Cinema Iraniano: Filhos do Paraíso (Bacheha-Ye Aseman) 1997

sábado, 21 de julho de 2007

Segue abaixo, texto de Theresa Catharina de Góes Campos, articulista da ABN, jornalista, escritora e professora universitária.

Uma jóia de simplicidade, profundamente comovente e realista, "Filhos do Paraíso" (Children of Heaven - Iran, 1998 - 88 minutos - de Majid Majidi, que também escreveu o roteiro) foi candidato ao Oscar 1999 de Melhor Filme Estrangeiro. Do primeiro ao último fotograma, sua forma e seu conteúdo compõem um poema sobre a família pobre, lutando diariamente para manter suas necessidades básicas atendidas. Nada é fácil, nem mesmo ir à escola, quando irmão e irmã contam apenas com um par de sapatos.

A história mostra um lar onde existem o amor e o apoio mútuos, amizade e respeito; muita honestidade, apesar das grandes dificuldades e carências; solidariedade entre vizinhos; a disciplina na escola; os costumes familiares, sociais e religiosos iranianos. Outro aspecto importante está nas cenas em que pai e filho vão à cidade e se deparam com uma realidade que chega a lhes assustar: edifícios enormes e residências modernas, luxuosas, ocidentalizadas, equipadas com os mais variados recursos, desde os imensos portões.

Destaques: direção, interpretação, roteiro, fotografia, trilha sonora, apresentação dos créditos iniciais e as cenas finais. Clima de suspense emocional; ação; momentos líricos.

Embora o diretor tenha concluído o script de Filhos do Paraíso (Bacheha-Ye Aseman) em cinco meses, o financiamento do filme foi difícil de ser conseguido, sobretudo porque retrata personagens vivendo na pobreza. Diversas agências governamentais rejeitaram o projeto cinematográfico. Aprovado e produzido pelo Institute for the Intellectual Development of Children and Young Adults (Instituto para o Desenvolvimento Intelectual de Crianças e Jovens Adultos), teve sua filmagem concluída em 70 dias.

Durante o ano letivo, milhares de estudantes assistiram, nas escolas, gratuitamente, ao filme, que se tornou sucesso de público no Irã.

Como os protagonistas desta sua obra, o diretor cresceu vivendo com seus pais e quatro irmãos em um único quarto. Segundo ele explicou:

"Em toda sociedade, existe sempre o problema de 'ter' ou 'não ter', o que cria um monte de conflitos. No momento, esse é o problema mais significativo de nossa sociedade. Nós estamos oscilando entre problemas econômicos e falta de justiça social. É missão da arte continuar a atacar esses problemas, enquanto eles permanecerem."

Em "Filhos do Paraíso", adultos e crianças, ainda que pobres, não abdicam de sua dignidade.

A permanência dos valores familiares, em ambiente de tanta pobreza, revela a força dos vínculos afetivos, ainda que enfrentando circunstâncias em que a exclusão sócio-econômica parece capaz de destruir toda perspectiva de um futuro melhor.


"Os adultos são mais emotivos e mentalmente feridos. Sofrem com o passado e este pode criar um estado de desespero. Nas crianças, só se pode encontrar esperança e paixão pela vida. Elas são a visão de nossos sonhos. Acima de tudo, são a expressão da vida. Parte do motivo pelo sucesso dos filmes iranianos estarem brilhando é devido à presença de crianças neles." - Mohsen Makhmalbaf

"Todos os bons filmes sobre personagens infantis realizados no Iran têm algo mais importante acontecendo em segundo plano." - Niki Karimi

"Um maravilhoso, extraordinário e comovente filme. Atuação marcante com talento, humor e delicadeza." - New York Post

"Filhos do Paraíso é extremamente tocante em uma história de profunda devoção entre crianças. É um filme comovente... irresistível!" - Los Angeles Times

"Uma obra simplesmente arrebatadora." - New York Magazine

"Filhos do Paraíso ilustra os simples laços do amor." - Miami Herald


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