigosa que tinha o objetivo induzir o homem a praticar atos "pecaminosos", como a luxúria e a imoralidade. Por isso, ser mulher era estar sempre aprisionada, pulando da teia de uma aranha para as presas de uma serpente. E foram algumas religiões que mais sustentaram e divulgaram essas ideias misóginas.

A condição da Mulher será analisada nesse trabalho na perspectiva islâmica, baseando-se no que diz o Alcorão. A ideia dessa pesquisa surgiu a partir da conversão de uma aluna curso de ciências sociais da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que começou a usar roupas tipicamente islâmicas, causando inquietações e curiosidade dentro academia. Contrastando com o clima quente do nordeste - e até mesmo com a ideia defendida por Gilberto Freire, de que quanto mais quente o lugar, menos roupas deveriam ser usadas -, ela jamais deixou de usar o véu e roupas longas, por convicção e livre e espontânea vontade. Por que alguém, que outrora tinha um estilo de vida cristão-ocidental, não se incomodou em usar roupas islâmicas, e mais ainda, relevar os julgamentos pré-concebidos das demais pessoas? Tentaremos entender como isso acontece e como a mulher é vista e tratada no Islã.


1. A MULHER NAS VÁRIAS CIVILIZAÇÕES

Homens e mulheres, desde a aurora dos tempos, têm diferentes papéis, funções e responsabilidades de acordo com o ethos de cada civilização. Passeando por algumas destas, veremos qual era o local, o papel e a importância da mulher.

Entre os gregos, a mulher era totalmente desprovida de qualquer direito, inclusive o de administrar seus próprios bens, pois isso ficava a cargo do marido, que também tinha o direito de vendê-la se assim desejasse. Alguns homens chegavam a ter medo das mulheres, acreditavam que elas eram obra do satanás.

Para os antigos indianos, era comum a mulher ser servida como oferenda. Isso acontecia com os adoradores das árvores, quando queriam agradar sua deusa, ofereciam uma moça. Nas diversas crenças existentes na Índia, todas têm em comum o desprezo e a humilhação das mulheres.

Entre os antigos romanos, os homens sempre esperavam que suas esposas tivessem um filho, quando ocorria de nascer uma filha, caso não fosse desejada pelo pai, poderia ser deixada em praça pública para morrer. Caso fosse criada, quando chegasse à mocidade, ficava obrigada a permanecer sob autoridade do chefe da família até se casar.

Para os antigos judeus, era comum a mulher sempre se casar com alguém da sua tribo. Caso ela se casasse com alguém de uma tribo diferente, não poderia levar sua herança, provavelmente para evitar o enriquecimento da outra tribo. Segundo a Torá, a mulher foi quem pecou primeiro ao comer o fruto proibido, "E vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela" (Gênese. 3: 6). E mais à frente mostra que Adão não teve culpa alguma, "Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi" (Gênese 3:12). Portanto, mais uma vez a mulher foi a causadora dos problemas da humanidade.

Para os primeiros cristãos, a figura da mulher também era associada ao pecado e ao satanás. Santo Teotônio chegou certa vez a dizer: "A mulher é uma porta através do qual o satanás penetra na alma do ser humano, é destruidora das leis de Deus e prejudicadora da imagem de Deus". Assim como Teotônio, Santo Agostinho também reproduziu um discurso misógino ao dizer: "A mulher é um mal indispensável, um problema desejado e representa perigo contra a família e o lar. Ela é amada perigosa e uma calamidade camuflada." (WAHDAN, s/d. p. 21 à 22)

No século V, durante o Concílio de Macon, discutiu-se se a mulher era um corpo provido ou desprovido de alma. E a conclusão à qual a Igreja chegou foi que a mulher não tem uma alma livre do inferno, com exceção de Maria, mãe de Jesus. (CUNHA, 1995)

Segundo Mustafá Assibá'i, em 586 d.C, em um congresso na França, chegou-se a cogitar a possibilidade de a mulher não ser humana, mas acabaram concluindo que ela foi criada apenas para servir ao homem. (1)

Outro evento curioso aconteceu na Rússia Czarista, por volta de 1790. Na época havia um ditado que dizia: "Assim como uma galinha não é um pássaro; a mulher não é um ser humano". (ROSA. s/d)

Na Arábia pré-islâmica não era diferente das outras culturas. O desprezo, a humilhação e o desrespeito eram rotinas para a mulher. Muitas vezes, quando nascia uma menina, com medo de que ela fosse sequestrada por tribos inimigas ou que pudesse, no futuro, fazer algo que desonrasse a família, os pais a enterravam viva. No Iêmem e em Yatrib (atual Medina), era de costume a mulher fazer parte da herança, podendo inclusive, ser herdada por duas pessoas. E cabia a ambos o destino dela. Tanto podia casar-se com o filho do falecido como comprar sua liberdade, caso tivesse condições suficientes para isso. A mulher era tida literalmente como um objeto. Este sistema só acabou com a revelação do Islã, que passou a proibir o procedimento, como explica o Alcorão (Surata: 4.19): "Ó vós que credes! Não vos é lícito herdara às mulheres, contra a vontade delas. E não as impeçais de se casarem de novo (...)"



2. A MULHER E O ISLAMISMO:

A condição da mulher é hoje muito discutida em congressos e fóruns mundiais que têm a mulher como eixo central dos debates. O ocidente costuma dirigir muitas críticas ao Islã por tratar, na sua visão, a mulher com desrespeito e humilhação. Quem faz tais afirmativas desconhece por completo o islamismo. Poucas pessoas sabem, por exemplo, que o primeiro muçulmano, foi uma mulher, Khadija, esposa do Profeta Muhammad (chamado de Maomé nas línguas latinas). Ela foi a primeira pessoa a quem o Profeta falou da Revelação e foi quem o apoiou nos momentos mais difíceis, incentivando-o nas pregações ao povo. Portanto, Khadija foi a primeira pessoa a aceitar o Islã. (ABD'ALLAH. 1989).

O Alcorão, livro Sagrado do Islã, assegura uma série de direitos às mulheres, direitos que outrora inexistiam, em qualquer que fosse a sociedade ou religião. Inclusive, alguns direitos, apenas ela possui, refutando a ideia de que a mulher é desprovida de direitos que assegurem sua dignidade no islamismo. O livro ainda reserva uma Surata, mais precisamente a quarta, inteira só para a mulher, a chamada Suratu An-Nissá (A sura das mulheres). Para facilitar uma melhor compreensão, o texto será separado em três âmbitos: social, econômico e espiritual.

2.1 A mulher no contexto social:

A vida
O primeiro e fundamental direito de qualquer ser humano é o direito à vida, e o Alcorão assegura esse direito:

"...Quem mata uma pessoa, sem que esta haja matado outra ou semeado corrupção na terra, será como se matasse todos os homens. E quem lhe dá a vida será como se desse a vida a todos os homens..." (Surata 5:32)

A proteção e a reputação
Era costume de alguns homens, quando não queriam mais suas mulheres, caluniarem e difamarem sua honra, causando severas punições a elas. O Alcorão tem uma lei que proteje a mulher desses incidentes:

"E aos que acusam de adultério as castas mulheres, em seguida, não fazem vir quatro testemunhas, acoitai-os com oitenta açoites, e, jamais, lhes aceiteis testemunho algum; e esses são os perversos." Surata (24:4)

O trabalho
Dentre os vários argumentos que os detratores do Islã usam está o de dizer que a mulher muçulmana não pode trabalhar. O Islã diz que o homem é quem tem obrigação de cuidar e prover uma família, mas isso não impede que a mulher trabalhe, desde que seu trabalho não a impeça de cuidar da família e da educação dos filhos. Isso porque ela é a fonte de alegria, de carinho e dos bons valores. O trabalho dignifica o ser humano, independendo do sexo, e o Islã é uma religião que incentiva o trabalho e a instrução. Na história do Islã houve grandes mulheres que trabalharam, como Khadija, primeira esposa do Profeta, era uma grande comerciante na Arábia. Zaynad, outra esposa do Profeta, era uma grande artesã, além da senhora Rafida al Asslamia, que dedicou a vida a cuidar dos doentes e feridos na Mesquita do Profeta. Contam que na época do califa Omar Ibn al Khattab, a fiscalizadora geral do mercado era Axiffá, uma sábia mulher. Portanto, dizer que a mulher no Islã é proibida de trabalhar é um embuste. (WAHDANI, s/d).

A educação
No mundo islâmico, a educação também é assegurada a todos, homens e mulheres, além de ser gratuita, como a saúde. Ambas são de boa qualidade. Esse hadice (2) deixa isso claro: "Buscar o conhecimento é um dever de todo muçulmano e muçulmana (3)". Contam que Aisha era especialista em leis que tratavam de herança e sobre o que era lícito e Ilícito. Ela foi muito mencionada por diversos juristas por ter convivido bastante com o Profeta Muhammad. Chegaram até a dizer que ela era a mais eloquente dos árabes. (WAHDANI, s/d). A educação sempre foi prioridade no mundo islâmico. O Profeta costumava dizer: "Buscai o conhecimento até na china" e ainda "Procurem a sabedoria do berço até túmulo."

O direito de falar e ser ouvida:
Durante séculos a mulher foi proibida de opinar sobre qualquer assunto, sua opinião era jamais consultada e sua voz jamais ouvida. E isso aconteceu até alguns poucos anos atrás. O Islã deu liberdade de expressão às mulheres, sobre qualquer assunto que desejassem opinar. O próprio Profeta consultava sua esposa Khadija sobre tudo e sempre seguia seus conselhos e ficava alegre ao ouvi-los.

O direito de escolher seu marido:
Apesar disto ter sido incomum em muitas culturas, inclusive na Arábia pré-islâmica, o Islã proibiu categoricamente que a mulher fosse forçada a casar-se sem o seu consentimento. Ninguém poderia forçá-la, fosse o pai, o irmão ou o tutor. Percebemos o zelo que o Profeta Muhammad tinha com as mulheres quando disse (4):

"Quanto mais cívico e amistoso for um Muçulmano para com a sua esposa mais perfeita é a sua fé." (Hadice compilado por Tirmidhi).

