Poemas que já decorei O Azul é mais Azul que o Anil (Daisaku Ikeda)

sexta-feira, 31 de julho de 2009


O novo amanhã é dos jovens,
Tal como a exuberância dos verdes campos de trigo
Na manhã clara de geada. Mesmo em março,
O frio é rigoroso
No Fuji escarlate na alvorada. 

A convocação repentina
Como o lampejo de um relâmpago,
Seis mil companheiros emergidos da terra
Lá compareceram. Branco se tornava o ar expirado,
E os passos no chão adormecido
Ecoavam pelo bosque ainda escuro. 

Havia moças de rosto ruborizado,
Como também adolescentes de uniforme escolar
E jovens que inflavam o peito imponentemente
Apesar de desprovidos de roupas próprias de frio.

No ambiente gelado e ainda escuro,
Seus olhos cintilavam num pulsar precioso
Prestes a receber o majestoso "tempo"
Com o raiar da alvorada.

Ah! A expressão da genuína vida dos jovens,
Pura e vigorosamente,
Anunciavam a ascensão do Sol novo e fulguroso.
Oh! Dezesseis de março —
Eternizado ficará para sempre.

Nesse dia,
Em torno do venerado mestre,
Delineou-se o modelo do Kossen-rufu
E tornou-se o "Dia do Juramento",
Inalterável por todo o eterno futuro,
Da luta conjunta de mestre e discípulo.

Assim, preservando o profundo significado desse dia,
Este foi denominado de
"Dia Comemorativo do Kossen-rufu".

Decorrida a terrível batalha deste século
Como tempestade para a humanidade,
O pulsar da correnteza do Kossen-rufu
Emergiu no bailar imbatível
Do herói que se levantou resoluto
Envolto pela chuva e escuridão.

Dia 3 de maio de 1951 —
"Atirem meus restos mortais na Baía de Shinagawa
Se eu não concretizar 750 mil famílias" —
Ante esta declaração que ressoou pelo chão,
A chama, no peito dos companheiros, expandiu-se.

No desenrolar dos sete anos,
Árduas lutas se sucederam
Desgastando a própria vida
Numa demonstração de que
Não há outro momento para lutar
Do que agora,
E que todo o esforço ora canalizado
Encerra o valor de milhares de anos.

Ah! Nos dias que se sucederam,
A onda de júbilo dos companheiros revivescentes
Formou finalmente
A fileira de 750 mil heróis emergidos da terra.

Setecentos anos se passaram
Desde o levantar do Grande Filósofo.
Foi o tempo que amadureceu
Ou o tempo foi atraído e criado?
Místico é o assentamento do alicerce do
Kossen-rufu de Mappo.1

Primeiro de março de 1958 —
O ardor da proteção
Transformou-se na inauguração
Do grande Auditório do Ensino Essencial do
Sutra de Lótus,
Que havia muito não se via igual,
E assim se concretizou uma das aspirações do mestre.
Naquela ocasião,
Por providência das entidades budistas
Ou foram Bonten e Taishaku que desceram à terra,
Uma notícia se espalhou:
O primeiro-ministro compareceria
No dia 16 de março.
E o mestre propôs
Tornar esse dia
Uma Cerimônia de Demonstração do Kossen-rufu.

Os jovens emergidos da terra,
Considerados por ele atores principais da
Grande cerimônia
Seis mil se reuniram ante a repentina convocação.
Lá estavam os jovens musicistas do Kossen-rufu
E também os "Anjos da Paz"
Abrilhantando a marcha com valentia e beleza.

Na manhã enregelada
Juntos saborearam a sopa quente de leitão,
Fazendo penetrar no corpo e na alma
O sentimento do mestre.

Mesmo trajados pobremente
Transbordavam de felicidade e orgulho
Por viver pela nobre missão.
A alegria de viver juntos ao lado do mestre
E de juntos avançarem com o mestre
Compôs o sorriso de profunda satisfação.

Sem buscar fama nem abrigo
Fortuna e nem mesmo benefícios,
Elevando o espírito valente e cristalino
Com o desejo único de tudo consagrar
Junto com o mestre
Em prol da Grande Lei.

Nesta propagação alicerçada no juramento,
Transcendendo a vida e a morte,
E de acordo com os sagrados ensinamentos,
Foi assentada a história de absoluta vitória 
Que mesmo as ondas das maldades
Não puderam impedi-la.

No alvorecer do ano de 1958,
No meio do turbilhão contra a fúria da doença, 
O indomável mestre em seu brado revelou:
— Quero lutar por mais sete anos,
Até alcançar dois milhões de famílias.

Compreendendo seu sentimento
Sozinho e na profunda tristeza,
Jurei naquele dia herdar inteiramente
A tocha da concretização do
Kossen-rufu por toda a vida
Mesmo que preciso fosse atirar meu corpo ao chão.

