A casa é minha

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Nesse blog, a casa é minha ... é porque faço, por puro amor, por pura diversão, não faço para alguém, faço para mim, e pelo que sinto.

Faço como um ritual, como uma vontade, quando tenho vontade, sem compromisso, sem preocupação com nada. Aqui só tem o que realmente gosto e admiro. 

Não tenho intenções jornalísticas, tenho intenções de contribuir com com o todo. Recolho informações que encontro, que busco e reproduzo aqui, com os devidos créditos.

É uma reunião de notícias e informações em geral sobre cultura, principalmente árabe e africana.

Estudar cultura é amar as pessoas, os seres humanos, é respeitar à todos, é ignorar as guerras, as maldades.

É entender que somos todos iguais. Completamente iguais.... 
Mirela Goi
29 abril 2011

Sweet wrappers for Arab parties

São Paulo – Every weekend, Mirela Goi dedicates a good part of her time to creating sweet wrappers. The idea arose one year ago, when the Brazilian, who is in a wheelchair and dreams of visiting an Arab country, started her work as a hobby to help complete her family income. Motivated by an aunt, Mirela quickly learnt the technique for production of wrappers and set up a blog to promote her work. What she did not expect was for her sweet wrappers to reach tables in Portugal, Argentina, England, Australia an even the United Arab Emirates in little under a year.

Press Release Press Release

Most of the wrappers are for wedding celebrations

 

Mirela describes the wrappers as paper flowers for sweets, as their shape is that of an open flower. With a cutting machine and finishing tool, the artisan manages to produce up to 1,200 wrappers per weekend.

With her blog on air, in December 2009, Mirela received her first international order from Portugal. The information for presentation of the blog is in seven languages: Portuguese, English, Spanish, French, German, Italian and Arabic. With the growth of demand, Mirela opened a company and started invoicing, as the orders, which were initially small, grew and exceeded 5,000 wrappers.

"I now have regular clients in Portugal. They are retailers who place orders every three months or so," said the businesswoman. According to her, most of the orders are for weddings.

To decorate the sweets at the party, Mirela makes little wrappers of several colours and prints. Last year, the businesswoman sold 300 silver and golden wrappers to a client in Dubai. The wrappers were shipped in boxes, each containing 50 units. Each export goes through the postal service, using the Exporta Fácil system. "The order got to Dubai in around 20 days," said Mirella.

In the Arab market, the businesswoman is already in contact with people in Tunisia, Lebanon, Morocco and Saudi Arabia. "The Arabs love pompous and sophisticated wedding parties. They are going to like my wrappers," said Mirela, who can't wait to have regular clients in the Arab world so that she may travel there to participate in fairs and events. "Maybe this way I will be able to fulfil my dream of visiting an Arab country," she said.

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Mirela's dream is to visit an Arab country

Three years ago, much before starting making her wrappers, Mirela planned a trip to Tunisia, to fulfil a dream. However, the trip did not work out. As she was in a wheelchair, the airline did not allow her to travel unaccompanied due to her difficult locomotion. She had polio when she was four months old and lost 80% of the movement in her arms and legs. Mirela is currently married to a Nigerian and has a 1 year and 5 month old daughter. She works at the São Paulo State Electricity Utility (CPFL), as part of an opportunity program established by the company, allowing disabled people to work four hours a day.

Last year, Mirela sold 30,000 wrappers, being 10,000 abroad. In January this year, sales reached 6,000 units. The company believes that this year sales should grow further. Each wrapper costs on average 0.30 Brazilian real (US$ 0.18). Mirela's plan for this year is to collect capital to ship samples. "I have noticed that it is a need in which I must invest. It is an opportunity I have for promotion of my work," she finished off.

Contact

Mirela Goi

Blog: http://www.masweetcases.blogspot.com
+55 19 94405376



O livro 'Caligrafia Árabe', do libanês Moafak Dib Helaihel, mostra ao leitor brasileiro como a escrita pode ser uma forma de arte.

São Paulo – Para os árabes, sua escrita é mais que uma forma de se expressar em textos, é um modo de se expressar em arte. Assim, a caligrafia árabe tem, hoje, seis estilos básicos que dão origem a cerca de 350 outros estilos derivados destes principais. Graças a esta imensa variação, a caligrafia tornou-se uma das mais importantes formas de arte nos países do Norte da África e do Oriente Médio, enfeitando de casas a palácios, de museus a mesquitas. E é esta arte que o libanês Moafak Dib Helaihel mostra ao público brasileiro em seu livro "Caligrafia Árabe".