"Os crentes mais perfeitos são os melhores em conduta, e os melhores de entre vós são aqueles que são melhores para as suas esposas." (Ibn Hanbal).

"É o generoso (em caráter) aquele que é bom para as mulheres, e é fraco aquele que as insulta".

Para o Profeta, a mulher não é "um instrumento do demônio", mas, sim, uma "Muhsanah", ou seja, uma fortaleza contra satanás.

Isonomia na lei entre homens e mulheres:

A lei islâmica não faz distinção entre homens e mulheres, ao contrário do acreditam algumas pessoas. Veremos o que o Alcorão diz sobre o adultério, o roubo e o assassinato:

"À adúltera e ao adúltero (5), açoitai a cada um deles com cem açoites. E que não vos tome compaixão alguma por eles, no cumprimento do juízo de Allah, se credes em Allah e no Derradeiro Dia. E um grupo de crentes testemunhe o castigo de ambos". (Surata: 24:2)

"E ao ladrão e à ladra, cortai-lhes a ambos, a mão, como castigo do que cometeram, e como exemplar tormento de Allah. E Allah é Todo-Poderoso, Sábio" (Surata: 5:38)

"Ó vós que credes! está-vos preceituado o talião para o homicídio: livre por livre, escravo por escravo, mulher por mulher. Mas, se o irmão do morto perdoar o assassino, devereis indenizá-lo espontânea e voluntariamente. Isso é uma mitigação e misericórdia de vosso Senhor. Mas quem vingar-se, depois disso, sofrerá um doloroso castigo". (Surata: 2:178)

Depois destes versículos, fica claro que não existe privilégio para o homem, a lei é aplicada a quem a transgride, independentemente da condição social, da cor ou do gênero.


2.2 A mulher no contexto econômico:

Herança
Se a mulher era desprovida do direito, inclusive, de se expressar, nem se cogitava a possibilidade dela possuir algum bem. O direito de herança foi assegurado à mulher pelo Islã, pois era de costume deixá-las despossuídas, sempre dependendo de maridos, filhos ou irmãos.

''Aos filhos varões corresponde uma parte do que tenham deixado os seus pais e parentes. Às mulheres também correspondem uma parte do que tenham deixado os pais e parentes, quer seja exígua ou vasta, uma quantia obrigatória" (Surata: 4:7)

"Allah recomenda-vos, acerca da herança de vossos filhos: ao homem cota igual à de duas mulheres. Então se foram mulheres, duas ou acima de duas, terão dois terços do que deixa o falecido. E, se for uma, terá a metade.(...)" (Surata 4:11)


O Mahr (Dote):
É costume entre homens muçulmanos presentearem suas futuras esposas com o mahr, que equivaleria a uma espécie de dote. Na verdade, o mahr é um presente matrimonial, incluído no contrato nupcial e intransferível, pertencendo somente à esposa e não aos pais ou tutores como acontecia na Europa, na Índia e na Arábia pré-islâmica.

"E Concedei às mulheres, no casamento, seu mahr, como dádiva. E, se elas vos cedem, voluntariamente, algo destas, desfrutai-o, com deleite e proveito" (Surata: 4:4)

O Direito de Trabalhar:
Não existe nenhuma regra no Islã que proíba a mulher de trabalhar, sempre que houver necessidade. Na sociedade muçulmana a mulher tem um papel extremamente essencial, o de mãe e de educadora dos filhos. Ela é a fonte de exemplos e boas maneiras. O Islã ensina também a divisão do trabalho, para que trabalhos mais pesados, insalubres e fora de casa fiquem a cargo dos homens. É bom frisar que o trabalho da mulher não deve violar sua natureza pura e casta.

Se por longos anos, os teóricos religiosos sustentaram a ideia de que a mulher (Eva) trouxe o inferno para a terra, no Islã ela (a mulher) abriu as portas para se chegar ao paraíso. Segundo o Profeta Muhammad: "O Céu encontra-se sob os pés da tua mãe" (7).


2.3 A mulher no contexto espiritual

A Mulher, criação divina e possuidora de alma.
Nas tradições islâmicas, Maria, mãe de Jesus, é muito respeitada e citada várias vezes no Alcorão. Para os Muçulmanos, ela é um exemplo de mulher a ser seguida, sendo referência de idoneidade e pureza. Por suas qualidades foi escolhida por Deus para dar à luz Jesus, um dos mensageiros de Deus, "e lembra-lhes, Muhammad, de quando os anjos disseram: 'Ó Maria! Por certo, Allah te escolheu e te purificou, e te escolheu sobre as mulheres dos mundos" (Surata: 3, 42). Outro fato interessante é a existência de uma Surata no Alcorão intitulada de Suratu Maryam (A Sura de Maria).

O Alcorão cita ainda uma série de mulheres exemplares que se sobressaíram em diversas atividades, tanto em atividades profanas como religiosas, como é o caso da mãe do Profeta Moisés e das duas esposas de Abraão. (WAHDAN, s/d)

A mulher não é culpada:
Algumas culturas e escrituras religiosas condenaram Eva a uma pena demasiadamente longa e degradante. O Alcorão nos mostra que, diferentemente da Bíblia, Deus fala com Adão e não com Eva: "E Satã sussurrou-lhe perfídias. Disse: 'Ó Adão! Queres que te indique a árvore da eternidade e um reino, que jamais perecerá?" e mais adiante, "Então, dela ambos comeram..." (Surata 20: 120 e 121). Portanto, para o Islã, a culpa foi dos dois, que desobedeceram as ordens divinas, todavia se arrependeram, como mostra a Surata 7 versículo 23 "Disseram: 'Senhor nosso! Fomos injustos com nós mesmos e, se não nos perdoares e não tiveres misericórdia de nós, estaremos, em verdade, dentre os perdedores".

Assim sendo, para o Islã, Eva (a mulher) nunca foi culpada da queda do paraíso. A mulher não pode pagar por um erro que ela não cometeu, pelo menos, para os muçulmanos.

3. A INDUMENTÁRIA ISLÂMICA NOS DIAS ATUAIS:

As roupas costumam conter vários significados para diferentes povos. Em qualquer cidade ou país, a roupa representará grupos ou categorias. Ela fala bastante sobre nós, sobre como pensamos, nossos conceitos e até nossas posturas políticas. É comum as pessoas começarem a adotar um determinado tipo de roupa inspirado em seus ídolos ou líderes. Mohandas Gandhi, o grande líder do povo indiano, ao começar a usar a túnica branca, produzida manualmente por ele para boicotar as roupas inglesas, tanto inspirou as pessoas a fazerem o mesmo, como também fez com que elas adotassem uma postura política contrária ao domínio ocidental inglês. Também na Índia, o líder dos muçulmanos, M. A. Jinnah, fez o mesmo, ao deixar de lado os trajes ocidentais e usar roupas islâmicas, que representavam sua cultura, sua religião e sua postura diante do domínio inglês.

Durante alguns séculos, o véu foi sinônimo de sensualidade, de erotismo e de charme, pois remetia a ideia dos haréns do oriente, tão famosos nas Mil e Uma Noites. E esta imagem do oriente foi até bem pouco tempo cultuada. Hoje, quando as pessoas vêem uma mulher de véu, inevitavelmente associam à "opressão" sofrida pela mulher muçulmana (8).

A imagem de mulheres usando longos vestidos pretos e de rostos cobertos, sem poder andar sozinhas pela rua, sem voz e sem direitos, representa, hoje, a prática do Islã para o ocidente. A burca tornou-se até um símbolo da repressão, da submissão e do "atraso". O que acontece com a mulher no Afeganistão, como também em algumas regiões do Paquistão, sobre a forma de se vestir, não tem embasamento islâmico, se considerarmos que o Alcorão não manda a mulher cobrir o rosto.

As vestimentas femininas são explicadas na Surata 24, versículos 31, onde é recomendada que a mulher deva cobrir o pescoço, o colo, os braços e os tornozelos.

O uso do hijab (véu), e de outros trajes islâmicos, são muitas vezes uma vontade da mulher afirmar sua identidade cultural, de se reconhecer como muçulmana, e de seguir os preceitos de sua religião. Não são raros, mulheres que fazem questão de usar o véu por iniciativa própria.

Os exegetas muçulmanos defendem que o hijab, como as outras roupas femininas islâmicas, valoriza as qualidades intelectuais e morais das mulheres, evitando que os homens as olhem apenas com interesses carnais. Numa sociedade hedonista como a nossa, onde o corpo é mais cultuado do que o espírito, onde os valores morais quase que inexistem, onde, a priori, observam-se as mulheres como objeto de consumo, não é de se achar incomum pessoas construindo discursos islamofóbicos em defesa das mulheres, mas que, na verdade, as próprias muçulmanas rejeitam esta pseudo-defesa.

O uso da indumentária islâmica, assim como qualquer outro tipo de roupa que a mulher deseje usar, cabe apenas a ela decidir, independentemente de ser uma roupa que remeta a uma religião, ninguém tem o direito de criticar. Pois, em países onde mulheres são vendidas como prostitutas, precisam trabalhar seminuas em alguns empregos ou se prostituem apenas para acumular capital, não pode ditar normas de conduta moral ou de moda para sociedade nenhuma.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Pesquisar sobre a mulher é uma difícil tarefa, mais ainda, quando ela está inserida dentro de um contexto religioso. E quando partimos para analisar uma religião ou alguém ligado a ela, devemos sempre contextualizar a situação, pensar e nos pôr no lugar do outro, para tentar entender as formas de comportamento, de hábito e costumes.

As pessoas que acreditam que exista uma imposição, uma intolerância e um desrespeito do Islã para com as mulheres muçulmanas, pouco conhece desta religião. Acreditar também que existe uma aceitação total, por parte das mulheres, da indumentária islâmica, é ingenuidade, pois ninguém nunca está satisfeito por completo, seja com a roupa, com o corpo ou com a sociedade. O que não podemos é fazer generalizações, tirar conclusões precipitadas pelo que comumente vemos na televisão e nos jornais, principalmente os ocidentais que, muitas vezes, têm interesses embutidos em suas reportagens.