Muitos companheiros
Pouco sabiam da gravidade da saúde do mestre
E otimistas estavam por sua recuperação.
Sozinho, visualizando o futuro do Kossen-rufu,
Dispus-me profundamente determinado
A jamais esquecer os ensinamentos do mestre
Mesmo deitado, imerso em meus sonhos.
O mestre, por sua vez, não permitindo
Que me afastasse,
Treinou-me em meio ao rigor, 
Dedicando todos os seus esforços.
Não esquecerei o brado do âmago de meu mestre:
— Nada mais quero.
Somente busco valores humanos de confiança!

Ah! Dia 16 de Março —
O primeiro mandatário não compareceu,
E a cerimônia teve início
Com a presença de sua esposa e genro.

O venerado mestre,
Arrastando seu corpo doente,
Levantou-se na liderança pessoal
Dos jovens emergidos da terra,
Assentando aí o espírito da
Concretização do Kossen-rufu.

Misticamente,
A radiante cerimônia tornou-se
O momento solene da transmissão,
Do estandarte dos herdeiros,
Do mestre para o discípulo.

O mestre e pai,
Carregando seu corpo debilitado,
Resoluta liderança tomava.

Ante o palanquim construído pelos discípulos,
Repreendeu-os com rigor:
— É demasiado grande!
Não serve para a batalha!
Porém, nele subiu
Louvando a preocupação dos discípulos,
Suas palavras tocaram
As profundezas de seus corações.
Sucesso ou fracasso, quem irá empreendê-lo?
A verdade da vida devotada até a morte
Tal como o aspecto imponente 
De Komei contado no Gojoguen,2
A figura do venerado mestre sobre a plataforma
Parecia lançar raios de luz eternos e indestrutíveis.

— Nós somos soberanos do mundo da religião!
O brado vigoroso do grande herói,
Que nasceu para o Kossen-rufu,
Ecoou por entre os gigantescos cedros de 700 anos.

Eu declaro —
Aquele brado triunfante
Do grandioso soberano dos povos,
Que ressoou por todo o mundo
E por toda a eterna era de Mappo,
Parecia obscurecer até mesmo
A brilhante jornada do Grande Rei Alexandre.

A enfermidade do mestre
Era demais grave.
A mim, que o sustentava nos braços,
Ele espremeu da sua vida
As intrépidas palavras:
— Daisaku! Eu conclui todo o meu trabalho.
Já posso morrer quando quiser. 
O resto deixo com você! —
Aquelas palavras,
Em meus ouvidos,
Ainda ressoam nitidamente.

O mestre estava com 58 anos
E o discípulo, com 30.
Talvez, por ter herdado a sua vida,
Pude receber os 60 anos em seu lugar.

Meus caros jovens!
Agora, com o mesmo sentimento do mestre,
Peço-lhes que me sucedam.

Ah! Ainda hoje
Lembro com profunda gratidão
A benevolência grandiosa do
65º sumo prelado, Nitijun Shonin,
Que nos assistiu do começo ao fim.

Na conclusão de sua liderança
De inúmeras e árduas batalhas,
O mestre, agora deitado enfermo em seu leito,
Perguntou-me:
— Que livro está lendo?
Estude! Estude! Estude!
Repreendia-me com rigor e benevolência.

Disse-me num outro momento:
— Sonhei que fui ao México.
No calor de seus olhos benevolentes
Podia-se ler:
— Em tuas mãos confio o mundo!

Fazendo do coração do mestre 
O meu próprio coração,
Jurei voar em prol do Kossen-rufu mundial
Por este céu imenso
Como o grande pássaro da lenda chinesa.

Quatro dias antes do falecimento —
O leão rugiu severa e rigorosamente:
— Não afrouxem as mãos do ataque!
Cravando assim o pilar do avanço dos discípulos
Como vagas furiosas.

Ah! Inesquecível 2 de abril...
Cercado pela exuberância das cerejeiras
O venerado mestre partiu para o Ryozen.3
A parte de sua vida que aqui ficou
Iniciou o ataque inabalável
Rumo à concretização do Kossen-rufu.

Na época
Assim escrevi em meu diário:
"Um jovem discípulo de Toda
Avança sozinho e imponente
Contra os ventos do norte."

Nos trinta anos que se seguiram,
Fazendo frente aos tormentos das ventanias
E me expondo só debaixo do sol escaldante,
Movido pelo desejo único de proteger
Os meus queridos companheiros,
Dispus-me no combate a todos os
Obstáculos e maldades
Sem retroceder um passo sequer
Dia após dia.

Por estar ciente
De que o budismo é vitória ou derrota,
Não me permiti,
Em meio às ondas bravias,
Um momento de estagnação ou hesitação
Para provar à posteridade
A figura autêntica e valente
Tal como Ashura.