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Boneco feito com letras árabes

Recém-lançada, a obra levou um ano para ser produzida. "O livro conta a história da escrita árabe desde o início até os tempos atuais", diz Helaihel. "Ele é extremamente didático, mostra passo a passo como preparar a tinta e o cálamo (instrumento usado na caligrafia árabe)", explica. Segundo o autor, que nasceu na cidade de Baalbeck, no Líbano, mas mora em Curitiba, no Paraná, seu livro é o primeiro em língua portuguesa a abordar a caligrafia árabe de forma instrutiva.

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Helaihel: desenhando com letras

"Ela faz parte do povo. A caligrafia é baseada na geometria", afirma Helaihel. "Ela faz parte da decoração dos países árabes em casas, mesquitas, castelos", destaca. Formado em História e Geografia pela Universidade de Beirute, Helaihel cursou pós-graduação no Centro de Caligrafia Árabe de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos. Ele conta que o primeiro estilo no qual a caligrafia árabe foi registrada foi o Kufi. "É um estilo mais arcaico, mais rígido e angular", diz Helaihel, que ministra cursos de caligrafia. Para os interessados em aprender esta arte, o início está no estilo Riq'ai, passando peloNaskhDiwaniTaliq, até chegar no Thuluth, "o estilo mais detalhado, no qual se precisa de um grande aprofundamento", conta o calígrafo.

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Obra traz figura de leão em caligrafia árabe

Segundo Helaihel, no Brasil, geralmente, as pessoas interessadas em aprender a caligrafia árabe são aquelas que já lidam com arte. Para começar o curso, diz ele, é necessário que o aluno conheça, pelo menos, as letras árabes. "Quando vou dar um curso, primeiro ensino o alfabeto, para que ele saiba o que está fazendo", explica. Quanto ao material usado na caligrafia, usa-se o cálamo, instrumento feito de bambu; e a tinta arábica, uma mistura de pó com goma arábica e água. Difícil de achar? Pode-se usar o nanquim, diz Helaihel, explicando que é o tipo de tinta mais parecida com a arábica.

Em grande parte, as obras em caligrafia árabe trazem versos do Alcorão, além de poesias e provérbios árabes, mas também podem trazer formas livres de movimentos de letras, conta o autor. Ele diz que, para aprender os seis estilos básicos de caligrafia são necessários entre um ano e meio e dois anos de estudo, já para ter uma formação completa na arte caligráfica árabe são precisos cinco anos de dedicação.

Serviço
Título: Caligrafia Árabe
Autor: Moafak Dib Helaihel
Editora Bibliaspa - Pode ser adquirido somente pela Bibliaspa (Telefone: 11 36610904)
Preço: R$ 80








O Ministério das Relações Exteriores promove a segunda edição do concurso de desenho para crianças brasileiras que moram no exterior. No ano passado, participaram pequenos de 5 países árabes.

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Inscrições podem ser feitas até domingo

São Paulo – Crianças brasileiras que moram no exterior podem participar de um concurso de desenhos promovido pelo Ministério das Relações Exteriores, por meio do projeto Comunidades Brasileiras no Exterior. O tema deste ano é "O meu brasileiro favorito/A minha brasileira favorita" e os pequenos podem desenhar desde parentes, amigos, personagem histórico, de ficção, celebridade ou mesmo animal. "Ou ainda outra coisa, o que eles recordarem ou imaginarem como brasileiro ou brasileira favorita", diz a chefe de gabinete da subsecretaria geral das Comunidades Brasileiras no Exterior, Adriana Telles Ribeiro.

As inscrições devem ser feitas até o próximo domingo, dia 01 de maio, em embaixadas, consulados ou na representação do Itamaraty mais próxima da criança no país. O objetivo do concurso, de acordo com Adriana, é a manutenção do vínculo das crianças com o Brasil e o aumento da interação delas com o país. "Sabemos que há uma população crescente de brasileiros no exterior", afirma Adriana, referindo-se principalmente aos filhos de pais brasileiros que nascem lá fora. "As políticas do governo podem interferir para que estas gerações tenham ou não uma boa relação com o Brasil", diz.