Se as mulheres muçulmanas estão insatisfeitas com algo, se é que estão, depois do que lemos nesse trabalho, cabe a elas buscarem as soluções. E mais, estas soluções devem ser encontradas no bojo de sua cultura, não podem e nem devem ser importada de outras culturas.

Entender o outro não é fácil, e talvez nem agradável, mas é preciso conhecer o "exótico", conhecendo o outro estaremos também nos conhecendo. O conhecimento liberta, é esclarecedor, só ele tira o homem das trevas da ignorância. Portanto, deve ser buscado até na China, como sabiamente falava o Profeta do Islã.


NOTAS

1) Mustafá Assibá'i. "Al Mar-á Bain Al Fiquih wal Kanum" (A Mulher Entre A Jurisprudência E O Código) Pág 20, Al Mactab Al Isslami. Beirute – Líbano.

2) O termo significa os ditos, a ações e exemplos do Profeta Muhammad.

3) Hadice compilado por Ibn Mája.

4) http://www.islam.org.br/a_mulher_no_islam.htm

5) Trata-se do adultério cometido entre pessoas não comprometidas pelo casamento, já que, o adultério cometido após este, é punido com apedrejamento.

6) O Islã concede ao homem, na herança, o dobro que à mulher partindo do pressuposto de que o homem é quem tem quer arcar com as despesas da casa, da família e dos filhos, além do mais a mulher, quando casa, recebe o mahr, (um dote), então no fim das contas, ela acaba ganhando mais que o homem.

7) http://www.islam.org.br

8) http://www.bocc.ubi.pt - (Modernidade e Indumentária: As Mulheres Muçulmanas). Maria Johanna Schouten. Universidade da Beira Interior.

9)Termo relativamente novo que designa ódio ao muçulmano e aversão e ao islamismo

REFEÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS:

ABD'ALLAH, Ali. Islam: A Síntese do Monoteísmo. Ed Recife. Centro Cultural Islâmico. 1989.
ALCORÃO – Tradução do Sentido do Nobre Alcorão para a Língua Portuguesa. Complexo de Impressão do Rei Fahd. Medina. Arábia Saudita. 1430/2009
ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada: Traduzida em Português, Revista e Atualizada no Brasil. 2ª Ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
ARMSTRONG, Karen – A Biografia do Profeta Maomé. SP: Cia das letras, 2001.
___________________ - Uma História de Deus. SP: Cia das letras, 2001.
___________________ - O Islã. Rio de Janeiro. Objetiva, 2001.
ASSIBÁ'I, Mustafá. "Al Mar-a Bain Al fiquih wal Kanum" (A Mulher Entre a Jurisprudência e o Código). Al Mactab al Isslami – Beirute – Damasco. s/d. s/e
BASTOS, José Gabriel Pereira e Susana Pereira Bastos. Portugal Multicultural: Situações e Estratégias Identitárias das Minorias Étnicas. Lisboa. Fim de Século. 1999.
CUNHA, Elaine Romero(org.), Corpo, Mulher e Sociedade, Editora Papirus, Campinas, 1995.
EL HAYEK, Samir. Compreenda o Islã e os Muçulmanos. Centro de Divulgação do Islam para América Latina. 2002.
HADDAD, Jamil Almansur. O que é Islamismo. São Paulo: Brasiliense, 2000.
QUTUB, Mohammad. Islam – Uma Religião Mal Compreendida. Trad: Prof. Samir El Hayek. Centro de Divulgação do Islam para América Latina. São Paulo. 1990
ROSA, Ubiratan (org), Enciclopédia do Conhecimento Sexual, Editorial Amadio, São Paulo, s.d.
SAID, Sheikh Mabrouk El Sawy. Os Pilares da Fé na religião Islâmica. Recife. 3º edição. 2009.
SILVA, Maria Cardeira da. Um Islã Prático: O quotidiano feminino em meio popular muçulmano. Oieras: Celta. 1999
WAHDAN, Cheikh Hussein. A Mulher Entre as Civilizações. Tradução: Prof. Samir El Hayek. s/d. s/e.


SITES VISITADOS:

ACADEMIA ISLÂMICA – http://www.academiaislamica.org.br. -Acesso: 18/11/2009
BRASIL DAS ARÁBIAS - http://www.brasildasarabias.com.br - Acesso: 18/11/2009
COMUNIDADE MUÇULMANA DE FOZ DO IGUAÇÚ - http://www.islam.org.br - Acesso: 18/11/2009
HISTÓRIA ISLÂMICA - http://www.historiaislamica.org – 22/11/2009
INSTITUTO DA CULTURA ÁRABE - http://www.icarabe.org – 22/11/2009
SOCIEDADE BENEFICENTE MUÇULMANA DO RIO DE JANEIRO – http://www.smbrj.com.br – 22/11/2009
 
Hesdras Sérvulo Souto de Siqueira Campos Farias é graduando em ciências sociais pela Universidade Federal Rural de Pernambuco / Departamento de Letras e Ciências Humanas / Cátedra Ibn Arabi. Email: hesdrassouto@hotmail.com
 
 

Confira a sinopse dos 6 documentáriios de temática árabe que participaram da 15ª edição do Festival É Tudo Verdade

A 15ª edição do Festival É Tudo Verdade, terminou no último dia 18 de abril.
71 documentários, vindos de 27 países foram exibidos, entre as produções estão seis que tratam de temáticas relacionadas ao mundo árabe. Veja abaixo as sinopses e quando tiver a oportunidade não perca.
 
Budrus

JULIA BACHA
EUA, PALESTINA, ISRAEL / USA, PALESTINE, ISRAEL

Vilarejo na fronteira entre a Cisjordânia e Israel, Budrus ocupou as manchetes em 2003, quando foi palco de um inusitado protesto não-violento. O motivo foi o anúncio da construção de um muro pelos israelenses que destruiria oliveiras histórica e economicamente importantes. À frente do movimento estava Ayed Morrar, cuja liderança comunitária e pacifista uniu em torno da causa facções palestinas rivais, como a Fatah e o Hamas, e judeus progressistas. Também importante para a mobilização foi Iltezam, a filha de Morrar, que conseguiu uma adesão maciça de mulheres. Ouvindo todos os lados envolvidos, a diretora brasileira de origem libanesa, Julia Bacha, monta um amplo painel de uma situação explosiva no Oriente Médio que encontrou solução por via pacífica.
Min wa Tablo
(Mine & Tablou 2)

HOSSEIN JEHANI
IRAQUE, AUSTRÁLIA / IRAQ, AUSTRALIA

Artista famoso, o iraquiano de origem curda Sarwet Sawz por muito tempo teve de trabalhar desativando bombas para sobreviver. O tempo reduzido das noites, que ele dedicava à pintura, devia ser dividido também entre seus filhos, que ficavam acordados esperando-o. O filme aproveita trechos de um primeiro documentário, feito em 2002, e homenageia Sawz, que morreu num acidente de automóvel.
American Radical: The Trials of Norman Finkelstein
(Americano Radical: As Provações de Norman Finkelstein)

NICOLAS ROSSIER, DAVID RIDGEN
EUA / USA

Filho de sobreviventes de campos de concentração e crítico feroz da política israelense no Oriente Médio, o cientista político e professor norte-americano Norman Finkelstein tem-se mantido, ao longo de sua vida, no centro de acirradas controvérsias. Autor de livros como "A Indústria do Holocausto" e "Imagem e realidade do conflito Israel-Palestina", Finkelstein é tido como lunático ou "uma fraude" por alguns – como o linguista Noam Chomsky e o advogado Alan Dershowitz - e visionário por outros. Suas posições tem-lhe custado um preço, como seu afastamento, em 2007, da De Paul University, onde lecionou como professor-assistente por seis anos. Este filme procura contribuir para uma maior clareza neste debate em torno de uma figura sempre no foco da mídia.
Mamma Habibti
(Mamãe Querida)

BOUTHEYNA BOUSLAMA
SUÍÇA / SWITZERLAND

Depois de ter sua entrada recusada na Romênia por possuir um passaporte árabe, uma jovem mulher, artista e divorciada, finalmente consegue entrar naquele país. Em cartas que escreve à sua mãe, ela revela seu sentimento de humilhação e procura pacificar seus conflitos internos, em busca de uma nova identidade e situação, superando as diferenças culturais e geopolíticas.
 
Stolen
(Roubados)

DAN FALLSHAW, VIOLETA AYALA
AUSTRÁLIA / AUSTRALIA

No momento em que procuram realizar um filme sobre a reunião de famílias dispersas por guerras, organizada pela ONU entre os refugiados do território do Saara Ocidental, há três décadas disputado pelo Marrocos e a Frente Polisário, os cineastas Violeta Ayala e Dan Fallshaw descobrem-se repentinamente no centro de um turbilhão. Depois que os relatos dos saaráuis negros comprovam a persistência de relações de escravidão deles em relação aos árabes, em pleno século XXI e debaixo do nariz da ONU, os diretores passam a correr enormes riscos. Neste terreno minado pelo entrechoque feroz de vários interesses, eles têm de recorrer a um mirabolante esquema para salvar não só os preciosos rolos de seu filme, como sua própria vida.
 
The City of the Dead
(A Cidade dos Mortos)

SÉRGIO TREFAUT
PORTUGAL / PORTUGAL

Em torno das tumbas do cemitério El Arafa, no Cairo, surgiu uma verdadeira cidade, de um milhão de habitantes. Numa convivência estreita e inusitada, mercados, casas, padarias, escolas infantis, oficinas mecânicas e outros estabelecimentos espalharam o burburinho da vida cotidiana entre os túmulos, nesta que é conhecida como "Cidade dos Mortos". Pelas ruas, pastores conduzem seus rebanhos de cabras, não raro cruzando-se com os cortejos fúnebres que, como é de esperar, são frequentes ali. Uma população pobre leva adiante sua luta pela sobrevivência naquele território em que, em princípio, previa-se somente o descanso eterno.
 
