Palestinos

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O Ministério da Justiça informou que os 35 refugiados palestinos, que chegaram ao Brasil nesta sexta-feira (21), terão proteção jurídica e diplomática, e os direitos civis assegurados. Receberão ajuda financeira durante os primeiros 12 ou 24 meses no país e terão acesso aos benefícios sociais. Terão direito a um documento de identidade, carteira de trabalho e um passaporte especial para refugiados.

O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que integra o Comitê Nacional para os Refugiados, explicou que o governo dará condições para que os refugiados possam reconstruir a vida no Brasil.

"Não há nenhum tipo de paternalismo ou assistencialismo. Eles terão que caminhar com as próprias pernas", disse o secretário.

O grupo de 35 refugiados palestinos desembarcou às 5h45 desta sexta no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Dez foram para cidades do interior do Rio Grande do Sul. Os demais foram levados para cidades do interior de São Paulo. Os locais em que serão instalados não foram divulgados. Segundo o secretário Luiz Paulo Barreto, eles estão assustados e serão preservados neste primeiro momento.

No total, o país deve receber 117 palestinos até outubro. Eles viviam em Bagdá antes da invasão norte-americana e foram levadas para um acampamento para refugiados na Jordânia, a 60 km da fronteira com o Iraque. Neste acampamento, viviam em instalações infestadas de escorpiões e sujeitos às tempestades de areia. A área era cercada e controlada pelo governo, sem o reconhecimento das autoridades jordanianas.

 

Com a decisão do Brasil de acolher os palestinos, o campo de refugiados de Ruweished será fechado. O refúgio no Brasil foi uma opção, ressaltou o secretário do Ministério da Justiça. Outros grupos foram levados para o Canadá e Nova Zelândia.

"A primeira sensação que eles tiveram foi de paz. Um país que não tem guerras, um país em que eles podem usar o véu, uma vestimenta, podem professar uma fé. E sabem que isso vai ser respeitado, tolerado, e que a sociedade brasileira não discrimina por serem palestinos, estrangeiros ou de outra religião, outra etnia", disse Luiz Paulo Barreto.

 Integração

O governo brasileiro aposta que os palestinos não terão dificuldade de adaptação por causa da comunidade árabe residente no país. Cerca de 14 milhões de árabes e descendentes vivem no Brasil, observou Luiz Paulo Barreto. Segundo ele, há 300 voluntários da sociedade civil envolvidos com a integração destes palestinos. Entre os refugiados que chegaram nesta sexta, há comerciantes, professores e profissionais liberais.

Dos 35 refugiados, 75% são adultos, a maioria homens. Há quatro famílias, com crianças, adolescentes e idosos. O governo dará um salário mínimo por pessoa, sendo que membros de uma mesma família receberão valores menores. O governo arcará também com as despesas com aluguel, luz, água e gás. O orçamento do Ministério da Justiça para atender refugiados é de R$ 680 mil em 2007. A ajuda será dada nos dois primeiros anos, mas pode ser extendida se o refugiado ainda estiver vulnerável.

 Refugiados no Brasil

O representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) no Brasil, Luis Vasere, elogiou o acolhimento dos palestinos.

"O governo do Brasil deu uma resposta efetiva e imediata a este drama humanitário. Trata-se de uma política de Estado", disse Vasere.

Estão hoje no país 3,4 mil refugiados de 69 nacionalidades diferentes. A maioria, segundo o Ministério da Justiça, é africana. Do Afeganistão, por causa da guerra, vieram para o Brasil 23 pessoas, sendo que 12 já foram repatriados, ou seja, voltaram para o país de origem.


FONTE: G1

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