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2º lugar de 2010 foi de São Francisco

Na última edição, a primeira do Concurso de Desenho Infantil, que teve o tema "O meu Brasil", participaram 257 crianças de 23 países. Destas nações, cinco eram árabes: Emirados, Líbia, Omã, Palestina e Tunísia. Adriana afirma que é crescente o interesse das famílias pelo concurso no mundo árabe. A participação neste tipo de iniciativa, lembra ela, depende do interesse dos pais. Ela cita, no Líbano, a criação do grupo Alecrim, projeto cultural sem fins lucrativos que tem por objetivo transmitir os costumes brasileiros a crianças que moram fora. O grupo deve fomentar a participação dos pequenos no concurso.

Podem concorrer com desenhos crianças com idades entre seis e 11 anos de idade. Cada pequeno deverá participar com apenas um desenho, inédito. Ele pode ser feito com materiais como aquarelas, guaches, marcadores, lápis de cor ou outras mídias, com as técnicas mais diversas, incluindo colagens, uso de tecidos e todo tipo de material. A obra deve ser apresentada, no entanto, em um papel de formato A3.

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Técnica, originalidade e criatividade são avaliados

Serão avaliados técnica, originalidade e criatividade dos trabalhos. A premiação irá para os dez melhores desenhos e também haverá dez menções honrosas. Os resultados sairão no dia 30 de junho. Segundo Adriana, os prêmios serão edições de livros infantis, material de esporte, entre outros, doados por ministérios brasileiros. As embaixadas e consulados devem organizar cerimônias de premiação para as crianças ganhadoras dos seus países. Na edição do ano passado, o primeiro lugar ficou com Layra Pires de Brito, de Nagóia, no Japão, o segundo com Lucas Walker, de São Francisco, nos Estados Unidos, e o terceiro com Erick Krieger, de Nova York. O quarto lugar foi para Victória Matuda Abade, de Hamamatsu, também no Japão, e o quinto para Sandy Miho Tsukahara, de Tóquio. 

Informações

Site: www.brasileirosnomundo.mre.gov.br





Hijab Couture

terça-feira, 26 de abril de 2011

Está escrito. "Dize às fiéis que recatem seus olhares, conservem seus pudores e não mostrem seus atrativos, além dos que normalmente aparecem; e que cubram o colo com seus véus". São essas as linhas iniciais da 24ª surata, ou capítulo, do Alcorão. Mais adiante na leitura, outra passagem adiciona: "Dize a tuas esposas, filhas e às mulheres dos fiéis que quando saírem se cubram com suas mantas; isso é mais conveniente, para que se distingam das demais e não sejam molestadas".

FayZ/Divulgação
FayZ/Divulgação
Coleção de véus leva a assinatura de Falastin Zarruk, que também ensina a arte de enrolar o pano

O texto dá margem a múltiplas interpretações, o que explica por que na Arábia Saudita as muçulmanas usam tradicionalmente o niqab (véu que cobre o rosto e deixa espaço só para os olhos); por que a burca (que cobre todo o corpo e rosto) só é mesmo popular no Afeganistão e regiões de fronteira do Paquistão; e por que no Egito, Líbano e Síria ou nas comunidades islâmicas europeias e no Brasil as muçulmanas são mais vistas com o hijab (que protege pescoço e cabelo e vem nas mais variadas formas, padrões e texturas). É talvez a peça mais eclética do vestuário islâmico.

Calcula-se que a comunidade islâmica no Brasil seja de 1,5 milhão de pessoas. Mas mesmo em São Paulo, onde mora grande parte desses fiéis, é difícil para a muçulmana achar roupas bonitas, modernas e ao mesmo tempo adequadas aos preceitos do Islã. Se a procura é por vestidos do tipo abaya (que cobrem o corpo até os pés) com elegância e bom caimento, ou lenços hijab de cores alegres e detalhes em strass, a dica é perguntar na mesquita mais próxima. É bem provável que se ouça falar de uma das duas: Ikbal ou Salwa, as fornecedoras de moda islâmica mais requisitadas da capital paulistana.