Fonte: É Tudo Verdade

Orquestra egípcia se apresenta no Brasil

terça-feira, 20 de abril de 2010

São Paulo – A Orquestra Folclórica de Abu Ghid, do Egito, fará um show nesta quarta-feira (21) na cidade de São Paulo. O grupo toca e canta músicas folclóricas egípcias e religiosas sufi islâmicas e fará uma única apresentação no Brasil. Essa é, aliás, a primeira vez que a orquestra se apresenta na América Latina, de acordo com Douglas Felis, integrante do grupo. "É uma primeira braçada para alcançar a beira da praia", brinca Felis, explicando que a orquestra tem intenção de voltar ao Brasil para uma turnê maior por várias cidades.

Divulgação Divulgação

Felis toca percussão na orquestra egípcia

Apesar de a música apresentada ser folclórica e religiosa, de domínio popular, há arranjos próprios do grupo. A Orquestra Folclórica de Abu Ghid tem 15 integrantes, mas apenas cinco vão estar no show em São Paulo. Além de Felis, que é da percussionista, participam Hossam Shaker, que toca qanum, uma tipo de harpa de madeira, Atef Metkal Kenawy, da percussão, Refat Farhat, flautista, e Mohamed El Sayed, que dança. Eles se apresentam com roupa folclórica egípcia chamada galabeia.

O grupo existe há dez anos, conta Felis, e o seu nome – Abu Ghid – é referência a uma aldeia egípcia, de onde são alguns dos integrantes. A maioria das músicas tocadas é apenas instrumental. Algumas, porém, são cantadas em árabe egípcio, que é o dialeto local do país árabe e africano. Felis acredita que no Brasil, assim como nas demais apresentações do grupo, o espetáculo vai atrair todo tipo de público, principalmente interessados em música oriental.

"É uma música nova para o Brasil. Mas o Brasil tem muita relação com o Egito, com a África, com todos os países", diz. Ele afirma que se as músicas européia e norte-americana fazem sucesso no Brasil, não vê motivos para que não ocorra o mesmo com a música egípcia. De acordo com informações divulgadas pelo Centro de Estudos Universais (AUM), que promove o espetáculo, o show é uma festa de músicas populares do Nilo, ritmos ciganos de Luxor, flautas tradicionais místicas e cantigas do Egito Antigo.

O Centro de Estudos Universais é uma associação civil sem fins lucrativos que tem como principal objetivo estudar, valorizar e difundir manifestações étnicas e culturais do Brasil e do mundo. A apresentação da orquestra egípcia acontece dentro do projeto Dançando pela Paz que tem por meta promover a paz por meio de danças e músicas étnicas mundiais.

Serviço:
Show Orquestra Folclórica de Abu Ghid
Data: 21 de abril de 2010, às 21 horas
Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia entrada)
Local: Teatro Anhembi Morumbi, na rua Dr. Almeida Lima, 1.134 – Brás – SP
Informações: dancandopelapaz@ceuaum.org.br ou (11) 38473584
 

Curitiba oferece curso de caligrafia árabe

São Paulo – O público paranaense interessado em caligrafia árabe vai poder aproveitar o curso oferecido pela Gibiteca Municipal de Curitiba entre os dias 27 de abril e 03 de agosto.

Divulgação Divulgação

Helaihel vai ensinar caligrafia árabe aos paranaenses

Durante esse período, toda terça-feira o calígrafo e artista plástico libanês Moafak Dib Helaihel ensinará o histórico da caligrafia árabe e do desenho, com técnicas e execução de trabalhos no estilo rukaa.

Helaihel mora no Paraná há cerca de 30 anos e já participou de exposições no Brasil, Arábia Saudita, Líbano, Síria e Kuwait.

Em seu site, o artista destaca que esteve recentemente no Centro de Caligrafia Árabe e Artes Ornamentais dos Emirados Árabes Unidos, aperfeiçoando suas técnicas. Ele relata que, durante esse período, manteve contato constante com alguns dos maiores nomes da caligrafia árabe contemporânea, como Farouk Haddad e Hassan Jaldi.

As inscrições já estão abertas e podem ser feitas na própria Gibiteca, de segunda à sexta-feira, das 09 às 12 horas e das 14 horas às 18h30; e aos sábados, das 14 às 19 horas.

Serviço

Curso de Caligrafia Árabe
De 27 de abril a 03 de agosto, às terças-feiras, das 14 às 16 horas
Local: Gibiteca de Curitiba – End.: Solar do Barão – Rua Carlos Cavalcanti, 533 – Centro
Inscrições: de segunda à sexta-feira, das 09 às 12 horas e das 14 horas às 18h30; e aos sábados, das 14 às 19 horas
Preço: R$ 220 à vista ou em dois pagamentos de R$ 110, com cheque pré-datado
Tel.: (41) 3321-3250

Os jardins de um tunisiano

São Paulo – O tunisiano Jean Paul Ganem é paisagista, artista plástico e sonhador. Ele sonha com um mundo melhor e mais colorido. Após trabalhar e viajar muito por aí, ele desenvolveu o conceito de Landscape Art, no qual modifica a paisagem de um local para construir uma obra de arte utilizando técnicas de jardinagem. Já fez mais de 50 trabalhos de intervenções rurais e urbanas em diversas regiões da França e do Canadá. Agora chegou a vez do Brasil, país que ele conhece há vinte anos. O artista "jardineiro" quer transformar a antiga favela Aldeinha em parque e espaço para apresentações artísticas. (Veja vídeo sobre o projeto abaixo da matéria)

Divulgação Divulgação

O artista transforma a paisagem projetando um jardim colorido, com muitas formas geométricas, composto por flores e plantas



A iniciativa, que é levada adiante pela equipe da produtora Brazimage, é reproduzir com flores e grama a planta arquitetônica do local que já abrigou a favela. Os cerca de 17 mil metros quadrados ficam na zona oeste de São Paulo, na Marginal Tietê, na altura da Ponte Julio de Mesquita Neto. As mais de 500 famílias que ocupavam o local foram transferidas para outros bairros, como Itaim Paulista e Água Branca, o que já estava previsto antes da concepção do projeto.

Os jardins farão referência aos antigos moradores do local. As casinhas e caminhos serão redesenhados com plantas e flores permitindo uma releitura do antigo ambiente e o debate por meio da arte. "Meu trabalho é mais um olho da vida. Uma maneira de pensar a vida. O artista tem que pensar no momento e deixar uma semente transformadora na cabeça das pessoas", afirma Ganem. "Eu faço o esqueleto. O músculo, a força será feita pelo resto do grupo", destaca.

Os próprios moradores da região e ex-moradores da favela vão manter a obra. Para isso, eles irão participar de oficinas de capacitação profissional em costura, jardinagem e marcenaria nos meses de julho e agosto. "A beleza do trabalho das pessoas está em alterar o ambiente no qual elas estão instaladas. Olhar para um lugar no qual, antes, existia algo totalmente contaminado e devastado e ver algo bonito funciona como agente transformador. Só isso já muda a auto-estima, a questão cultural e a percepção social daquelas pessoas", explica.

"Estamos preocupados com a parte humana do projeto. Se pudermos mudar a vida de algumas pessoas já estaremos felizes. A formação das pessoas é a chave do mundo real", completa.
Geovana Pagel/ANBA Geovana Pagel/ANBA

Ganem utiliza técnicas de jardinagem para construir uma obra de arte



Em parceria com a Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo e o Serviço Social do Comércio (Sesc), o espaço prevê uma intensa programação com música, circo, teatro de rua e dança. O local terá espaço para exposições e várias manifestações artísticas de rua, como grafite, além de espaço para piquenique, pista de skate e área de jogos educativos para crianças.

De acordo com o artista, parte da estrutura física do parque será feita com material reciclado, como uma marquise de papelão e verniz com teto de tubos de creme dental, que será construída pelo artista brasileiro Nido Campolongo.

Herança árabe

Jean Paul Ganem nasceu na Tunísia, mas migrou com os pais e o irmão para a França com apenas oito meses de idade. Quando criança, o artista costumava passar as férias de julho na terra Natal, o que rendeu ótimas lembranças. "Eu jogava futebol na rua e na praia com meus primos e a comida árabe sempre continuou presente na minha casa", lembra Jean, que cultivou o gosto pelo saborear e preparar cuscuz, kafta e ragout (uma espécie de picadinho de legumes ou carne).

Segundo ele, essa convivência com as culturas árabe e francesa fizeram com que virasse um cidadão do mundo. "É incrível como eu consigo me sentir em casa em qualquer lugar", afirma.
Divulgação Divulgação

Maquete do Bloom Project Aldeinha



O Bloom Project Aldeinha já recebeu apoio de personalidades e artistas brasileiros como o músico Tom Zé, que inclusive foi a estrela de um show para convidados realizado no Sesc Pompéia, em novembro de 2009, e cedeu a utilização da música instrumental "Toc" como trilha nos vídeos sobre o projeto.

Você também pode participar

Para garantir a viabilidade econômica do projeto, que ainda está em fase de captação, empresas e pessoas físicas podem colaborar por meio da compra de lotes virtuais. O valor mínimo de cada lote é R$ 100,00 e quem comprar ganhará uma fotografia numerada e assinada pelo autor da obra.

Contato

Bloom Project Aldeinha
http://www.bloomproject.org.br

Brazimage
http://www.brazimage.com

Taio Cruz - O cantor britânico, que estourou nas paradas de sucesso, é filho de uma brasileira com um nigeriano :)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Foto: BBC 
BBC
Taio Cruz, músico londrino filho de brasileira (Foto: BBC)

Um cantor britânico filho de uma brasileira está fazendo grande sucesso nas paradas americanas com a música Break Your Heart, que bateu um recorde na Billboard, a parada americana.

Taio Cruz tornou-se o artista a dar o maior "salto" na parada de sucessos dos Estados Unidos para atingir a primeira posição. Break Your Heart, com participação do rapper americano Ludacris, pulou da 53ª posição para o topo da Billboard no dia 11 de março.

Naquela semana, o single foi baixado 273 mil vezes nos Estados Unidos - contra apenas 31 mil na semana anterior. A canção passou uma semana no topo das paradas americanas. Atualmente ela está na sexta posição.

