Parte I - Fundamentos do Budismo - O que é Budismo?

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O Budismo é a denominação dada aos ensinos do Buda. Diferentemente das demais religiões, seus ensinos possibilitam às próprias pessoas tornarem-se Budas. Não existem distinções entre a divindade (O Buda) e a Humanidade (mortais comuns). De nenhuma forma pode-se definir o Buda como um ser transcendental ou supremo. O Buda representa o "Iluminado", isto é , a pessoa que descobriu o substrato básico e o aspecto real da vida do universo que apóia a humanidade e os demais seres vivos. O Buda que intuitivamente reconheceu esta realidade básica dentro de sua própria vida, é a pessoa que verdadeiramente conhece a si própria.

O Budismo é basicamente uma filosofia de vida que fornece os instrumentos com que o indivíduo pode chegar à felicidade absoluta ou o Estado de Buda.

O Budismo incentiva-nos a uma prática altruísta, isto é, ensinar e auxiliar os outros a descobrirem a realidade última que existe inata em suas próprias vidas, para que possam conduzir uma vida verdadeiramente feliz (Felicidade Absoluta x Felicidade Relativa).

O Budismo de Nitiren Daishonin fundamenta-se na afirmação de que todas as pessoas têm o potencial de atingir a iluminação. Esta idéia é a epítome (resumo) do Budismo Mahayana, uma das duas principais divisões do Budismo. Surgiu na Índia após a morte de Sakyamuni, através de um movimento de popularização dos ensinos do Buda. Seus discípulos não se isolaram da sociedade como alguns grupos budistas anteriores. Ao invés disso, lutaram para a propagação em meio ao povo e para auxiliar as outras pessoas no caminho da iluminação. Portanto, Mahayana é caracterizado pelo espírito de benevolência e altruísmo.

O Budismo Mahayana foi introduzido na China, onde deu origem a várias seitas. Uma das mais importantes foi fundada por Tientai (538- 597), conhecida como seita Tendai. Esta ensina que o Sutra de Lótus é o mais alto de todos os sutras Mahayana e que todas as coisas, tanto animadas como inanimadas, possuem um potencial dormente para a iluminação. Esta doutrina resultou na teoria conhecida como "Itinen Sanzen". As doutrinas da seita Tendai foram mais tarde desenvolvidas e sistematizadas por Miao-lo (711-782), o nono chefe religioso da seita.

O Budismo de Tientai foi introduzido no Japão no Século IX por Dengyo Daishi que havia estudado sua doutrina na China. Mais tarde, no século XIII, Nitiren Daishonin estudou no Monte Hiei. O centro da seita Tendai no Japão, e veio a entender que o Sutra de Lótus constitui a essência de todo o Budismo. Logo depois, começou a pregar o conteúdo do que havia descoberto.

De acordo com seu ensinamento, as funções de todo o universo estão sujeitas a um único princípio ou lei. Através da compreensão desta lei, a pessoa é capaz de libertar o potencial oculto de sua própria vida e atingir a harmonia perfeita com o seu ambiente.

Nitiren Daishonin definiu a lei universal como Nam-myoho-rengue-kyo, uma fórmula que representa o fundamento do Sutra de Lótus e é conhecida como Daimoku. Além disso, ele deu concreção à lei, inscrevendo-a num pergaminho - Gohonzon - para que as pessoas pudessem colocar a essência da sabedoria budista em prática e desta forma atingir a iluminação. No tratado intitulado "O Verdadeiro Objeto de Devoção", ele concluiu que crendo e orando Nam-myoho-rengue-kyo ao Gohonzon, que é a cristalização da lei universal, revelar-se-á a natureza de Buda inerente em todos os indivíduos.

Todos os fenômenos estão sob a infalível lei de causa e efeito. Conseqüentemente, o estado de vida de um ser - seu destino, em outras palavras é a conseqüência de todas as causas prévias. Através da oração do Nam-myoho-rengue-kyo, a pessoa está criando a causa suprema, que pode compensar os efeitos negativos do passado.

A iluminação não é mística nem transcendental como muitos supõem. Antes, é uma condição de máxima sabedoria, vitalidade e boa sorte, na qual o indivíduo pode moldar o seu próprio destino, encontrando plenitude nas atividades diárias e entendendo a missão de sua vida.

Texto retirados do livro "As escrituras de Nitiren Daishonin"
págs. 37 e 38 - Editora Brasil Seikyo

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