Os saudosos irmãos,
Que estiveram no glorioso 16 de março,
Viveram também a jornada de trinta anos
Sem nunca retroceder,
Registrando junto comigo,
Corajosa e valentemente,
A sinfonia da gloriosa jornada.

A tempestade dos três fortes inimigos
Por várias vezes
Tentou se levantar à nossa frente.

Houve dias turbulentos de intensos ataques
E traição de astutos e perversos.
Entretanto, com toda a radiância,
Nós os vencemos completamente.

As jovens daquela época
Que transpuseram as inúmeras intempéries
Com as asas da esperança, 
São hoje rainhas acariciadas 
Pelas douradas brisas da felicidade.

Os jovens,
Como pilares da sublime fortaleza da paz
Para a grandeza do ser humano,
Assentaram imponentemente seu alicerce inabalável.

A mística relação dos companheiros
Concebida no passado infinito de kuon,
A força da união que converte o itai em doshin,
O austero laço de devoção da vida
Pelo ideal dos sagrados ensinamentos —
Em torno desse eixo diamantino e indestrutível
Estabeleceu-se para toda a posteridade
O alicerce do Kossen-rufu.

O ardor dos jovens que se sucedem ilimitadamente,
Emerge como nuvens brancas
Hoje e amanhã também
Lá no azul do horizonte.

Quando novamente percorrer
O espaço celestial do novo século,
Não haverá mais nuvens escuras
De obstáculos e maldades.
O rosto dos jovens filhos do Buda
Resplandecente estará com todo o vigor
E as pétalas irão bailar
Ao vento da fragrância de sua jornada.

O jovem é o tesouro imensurável.
Todo labor e dificuldade,
Até mesmo vitórias e derrotas,
Tudo é trampolim para o maravilhoso dinamismo.

Meu jovem! Meus caros jovens!
Peço-lhes que se encarreguem
Do novo e segundo "Sétimo Sino".
Na propagação gradativa para o Leste
De acordo com o seu próprio princípio,
O budismo chegou ao Japão
E 700 anos se passaram
Para o Grande Filósofo aqui emergir
Com toda a imponência do Sol.

Passados sete séculos desde então
Uma mística organização nasceu,
Revertendo as ondas do Kossen-rufu da Verdadeira Lei
Para a propagação gradativa para o Oeste
Banhando as praias da Ásia e de todo o mundo.

Agora, a Lei Mística —
O supremo raiar da grandiosa luz da vida —
Está prestes a cobrir
Toda esta Terra azul.

Meu jovem,
Não questione se a grandiosa
Correnteza do Kossen-rufu
É ou não uma certeza no curso da história.

Questione sim, a todo momento,
Se possui ou não a paixão
De tornar o Kossen-rufu numa certeza
Em seu próprio coração
Com o labor e suor de si mesmo.

Kossen-rufu é
Implantar o supremo estado de vida do Buda
No coração da humanidade
Seguindo o testamento de Daishonin,
Cobrindo esta grande Terra eternamente
Com o desabrochar exuberante
De flores da renascença da vida.

Tient'ai declarou:
"O azul é mais azul que o anil!"

A você, meu jovem,
Oro ardentemente para que,
Abraçado à Lei básica 
E emitindo ilimitados raios de luz
Do interior de sua própria vida,
Trace com audácia
Todo o curso da grandiosa história
Do triunfo da sinfonia do povo.

Para todo compromisso,
No raiar da "Era dos Jovens"
Heróis da missão
Haverão de emergir em sucessão.
Ah! A grande expedição para os próximos trinta anos
Assinala agora a sua partida.

Eu acredito que vocês,
Meus jovens e minhas jovens,
Haverão de transpor valentemente
Os desconhecidos picos das intempéries
Para tocar solene e vigorosamente
Os sinos da alvorada do novo século.

O tempo retorna
E aqui recebemos 
O "Dia Comemorativo do Kossen-rufu".
Este dia não é senão
A manhã de renovada esperança
Dos meus queridos discípulos.

Meus jovens,
Haja o que houver,
Avancem sempre!
Agora é o tempo
Que não devem
Recuar um passo sequer.

Jovens!
Haja o que houver,
Desafiando resolutamente 
O labor no aprimoramento diário,
Cantem, cantem altivamente
Os versos da juventude alegre e vigorosa.

Com a harmonia de ouro
Indestrutível por toda a existência,
Desbravem com todo o ardor
A nova manhã da história da humanidade
E completem por mim o sagrado empreendimento.

Agradecendo sinceramente a todos os
companheiros que compareceram à cerimônia
em meio ao vento gelado desde as primeiras horas da manhã do dia 16 de março de 1958,
elevo minhas orações formulando votos de
felicidade e de longa vida.

De mãos postas em oração...

O Poeta Laureado
Em 9 de março de 1988 

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