Na Grã-Bretanha, o single foi número um por três semanas em setembro. O disco Rokstarr, lançado em outubro na Grã-Bretanha, chegou ao 14º lugar na parada do país. O disco ainda não foi lançado nos Estados Unidos.

Música negra britânica

Taio Cruz, nascido em Londres, é filho de um nigeriano com uma brasileira. O cantor e produtor de músicas R&B tem trabalhos com artistas como Tinchy Stryder, Cheryl Cole, McFly, Will Young e Kylie Minogue.

Em reportagem nesta sexta-feira, o jornal britânico Guardian destaca que Taio Cruz faz parte de uma geração de artistas britânicos negros, ao lado de Leona Lewis e Jay Sean, que está conseguindo chegar ao topo das paradas americanas - um fenômeno raro, tendo em vista a predominância dos americanos na música negra ocidental, em gêneros como blues, soul, funk e R & B.

Antes deles, poucos artistas britânicos negros conseguiram ser número um nos Estados Unidos - entre eles o cantor Roland Gift, à frente da banda Fine Young Cannibals, Mel B, das Spice Girls, e o cantor Seal.

O editor da Billboard, Mark Sutherland, disse ao Guardian que é muito difícil para qualquer britânico chegar ao número um nos Estados Unidos, sobretudo no gênero R&B.

"Jay Sean e Taio Cruz, por qualquer ângulo que se olhe, fizeram algo bastante notável ao chegar ao número um", disse Sutherland.
 
Fonte: G1
02/04/2010

Na Nigéria, não há mais más notícias

ADAOBI TRICIA NWAUBANI - O Estadao de S.Paulo
20 março de 2010

Já ouvi pessoas comentando que nós, os nigerianos, somos o povo mais feliz da Terra. Somos também acusados de nos manter passivos diante de questões que em outros países seriam o estopim de revoluções.

Um exemplo: faz pouco mais de uma semana desde que episódios de violência étnico-religiosa deixaram centenas de mortos nas imediações de Jos, uma cidade na região central da Nigéria, mas o massacre de nossos concidadãos parece já ter sumido das manchetes locais e das conversas entre os nigerianos. A reação geral diante do anúncio de que a polícia tinha detido alguns dos assassinos parece ser "Ah, é mesmo?". Poucos dentre meus conhecidos nem sequer se importam com o que os brutos têm a dizer em defesa própria.

Alguém chamou isso de "amnésia nigeriana" - a tendência de bloquear os traumas nacionais observada entre os nigerianos. Na verdade, se não fossem as constantes reportagens veiculadas nas redes de TV BBC e CNN, ninguém lembraria que centenas de nigerianos inocentes, mulheres e crianças, foram massacrados enquanto dormiam naquela noite de domingo.

Quando olho para a TV da redação onde trabalho, em geral vejo um repórter estrangeiro com expressão extremamente grave, com cenas de Jos passando ao fundo. A cada vez que a Nigéria passa por um episódio de violência, parecemos nos calar enquanto o restante do mundo fixa a atenção no problema.

Talvez seja compreensível que tenhamos começado a nos ressentir destes jornalistas estrangeiros que insistem em se concentrar nos nossos desastres. "Estas pessoas nunca trazem notícias positivas sobre a Nigéria", diz um colega. "É questão de pura malícia. Eles têm uma imagem específica da África que querem retratar repetidamente ao mundo."

Minha amiga Ruona tem uma teoria para explicar por que não reagimos de forma mais enérgica: os nigerianos são obrigados a encarar a carnificina o tempo todo - tornamo-nos acostumados à violência e por isso a tratamos com indiferença -, enquanto a mídia ocidental a vê com um olhar novo.

Mas, mesmo que decidíssemos levar nossas calamidades mais a sério, os acontecimentos de Jos, por mais terríveis que tenham sido, teriam de esperar sua vez. Enquanto Jos é afetada por episódios de violência étnico-religiosa, as pessoas do Estado de Ebonyi, que falam o mesmo idioma e partilham da mesma religião, estão matando umas às outras na disputa pelos recursos naturais.

Militantes descontentes no Delta do Rio Níger ameaçam aleijar a economia por meio de atos de vandalismo contra os oleodutos. Políticos são assassinados rotineiramente no oeste do país; os pais e mães de filhos prósperos são sequestrados e trocados por resgate no leste. E sabemos que é apenas questão de tempo até que haja no norte a erupção de novos distúrbios entre muçulmanos e cristãos.

Nosso país é um dos maiores produtores mundiais de petróleo bruto, e ainda assim uma debilitante escassez de combustível nos assola, e as pessoas brincam dizendo que as filas nos postos de gasolina se estendem até Calcutá.

E a quem podemos nos queixar? Apesar dos boatos de que o presidente Umaru Yar"Adua - que não é visto em público desde que partiu para a Arábia Saudita em novembro para cuidar da saúde - tenha sofrido morte cerebral, sua devotada mulher e um leal círculo dos membros de sua tribo parecem bastante contentes em governar no lugar dele.

Lamentamos por aqueles que morreram em Jos e também pelos sobreviventes. Estamos todos perturbados com a sequência de desastres que os acometeu. Mas tomamos o cuidado de não produzir em nós mesmos uma overdose de agonia. Até os psicólogos reconhecem que a amnésia pode ser um mecanismo de defesa, útil para a preservação da sanidade. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

ESCRITORA E EDITORA DO JORNAL NIGERIANO "NEXT"

Não sei se rio ou se choro ^^¨

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A notícia é antiga, mas na época eu não pude colocar no BLOG, porém não posso deixar passar.

Já que não deu para a Tunísia... que vença a Nigéria agora!!!

Nigéria está na Copa do Mundo após tomar vaga certa da Tunísia

15-11-2009


NAIRÓBI (Reuters) - A Nigéria conseguiu uma virada no segundo tempo para vencer o Quênia neste sábado e garantir uma vaga na Copa do Mundo de 2010, roubando o lugar da Tunísia nos últimos momentos da partida.

Obafemi Martins marcou duas vezes para consolidar a virada sobre o Quênia, por 3 x 2, em Nairóbi, enquanto a Tunísia perdeu para Moçambique com um gol no fim da partida. Com isso, a Tunísia, que havia começado a última rodada na liderança do grupo B com dois pontos de vantagem, acabou ficando fora. A Nigéria superou a Tunísia e venceu o grupo B por um ponto de diferença, e garantiu sua quarta participação em Copas do Mundo.

A equipe foi para o intervalo de jogo perdendo por 1 x 0, com um gol marcado aos 15 minutos do primeiro tempo por Denis Oliech, enquanto a Tunísia parecia satisfeita em jogar de maneira defensiva contra Moçambique, que estava em casa. Mas a classificação do grupo virou de cabeça para baixo no segundo tempo das duas partidas, as quais eram jogadas simultaneamente.

O gol anotado por Moçambique deu ao país a terceira posição no grupo, o que garante à equipe uma vaga para a Copa Africana de Nações, que será disputada em Angola no mês de janeiro.

(Por Mark Gleeson)

Fonte: http://www.123achei.com.br/copa2010/ler.html?s=14592

Câmara Árabe TV já tem seu 4o. Programa

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A Câmara Árabe abriu no dia 11 de fevereiro mais um canal de comunicação: a Câmara Árabe TV.
 
Trata-se de um programa quinzenal transmitido pela internet trazendo notícias e entrevistas do Brasil e mundo árabe sobre cultura, turismo, eventos, comércio e economia.
 
Informe-se sobre todos estes assuntos de maneira descontraída e rápida.
 

Conheça o Instituto Árabe de Paris na França

Paris – Às margens do Sena, próximo a catedral de Notre Dame e em frente à Pont de Sully, está o Instituto do Mundo Árabe (IMA). O imponente e moderno edifício se destaca em meio às construções históricas de Paris. Projetado pelo premiado arquiteto francês Jean Nouvel, o prédio segue a curva do rio em sua fachada Norte, totalmente espelhada, refletindo a espetacular paisagem da Cidade Luz.

Geovana Pagel/ANBA Geovana Pagel/ANBA

Decoração da fachada é inspirada em muxarabi



Símbolo de uma parceria entre a França e os 22 países árabes, o instituto cultural foi inaugurado em 1987 com o intuito de promover as relações entre Ocidente e Oriente e é uma construção realmente impressionante de se ver. Quando você enxerga o edifício, bem ali na sua frente, consegue entender porque o arquiteto ficou internacionalmente famoso após projetar o IMA.

A fachada sul, retangular, é decorada por inúmeros diafragmas inspirados no muxarabi - que é uma espécie de treliçado de madeira que tem como objetivo filtrar a luz solar, permitir a visão da rua e a privacidade de quem está do lado de dentro da construção. No edifício do IMA, Nouvel projetou um sofisticado sistema de filtragem da luz utilizando diafragmas metálicos iguais aos das câmeras fotográficas, que abrem e fecham de acordo com as condições externas de luz. O efeito é realmente surpreendente e une a tradição da arquitetura árabe com materiais e tecnologia modernos.

Os elevadores internos também chamam a atenção porque mais parecem uma grande caixa de vidro que permite uma vista panorâmica de todos os andares do edifício. O IMA abriga museu, biblioteca, centro de documentação, restaurante, salas de aula e espaço para apresentações de música, dança, cinema, teatro e grandes exposições.
Reprodução Reprodução

Obras de arte vieram dos países patronos do museu



O acervo do museu é formado por peças de praticamente todos os seus países fundadores. As peças de maior destaque são as obras de arte, pergaminhos milenares, tapeçaria, estátuas de mármore branco, objetos em cerâmica, jóias, cofres e os famosos astrolábios – instrumentos utilizados para medir a altura dos astros no horizonte, usado para fins astrológicos e astronômicos. O astrolábio náutico, por exemplo, ajudava os navegadores na localização em alto mar.

Ao observar detalhes e a utilidade de cada objeto, é possível viajar no tempo e no espaço e conhecer um pouco da história e cultura árabes. A biblioteca tem mais de 65 mil obras com títulos publicados em francês, árabe, inglês, alemão, espanhol e italiano. Aqueles que preferem fazer suas descobertas por meio de imagens e música podem visitar o centro áudio-visual que também oferece um acervo variado e bastante interessante.