Aos sábados, Ikbal Noureddine Baghddi expõe sua coleção de véus na Mesquita do Pari, onde funciona também a Liga da Juventude Islâmica do Brasil, na Rua Barão de Ladário. Natural de Trípoli e há 15 anos no País, Ikbal é reconhecida entre as irmãs de fé como exímia costureira e, sob encomenda, produz com desenvoltura vestidos de noiva cuja cor varia do branco ao preto. Segundo ela, os segredos são evitar a transparência do véu, que deve cobrir completamente o cabelo, garantir que as mangas sejam longas e assegurar que a saia farfalhe até o chão.

Para produtos importados, é melhor seguir em direção ao ABC. É em São Bernardo que a iraquiana Salwa Mohamad, natural de Bagdá, acomoda suas clientes em um confortável e avantajado sofá cor de abóbora de dez lugares que ocupa a maior parte de sua sala de estar/butique, num sobrado a poucos passos da Mesquita de São Bernardo. Desde a morte do marido, ela mora ali com o filho adolescente. Engenheira de informática de formação, Salwa admite não ter os mesmos dotes de corte e costura da amiga Ikbal e diz que o seu jeito de atender a clientela requer um bate-perna semestral a lojas na Turquia e Arábia Saudita.

Com seus "rs" guturais, mas notável português, que desenvolveu ao longo dos dez anos em que vive no Brasil, Salwa convida para ver sua coleção. As abayas pretas, bem trabalhadas, com bordados geométricos e florais tecidos em dourado, prata, azul e verde, ela traz da Arábia Saudita, "onde as mulheres usam as cores em casa e o preto para ir à rua", explica. As peças de alfaiataria, mais ao estilo ocidental, quase uma releitura do terninho feminino, só que mais alongado, com calças e túnicas em composição de degradê, são turcas.

Apesar das cores vibrantes que fornece às clientes, ela é a personificação da sobriedade: abaya e al amira (hijab em forma de trapézio, costurado nas duas laterais de forma que fique fechado em torno do pescoço) pretos. As amigas insistem: "Salwa, vista mais cor!", ao que responde, bem-humorada, "ora, mas estou de azul", levantando um milímetro o vestido para revelar o jeans debaixo das vestes escuras. "Quanto mais simples for a roupa, melhor", defende. "O Islã diz que a mulher não deve chamar atenção, deve ser discreta. Mas eu trago todos os modelos. As clientes gostam, fazer o quê?"

Em casa, na presença de mulheres e do marido, ensina Salwa, a fiel pode usar perfume, optar por roupas mais chamativas, pôr maquiagem e soltar o cabelo. Sobre essa última regra, ela lembra de quando, na Polícia Federal, lhe pediram que tirasse o véu para a foto no documento. "Agora está muito melhor e o Brasil deixa que muçulmanas tirem foto de passaporte usando o véu", agradece. Quando pensa no que está acontecendo na França, que desde segunda-feira passou a multar em 150 toda muçulmana que cobrir o rosto, diz aliviada: "Graças a Deus estou aqui onde todos convivem bem". Em Paris, onde cogitou morar, as mulheres que optaram pelo niqab não podem mais ir com ele à escola ou ao trabalho. "Por quê? Não fizeram nada de errado."

No Brasil, ela percebe que essas são questões de menor relevância, já que por aqui predomina a cultura do hijab. "Acontece de alguns homens irem estudar o Islã na Arábia Saudita e na volta sugerirem às esposas que usem o niqab, mas é um grupo restrito." Mesmo com a pouca demanda, Salwa trouxe da última viagem cinco niqabs. Um deles ela desdobra com carinho e ensina o segredo de suas três camadas: a primeira é usada por trás da cabeça, a outra pela frente, deixando espaço apenas para os olhos, e um terceiro nível, de pano transparente, pode ser puxado para a frente e cobrir o rosto por completo.

"Eu sou apaixonada pelo niqab", confessa a carioca Zainab Hudhayfa, que mora hoje em Juiz de Fora, Minas Gerais, onde desde o final do ano passado gerencia a Lis Hijab's Acessórios & Moda Islâmica, uma confecção de hijabs coloridos bordados com pedrarias. "Morro de vontade de usá-lo, mas não quero fazer pela metade. Para fazer do jeito certo tenho que usar luvas também e às vezes acho que isso vai me atrapalhar na feira e na hora de pegar ônibus."