Hoje o IMA é referência na Europa por seus acervo de obras de arte e antiguidades e famoso por promover mostras itinerantes como a exposição fotográfica "Imagens e paisagens do Mundo Árabe", que inclusive já passou pelo Brasil. Em novembro de 2008, a mostra – com fotografias que retratam pessoas de lugares das nações árabes - ficou dois meses no espaço Caixa Cultural, em São Paulo. A iniciativa foi do Instituto de Cultura Árabe (Icarabe), com o apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e patrocínio da Caixa Econômica Federal.
Reprodução Reprodução

Instituto tem acervo variado



Confira maiores informações sobre as mostras e eventos promovidos pelo IMA acessando o site www.imarabe.org. Se for a Paris, reserve algumas horas para conhecer o espaço cujo prédio também é uma bela obra de arte.

O arquiteto

Jean Nouvel nasceu em Fumel, uma cidade do sudoeste da França, em 1945. Estudou na Escola de Belas Artes, em Paris, na época das revoluções estudantis de 1968 e adorou a tendência pós-moderna dos anos 1970. Seu trabalho começou a ganhar destaque em 1981, mas o reconhecimento internacional chegou mesmo após o projeto do IMA. Em 2008, Nouvel recebeu o prêmio Pritzker, também chamado de "Nobel da Arquitetura", por ser o mais prestigiado dos prêmios da arquitetura mundial.

Contato

Instituto Mundo Árabe
E-mail: rap@imarabe.org
Endereço: 1, Rue des Fossés – Saint Bernard
Place Mohammed V
 

Olhares femininos sobre o Islã

São Paulo – A antropóloga brasileira Francirosy Barbosa, que trabalha com comunidades muçulmanas há 12 anos, acaba de lançar o livro Olhares Femininos sobre o Islã - Etnografias, Metodologias e Imagens, pela editora Hucitec (Humanismo, Ciência e Tecnologia). A obra reúne os trabalhos de diversas pesquisadoras brasileiras com ensaios, fotografias, trechos de dissertações e teses sobre o islamismo.

Reprodução Reprodução

O livro foi lançado recentemente em São Paulo

A autora realizou uma espécie de "antropologia da antropologia", pois transformou as próprias autoras convidadas em objetos de estudo, pesquisando suas teorias e metodologias para mostrar como elas lidam com questões relacionadas à mulher muçulmana, os motivos que as levaram a estudar o Islã e os desdobramentos decorrentes de suas trajetórias e trabalhos produzidos.

"Quando iniciei minha pesquisa, em 1998, eu me sentia muito sozinha nessa área. A questão não era tema discutido na academia. Mas, no meio do caminho fui conhecendo outras pesquisadoras que trabalham com comunidades islâmicas em cidades como São Paulo, Brasília, Florianópolis e Rio de Janeiro", conta a antropóloga.

Segundo ela, o leitor irá se surpreender ao constatar que o Islã pode ser estudado por meio de métodos diferentes, como o do observador participante, das histórias de vida, da fotografia, do cinema e das inter-relações culturais, e como as mulheres preservam ou alteram os padrões culturais e religiosos na condição de imigrantes ou de retorno ao país de origem.

A antropóloga, que desenvolveu teses de mestrado e doutorado junto às comunidades muçulmanas, estudou muito a questão visual, da imagem. "Eu me interessei por pesquisar principalmente fotografias tiradas pelas famílias e o que a mídia produz. Os demais temas foram aparecendo ao longo do trabalho", afirma.

Além disso, durante o doutorado a pesquisadora produziu três documentários. O primeiro Allahu Akbar, sobre o jejum no islamismo; o segundo Sacrifício, sobre o sacrifício de Abraão; e o terceiro, Vozes do Islã, onde três interlocutores discutem como é o lugar da mulher muçulmana na sociedade, a questão do casamento e também a relação com as pesquisadoras.

"As imagens humanizam o trabalho e aproximam as pesquisadoras e o leitor das comunidades estudadas. Esse material visual é muito importante, pois coloca os interlocutores frente a frente, mostrando, por exemplo, que o véu tem um sentido religioso, da relação dessas mulheres com Deus, mas não é como a gente está acostumada a ver, de uma maneira estereotipada", destaca. "Elas usam véu, pautam a vida pela religião, pela família. São outros valores e o respeito ao diferente é a premissa básica [nas relações]", afirma.

Francirosy Campos Barbosa é antropóloga e professora colaboradora do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Artes da Unicamp.

Serviço

Olhares Femininos sobre o Islã - Etnografias, Metodologias, Imagens
Editora: Hucitec
Preço: R$ 45,00
Número de páginas: 287
À venda na Livraria Cultura
 

Telas do artista Saif El Gaddafi, filho do líder líbio Muammar Kadafi, e artefatos arqueológicos do país árabe estão em exposição no Museu Afro Brasil. A mostra segue até 18 de abril.

São Paulo – O Museu Afro Brasil, em São Paulo, exibe uma mostra de arte líbia com telas do artista plástico Saif El Islam El Gaddafi, filho do líder líbio Muammar Kadafi, além de trabalhos de outros dois pintores do país árabe, Fawzi Suwei e Salaheddine Shagroun. A exposição traz também 28 peças arqueológicas pertencentes ao acervo da Líbia.

Aurea Santos/ANBA Aurea Santos/ANBA

Gadaffi visita mostra na companhia de jornalistas



A exposição "O Deserto Não é Silente" traz pinturas figurativas e abstratas que têm o deserto como inspiração. "Há diferentes mistérios no deserto, e é por isso que o trouxemos aqui, para que ele possa ser ouvido, para que ele possa falar", declarou Gaddafi, em entrevista coletiva realizada no Museu Afro Brasil. (assista abaixo vídeo da entrevista concedida por Gaddafi)

A exposição já foi montada em Paris, Berlim, Londres, Roma, Milão, Genebra, Viena, Madrid, Tóquio e Montreal. Segundo Gaddafi, o tamanho e a importância do Brasil foram as razões para que o país fosse escolhido como primeiro destino da mostra na América Latina.

Das 51 telas em exibição, 39 são de Gaddafi, seis de Suwei e outras seis de Shagroun. "Essa exposição é única, pois é a primeira vez que o museu entra nessa parte da África (o norte)", disse à ANBA Emanoel Araujo, diretor-curador do Museu Afro Brasil.

Aurea Santos/ANBA Aurea Santos/ANBA

Mostra exibe 28 peças arqueológicas

"O que mais me chama a atenção são as ruínas, a parte das cidades históricas, porque algumas destas obras são datadas de até dois mil anos antes de Cristo. Tem também a parte da arte contemporânea dele (Gaddafi). É uma pintura densa, que não pretende ter unidade, uniformidade na expressão. Cada uma tem uma expressão específica", declarou Araujo.

Salem Ezubedi, embaixador da Líbia em Brasília, destacou a importância da aproximação cultural entre os dois países. "Isto provê uma janela aberta para os brasileiros verem o que é a Líbia e o que foi a Líbia durante as diferentes civilizações que a ocuparam."

A mostra começou no dia 08 de março e pode ser vista até 18 de abril.

Serviço

Exposição "O Deserto Não é Silente"
Museu Afro Brasil
Parque do Ibirapuera
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n (entrada pelo portão 10)
De terça a domingo das 10h às 17h (permanência até as 18h)
Entrada gratuita
 

Cavalo brasileiro ganha prêmio de US$ 10 milhões ao vencer a Copa do Mundo de Dubai



DUBAI - O cavalo brasileiro Glória de Campeão ganhou neste sábado a Copa do Mundo de Dubai, faturando um prêmio de US$ 10 milhões, o maior do mundo no esporte. Montado por Tiago Pereira, o cavalo conquistou a vitória apenas após a análise do photochart que apontou a vantagem por um nariz sobre Lizard's Desire, montado por Mike de Kock, que terminou em segundo.
- Esta foi a vitória da minha vida. É incrível - disse Tiago, cujo cavalo é treinado pelo francês Pascal Bary.
O páreo disputado no hipódromo Medyan, em Dubai contou com oito cavalos. Glória de Campeão manteve a liderança desde o início, sendo seguido de perto por Desire, que chegou a celebrar a vitória antes de saber do resultado final.
Segundo Bary, a chave da vitória "foi o coração" do cavalo, além de outros fatores como as condições do terreno e a troca do jockey no ano passado. A mudança parece ter dado certo, pois no ano passado Glória de Campeão terminou em segundo, bem atrás (14 corpos de diferença) do campeão Well Armed.


Fonte: O Globo

Editora publica livros para estudantes de árabe

 

Divulgação Divulgação

Livro é organizado em 20 lições

São Paulo – A editora brasileira Disal, especializada em livros de idiomas, principalmente do inglês, decidiu ampliar o leque de opções e publicou dois livros que servem de ferramenta para quem já estuda ou pretende iniciar o aprendizado do idioma árabe: Fale Árabe em 20 lições, escrito por Jihad Mohamed Abou Ghouche, e 3.500 Palavras em Árabe, de autoria de Thierry Belhassen.

O primeiro promete a estrutura necessária para se comunicar em árabe, nos principais tempos verbais. O conteúdo é organizado em 20 lições. Com bancos de vocabulário separados por temas e exercícios de fixação com respostas no final do livro. "A cada cinco lições, uma lição de revisão geral. O livro também é acompanhanhado por dois CDs de áudio com a pronúncia de praticamente todas as palavras em árabe do livro", explica Jorge Capelo, gerente comercial da editora.

Já o livro de Belhasem, que é autor de uma série que inclui idiomas como inglês, italiano e espanhol, é um vocabulário de bolso prático e de fácil consulta, de grande utilidade em viagens de negócios ou turismo. "As palavras estão classificadas por temas tais como: meios de transportes, férias, vida urbana, compras, trabalho e lazer", conta Capelo.

Segundo ele, os livros já estão cadastrados nas principais livrarias do país, no site da Disal e estão tendo uma boa procura. "Percebemos que não existem muitas publicações com esse foco no Brasil, apesar de existir uma grande comunidade de descendentes", destaca o gerente. A preocupação com a qualidade dos produtos, tanto no que se refere ao conteúdo, como ao aspecto físico, tem sido o princípio básico que orienta as atividades da Disal Editora, de acordo com Capelo.
Divulgação Divulgação

O livro dá suporte aos estudantes do idioma



A Disal foi criada em 2003 por Francisco Canato, Renato Guazzelli e José Bantim Duarte, profissionais com longa experiência na área editorial. Com sede em São Paulo e filiais nos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e no Distrito Federal, a Disal Editora já superou a marca de 150 títulos publicados.

Além da editora, os sócios são donos da Disal Distribuidora, empresa com mais de 40 anos de existência, que importa e comercializa diversos títulos estrangeiros. No final de 2008 a Disal Editora ampliou a sua linha editorial ao publicar juntamente com a Editora Helbling, 25 títulos de paradidáticos (readers) de Inglês. "Os planos para o futuro apontam para uma ampliação cada vez maior da linha editorial sempre comprometida com a qualidade", garante Capelo.

Serviço

Fale Árabe em 20 lições
Autor: Jihad Mohamed Abou Ghouche
Formato: 16 x 23 cm
Páginas:208

3500 Palavras em Árabe
Autor: Thierry Belhassen
Formato: 10,5 x 18 cm
Páginas:128

Contato

Disal Editora
www.disaleditora.com.br
Site Disal
www.disal.com.br

Se milhões de mulheres que carregam água por longas distâncias tivessem uma torneira na porta de casa, sociedades inteiras poderiam se transformar.