Zainab, de 60 anos, reafirma a dificuldade de roupa boa que não aperte nos braços e não marque as curvas, como pede o Islã. Por isso, há anos ela adotou um guarda-roupa predominantemente monotemático – abayas pretas – cuja praticidade defende. "Faltou alguma coisa em casa e preciso dar um pulo no mercado, só jogo uma por cima. Até de pijama já fui e ninguém vai nunca saber".

Intencionalmente ou não, o mainstream da moda parece estar abrindo espaço para as peças "islamicamente usáveis". Os compridos e larguinhos tiveram espaço nas coleções de inverno deste ano de Alexandre Herchcovitch, Reinaldo Lourenço, Cantão e Maria Bonita. Lá fora, Prada, Marc Jacobs e Ralph Lauren também já investiram nos véus e por um tempo foi lançada a moda do "turban chic", na qual embarcaram celebridades como Katie Holmes, Jennifer Lopez, Eva Mendes e Prince, que fez uso de um no Super Bowl de 2007.

Desde que ganhou uma competição promovida por uma revista de moda da Indonésia, em 2004, a estilista Hannie Hananto se projetou no circuito de alta costura da moda islâmica. Enquanto na Arábia Saudita as mulheres sempre usam duas peças, com as roupas coloridas por dentro e as escuras e largas por fora, na Malásia a tendência são as gamis, vestidos longos de corte simples com padrões florais coloridos que combinem com o véu. Conhecida na Jacarta Fashion Week pelos seus chadors de seda ou chiffon estampado com motivos azuis e brancos inspirados na porcelana chinesa, Hannie explica que "desenhar e usar roupas islâmicas e véus lindos não é apenas seguir regras da religião. É mais que isso, é vestir-se com graça e orgulho".

A fashionista

Por um tempo, Falastin Zarruk andou pelas ruas de sua pequena Canoas, no Rio Grande do Sul, com a constante sensação de que tinha uma sujeira na blusa. Os olhares de soslaio, cochichos e indicadores em riste eram reação ao recém-adotado hijab, pelo qual tomou gosto depois de uma temporada de três anos num vilarejo perto de Ramala, na Palestina, terra do avô. "Eu me sinto bem assim, me sinto valorizada." Ainda hoje, tem gente que a intercepta na rua e adverte: "Tu estás no Brasil, menina. Tira esse troço da cabeça". Falastin aprendeu a contornar a situação e hoje dedica parte do seu tempo a informar as pessoas sobre a hijab couture, coisa que faz com palestras ocasionais nas escolas da região.

Técnica em moda pelo Senac, para seu trabalho de conclusão de curso Falastin lançou uma marca de hijabs estilosos inspirados na op art, ou arte ótica, com estampas abstratas e linhas sinuosas. Hoje, a cada três meses lança novos modelos que vende pela internet a preços que variam de R$ 16 a R$ 25. Para orientar as mulheres que querem seguir as tendências da moda sem atropelar os preceitos islâmicos, e "transformar complicação em diversão", fundou, no final de 2008, o blog FayHejab. Ali, posta vídeos ensinando passo a passo a arte de enrolar o hijab. Para manter a variedade, ela cria looks e os batiza em inglês. Tem o baby blue, que forma uma flor ao lado da cabeça, e o relax and take it easy, solto e próprio para as situações informais. As dobraduras caprichadas são para eventos, quando ela diz ser de bom tom trançar o hijab no alto da cabeça e adorná-lo com broches e alfinetes coloridos. "São as frescuras de que nós muçulmanas precisamos."

Às vezes, Falastin recebe e-mails ásperos de quem vê no seu modo de vestir um retrocesso dos direitos da mulher e os quais republica no blog. Na França, um dos argumentos do governo é que a lei que proíbe a burca e o niqab vem para proteger a autonomia feminina, em referência àquela parcela de mulheres que são obrigadas por parentes homens a se cobrir da cabeça aos pés. Com seu jeito de encarar o mundo sempre pela ótica da descomplicação, Falastin opina: "Se a mulher optou pelo niqab e não foi forçada a isso é porque não se sente diminuída com ele, mas protegida. Já eu uso o hijab porque sou livre."