Mesmo às 4 da madrugada, à luz das estrelas, ela consegue correr sozinha pelas pedras, morro abaixo, até o rio e enfrentar a íngreme subida de volta para sua aldeia com 23 quilos de água nas costas. Ela tem feito esse percurso três vezes ao dia em quase todos os seus 25 anos de vida, a exemplo de qualquer outra mulher de Foro, a aldeia em que mora no distrito do Konso, no sudoeste da Etiópia. Aylito largou a escola aos 8 anos de idade, em parte porque tinha de ajudar a mãe a pegar água no rio Toiro.A água é suja, imprópria para beber. A cada ano da atual seca o outrora poderoso rio se exaure mais. Mas é a água de que Foro jamais dispôs. Aylito também precisa ajudar seu marido a plantar mandioca e leguminosas na roça, catar grama para as cabras, secar o cereal e levá-lo à moenda para fabricar farinha, preparar as refeições, manter limpo o terreno da comunidade e tomar conta de seus três filhos. Nenhuma dessas tarefas é tão importante ou tão exaustiva quanto as oito horas gastas todo dia pegando água.Nas partes desenvolvidas do mundo, as pessoas abrem uma torneira e dela jorra água limpa. No entanto, 900 milhões de pessoas no mundo não têm acesso à água limpa, e 2,5 bilhões carecem de um meio seguro de descartar os dejetos humanos - muitos defecam em terrenos abertos ou perto dos mesmos rios dos quais bebem água. Água contaminada e falta de banheiro matam em média 3,3 milhões de pessoas por ano no mundo todo, na maioria crianças abaixo dos 5 anos. No sul da Etiópia, e no norte do Quênia, a escassez de chuva nos últimos anos fez minguar até mesmo a água suja.No Konso, o homem carrega água apenas nas duas ou três semanas subsequentes ao nascimento de seu bebê. Garotos pequenos pegam água também, mas apenas até os 7 ou 8 anos. Essa regra é seguida à risca - por homens e mulheres. "Se garotos mais velhos carregam água, as pessoas começam a fofocar que a mãe deles é preguiçosa", diz Aylito. A reputação de uma mulher do Konso, diz ela, assenta-se no trabalho duro. "Se eu ficar sentada em casa e não fizer nada, ninguém vai gostar de mim. Mas, se eu correr para cima e para baixo pegando água, eles dirão que sou uma mulher sábia que trabalha duro."Na maior parte do mundo em desenvolvimento, a falta d'água se acha no centro de um círculo vicioso de desigualdade. Algumas mulheres em Foro descem para o rio cinco vezes ao dia, sendo que em uma ou duas dessas viagens elas pegam água para fazer uma bebida fermentada, parecida com cerveja, para seus maridos. Quando pisei em Foro pela primeira vez, uns 60 homens estavam sentados à sombra de uma construção com teto metálico, bebendo. A manhã ia pela metade. As mulheres, afirma Aylito, "nunca têm cinco segundos para se sentar e descansar."Num fim de tarde quente vou com Aylito ao rio carregando um galão vazio. A trilha é inclinada e, em alguns lugares, escorregadia. Descemos aos trancos e barrancos por grandes rochas ladeadas por cactos e arbustos espinhentos. Depois de 50 minutos chegamos ao rio - ou o que vira rio em algumas épocas do ano. Agora ele é uma série de poços barrentos, sendo que alguns não passam de charcos. As barrancas e as pedras estão cobertas com excremento de burros e vacas. Há cerca de 40 pessoas no rio, o suficiente para que Aylito decida se encaminhar a um ponto rio acima onde a concorrência poderá ser menor. A espera por um lugar para pegar água é especialmente demorada de manhã, razão pela qual ela costuma fazer sua primeira viagem antes de clarear o dia, deixando seus filhos mais novos a cargo de um mais velho, Kumacho, de 4 anos.Caminhamos por mais dez minutos rio acima, e Aylito reivindica um lugarzinho para se agachar à beira de um bom poço. A criançada pula das barrancas. "Por favor, não pulem", pede Aylito. "A água fica mais suja." Um burro chega para beber do charco que alimenta o poço de Aylito. Quando o animal se vai, as mulheres tentam limpar o lugar usando suas conchas para descartar a água suja fluxo abaixo, onde está Aylito - que as repreende.Depois de meia-hora é a vez dela. Aylito pega seu primeiro galão e a concha amarela de plástico. Assim que põe a concha na água, outro burro mete as patas no poço que alimenta seu ponto de captação. Ela faz uma careta, inconformada. Mas não pode esperar mais.
O tempo é um luxo do qual Aylito não dispõe. Uma hora depois de nossa chegada ao rio, Aylito encheu dois galões - um para si, outro que eu deverei carregar para ela. Ela ata uma tira de couro ao meu recipiente e o coloca às minhas costas. Fico grata pelo couro macio da tira - a própria Aylito usa uma corda áspera. Mesmo assim, as tiras lanham meus ombros. Com dificuldade, chego à metade do caminho. Mas, quando a trilha se torna mais íngreme, não consigo ir em frente. Envergonhada, troco de galão com uma garota de uns 8 anos; o dela tem a metade do tamanho do meu. A menina enfrenta como pode o peso do galão maior, mas a cerca de dez minutos do topo o fardo torna-se demais para ela. Aylito pega o pesado galão da garota e o instala em suas próprias costas, em cima do que já carregava. Ela nos fuzila com seu olhar de desaprovação e segue montanha acima, agora com perto de 45 litros d'água às costas."Ao nascer, sabemos que vamos ter uma vida dura", diz depois, sentada à porta de uma cabana, diante da mandioca que seca sobre uma pele de cabra, segurando seu filho Kumacho. "Essa é a cultura do Konso desde muito tempo antes de nós." Ela jamais questionou essa vida, nunca esperou nada diferente. Logo mais, porém, pela primeira vez, as coisas vão mudar.Quando você gasta horas carregando água por longas distâncias, você regula cada gota. O consumo diário per capita nos Estados Unidos é de 375 litros d'água, contra 132 litros por habitante no Brasil. Já Aylito se vira com apenas 9 litros. Persuadir as pessoas a usar a água para se lavar é bem mais difícil quando ela precisa ser carregada no braço montanha acima. E, no entanto, higiene e saneamento contam muito. Somente o ato de lavar as mãos já pode reduzir as doenças diarreicas em cerca de 45%. Aylito lava as mãos com água "talvez uma vez por dia", como afirma ela. Ela se banha apenas ocasionalmente. Uma pesquisa de 2007 levantou que nem um lar sequer do Konso dispunha de água e sabão (ou cinzas, um agente de limpeza razoável) para lavar as mãos perto de suas latrinas. A família de Aylito cavou recentemente uma latrina, mas não tem recursos para comprar sabão.Boa parte do dinheiro da família vai para as consultas, que custam de 4 a 8 dólares na clínica de saúde do vilarejo, para tratar os meninos da diarreia causada por bactérias ou parasitas que eles contraem por falta de higiene e saneamento adequados. Na clínica, o enfermeiro Israel Estiphanos afirma que nas épocas normais 70% de seus pacientes sofrem de doenças transmitidas pela água; sendo que agora a região se vê em meio a uma epidemia particularmente severa.A 26 quilômetros de distância, no centro de saúde distrital da capital do Konso, quase metade dos 500 pacientes tratados diariamente padecem de doenças transmitidas pela água. Mesmo assim, o próprio centro de saúde carece de água limpa. Nas paredes das salas dos funcionários veem-se pôsteres listando os princípios que regem o controle de infecções. Mas, "durante quatro meses por ano, desaparece a água que alimenta as torneiras", diz Birhane Borale, o chefe da enfermagem, de modo que o governo traz a água do rio em caminhão. "Usamos, então, só para dar de beber aos pacientes ou para que eles engulam a medicação", conta ele. "Temos pacientes com HIV e hepatite B. Eles sangram, e suas doenças são facilmente transmissíveis. Mas só podemos lavar os quartos uma vez por mês."Mesmo o pessoal médico não tem o hábito de lavar as mãos entre as consultas, uma vez que só há torneiras funcionando em alguns poucos pontos do edifício. A enfermeira Tsega Hagos já levou um banho de sangue ao retirar um dreno intravenoso de um paciente. Mas, mesmo havendo água naquele dia, ela não lavou as mãos depois. "Só calcei outras luvas", diz. "Eu lavo as mãos ao chegar em casa, depois do expediente."Trazer água limpa para perto da casa das pessoas é fundamental para reverter o ciclo de miséria. As comunidades em que a água limpa se torna acessível se transformam. Todas as horas antes gastas em busca da água podem ser usadas para produzir alimentos, criar mais animais ou mesmo iniciar negócios que gerem renda. As famílias já não tomam sopa de micróbios, perdendo, portanto, menos tempo com doenças. Mais importante, libertar-se da escravidão da água significa que as garotas poderão ir à escola e optar por uma vida melhor.O acesso à água não é apenas um problema rural. Em todo o mundo em desenvolvimento muitos moradores de favelas urbanas gastam boa parte do dia em filas diante de uma bomba-d'água. Mas são enormes os desafios de se levar o líquido até as aldeias remotas, como as do Konso. Foro, a aldeia de Aylito, fica no alto de uma montanha. Muitas aldeias nos trópicos foram construídas no topo de colinas, lugares mais frescos e menos sujeitos à malária, além de ser mais fácil ver dali a aproximação do inimigo. Porém, as altas aldeias no Konso não dispõem de fácil acesso à água. As secas e o desflorestamento continuam a empurrar o lençol freático para baixo. Em algumas áreas do Konso ele fica abaixo de 120 metros da superfície. O melhor que se pode fazer em algumas aldeias é instalar um poço perto do rio. A água não ficará próxima, mas ao menos será mais constante, fácil de captar e com maior probabilidade de ser limpa.Em muitas nações pobres, os poços seriam factíveis em um vasto número de aldeias e vilarejos. Mas perfurações profundas requerem conhecimento geológico, além de máquinas pesadas e caras. A água em muitos países, como na Etiópia, é responsabilidade de cada distrito, sendo que os governos locais possuem pouco conhecimento técnico ou dinheiro. "As pessoas que vivem em favelas e áreas rurais sem acesso à água potável são as mesmas que não têm acesso aos políticos", sustenta Paul Faeth, presidente da Global Water Challenge ("Movimento Global pela Água"), um consórcio de 24 ONGs baseado em Washington, capital dos Estados Unidos. Assim, o esforço para tornar acessível a água limpa recai em grande parte sobre esses grupos benemerentes com variado grau de sucesso.
O maior empecilho com esse modelo é que surgem problemas técnicos tão logo os grupos que os construíram vão embora. Às vezes usa-se uma tecnologia que não pode ser consertada no local ou cujas peças avulsas para reparos estão disponíveis apenas na capital. Outras razões são dolorosamente triviais: os habitantes das aldeias não conseguem levantar dinheiro para comprar uma peça de 3 dólares ou não acham ninguém de confiança para comprá-la com seus fundos comunais. A pesquisa de 2007 no Konso apontou que somente nove projetos, de um total de 35, se acham em funcionamento.Uma organização sem fins lucrativos baseada no Reino Unido chamada WaterAid (algo como Pró-Água) está assumindo a tarefa de levar água às mais esquecidas aldeias do Konso. À época da minha visita, a WaterAid havia recuperado cinco projetos e criado comitês nas aldeias para manejá-los, e já trabalhava para reavivar outros três. No centro de saúde da capital do Konso, a ONG instalou calhas nos tetos inclinados das construções para conduzir a água da chuva até um tanque coberto, onde está sendo tratada, para depois ser usada no centro de saúde.A WaterAid também atua em aldeias como Foro. A abordagem deles combina tecnologias que se provaram duradouras - tais como construir um dique de areia para capturar e filtrar a chuva que, de outra maneira, se perderia - com novas ideias, a exemplo da instalação de banheiros capazes de gerar gás metano para uma cozinha comunitária. Mas a real inovação é que a WaterAid trata a tecnologia apenas como parte da solução. Tão importante quanto ela é o envolvimento da comunidade no planejamento, na construção e na manutenção de novos projetos para a água. Antes de começar cada um, a organização pede à comunidade que constitua um comitê Wash (sigla de water, sanitation, hygiene - "água, saneamento, higiene") com sete membros, dos quais quatro têm de ser mulheres. O comitê trabalha com a WaterAid no planejamento dos programas e envolve a aldeia em sua construção. Em seguida, mantém e toca o projeto.O povo do Konso, que cultiva suas plantações em terraços arduamente escavados nas encostas das montanhas, é famoso por sua capacidade de trabalho árduo e se constitui em um trunfo na luta pela água. Na aldeia de Orbesho, os residentes construíram até uma estrada por conta própria para que as máquinas de perfuração pudessem chegar ali. No verão passado, a bomba deles, na margem do rio, estava sendo dotada de um motor para puxar a água fluvial até um reservatório no topo de uma montanha vizinha. Dali, por gravidade, a água descerá pelos dutos até as aldeias do outro lado da montanha. Os nativos contribuíram com alguns centavos por cabeça para ajudar no custeio, produziram concreto e coletaram pedras para as estruturas. Agora, estão cavando valas para a fixação dos dutos.Se instalar uma bomba-d'água é um desafio técnico, estimular a higiene é um desafio de outra natureza. Wako Lemeta é um dos dois fomentadores de higiene treinados pela WaterAid em Foro.Lemeta, tímido, para na casa de Aylito Binayo e pede permissão ao marido dela, Guyo Jalto, para checar seus galões. Jalto leva-o até a palhoça onde eles são guardados. Lemeta abre a tampa de um deles e cheira, balançando a cabeça em aprovação - a família está usando WaterGuard, um aditivo à base de cloro. Uma tampinha cheia do produto purifica um galão de água. O governo passou a distribuir WaterGuard logo no começo da mais recente epidemia de diarreia. Lemeta também verifica se a família possui uma latrina e fala aos moradores sobre as vantagens de ferver a água de beber, lavar as mãos e banhar-se duas vezes por semana.Muita gente já abraçou os novos hábitos. Pesquisas mostram que o uso da latrina subiu de 6% para 25% na área desde que a WaterAid começou a atuar, em dezembro de 2007. Mas é uma luta. "Quando eu lhes digo para usar sabão", explica Lemeta, "eles costumam responder: ‘Dê-me o dinheiro pra comprar o sabão'."Barreiras similares precisam ser superadas para manter o programa ativo depois que o grupo auxiliar se vai. A WaterAid e outros grupos bem-sucedidos acreditam que cobrar uma tarifa dos usuários - em geral 1 centavo de dólar por galão (3,78 litros) de água ou menos - é fundamental para sustentar um projeto. O comitê Wash da aldeia encarrega-se da coleta de dinheiro para financiar peças sobressalentes e consertos. No entanto, os moradores ainda pensam na água como uma dádiva divina. Depois vamos ter de pagar também pelo ar que respiramos?, parecem dizer.Faz muito tempo que água e dinheiro formam uma mistura problemática. Em 1999, a Bolívia outorgou a um consórcio multinacional os direitos de prover serviços de água e saneamento à cidade de Cochabamba por 40 anos. Os protestos que se sucederam contestando os preços altos acabaram por expulsar a companhia, atraindo as atenções para os problemas acarretados pela privatização da água. Companhias multinacionais encarregadas de gerir sistemas públicos de água em bases lucrativas sentem-se pouco incentivadas a conectar lares rurais longínquos ou cobrar pela água um preço acessível aos pobres.Mesmo assim, alguém tem de pagar pela água. Embora ela brote da terra, isso infelizmente não ocorre com tubulações e bombas. E costuma ser mais caro fornecer água justamente àqueles que menos podem arcar com seu custo - pessoas que moram nas aldeias remotas do mundo, sujeitas a secas e escassamente povoadas."A pergunta-chave é: quem decide?", diz Paul Faeth, da Global Water Challenge. "Em Cochabamba ninguém se comunicava com os mais pobres. O processo não era aberto ao público." Uma bomba-d'água em uma aldeia rural é outra história. "No âmbito local há uma conexão mais direta entre as pessoas que implementam o programa e a população que terá acesso à água."
Os habitantes das aldeias do Konso, por exemplo, possuem e controlam as bombas. Comitês eleitos estabelecem as tarifas que cobrem a manutenção. Ninguém procura recuperar custos de instalação ou gerar lucro. As pessoas contam que, depois de poucas semanas, elas se deram conta de que 1 centavo por galão é de fato barato, bem menos do que custavam as horas gastas carregando água, sem contar o dinheiro, o tempo e as mortes causadas pelas doenças.O quanto a vida de Aylito Binayo poderia ser diferente se ela nunca mais precisasse descer até o rio para pegar água? No fundo de uma ravina, longe de Foro, existe um poço. Tem 120 metros de profundidade. Durante minha visita não encontro muito o que ver ali: acima do chão, é só uma caixa de concreto com um galão de cabeça para baixo em cima dele à guisa de proteção, defendido dos animais por uma pirâmide de amoreiras silvestres. Mas eis o que está para acontecer: uma bomba vai mandar água montanha acima até um reservatório. Dali a gravidade se encarregará de enviá-la de volta para baixo até as torneiras das aldeias locais - Foro inclusive. A aldeia vai dispor de duas torneiras comunitárias e de uma casa de banhos. Se tudo correr bem, Aylito Binayo terá uma torneira com água boa a somente três minutos a pé da porta de casa.Quando peço a Aylito que imagine como será mais fácil sua vida, ela fecha os olhos e enumera uma lista de tarefas. Ir à roça ajudar o marido, cortar capim para as cabras, preparar a comida para a família, limpar o terreno comunal. Além de ficar com seus filhos, em vez de deixar um garotinho de 4 anos de idade encarregado de seus irmãos mais novos. "Não sei se devo acreditar que vai funcionar. Estamos no topo de uma montanha, e a água está lá embaixo", diz ela. "Mas, se funcionar, ficarei tão feliz, mas tão feliz..."Pergunto sobre as esperanças que Aylito alimenta sobre sua família, e a reposta que ela me dá é tocante pela modéstia: poder enfrentar a onda de fome e doenças provocada pela seca atual - ou seja, tocar em frente a vidinha esquálida que sempre conheceu. Ela não tem ilusões. Ela nunca ousou imaginar que um dia sua vida pudesse mudar para melhor. Que pudesse chegar uma torneira de metal da qual jorrasse dignidade.