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terça-feira, 28 de agosto de 2007

São Paulo – Os sauditas estão descobrindo o Brasil como destino para seus investimentos. A afirmação foi feita ontem (27) pelo embaixador brasileiro em Riad, Isnard Penha Brasil Jr., após reunião com lideranças da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, na sede da entidade em São Paulo. O embaixador está de férias no país e deu uma entrevista à ANBA depois do encontro.

Neste ano foram anunciados negócios que envolveram Brasil e Arábia Saudita. Um deles foi a compra feita pela saudita Cristal de uma companhia norte-americana produtora de dióxido de titânio, a Millenium, que tem operações no Brasil. A petroquímica saudita Saudi Basic Industries Corporation (Sabic), por sua vez, comprou a General Eletric Plastics, que também possui indústrias no país.

De acordo com Isnard, há atualmente, por parte da própria embaixada, um esforço para a difusão do Brasil como local para investimentos na Arábia Saudita. "Outra coisa é o fato de o Brasil ser um país onde a imigração saudita, árabe, não padece de problemas. O Brasil é um país aberto, receptivo, nossa política de tratamento de capital é bastante aberta. Com tudo isso junto eles têm começado a olhar para nós", diz o embaixador.

Isnard cita como setores nos quais os sauditas podem ter interesse em investir a produção de alimentos e equipamentos, entre outros. A venda de máquinas, segundo o embaixador, pode ser uma boa oportunidade para os brasileiros neste momento, já que o país árabe está investindo em industrialização de setores não-petrolíferos.

O embaixador brasileiro afirmou que uma executiva da Saudi Arabian General Investment Authority (Sagia), agência que cuida da área de investimentos na Arábia Saudita, o procurou com a vontade de realizar uma missão ao Brasil para verificar as possibilidades de investimentos. O diplomata afirma que a tendência é que os investimentos sauditas no Brasil aumentem e que uma das formas de impulsionar este crescimento é a realização de missões.

"Há muito dinheiro na Arábia Saudita e o Brasil é um país simpático aos sauditas", afirma. Além de filiais de companhias norte-americanas, os sauditas possuem também capital de outras empresas com sede no Brasil. É o caso da Amitech, produtora de tubos e conexões. O grupo saudita Amiantit é dono de 30% do capital da companhia.

Um fator que pode alavancar ainda mais negócios entre Brasil e Arábia Saudita é o acordo comercial que está sendo negociado entre o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), do qual o país árabe faz parte, e o Mercosul, integrado pelo Brasil. Os dois blocos estão negociando a lista de produtos que terão vantagens tarifárias quando o tratado for firmado.

O embaixador acredita que até o final do ano deve haver uma nova rodada de negociações. As ofertas deverão ser revistas, segundo Isnard. Um dos motivos é que não foram incluídas na lista de ofertas do Mercosul concessões na comercialização de produtos petroquímicos, área na qual os sauditas, por exemplo, têm interesse.

Educação

Além de trabalhar pela aproximação econômica e diplomática entre os dois países, a embaixada do Brasil em Riad também vem se esforçando pela interação na área cultural e educacional das regiões. Na última visita do embaixador brasileiro Isnard ao Brasil, no começo deste ano, ele fez uma série de contatos para viabilizar a cooperação entre instituições públicas e privadas educacionais do Brasil com os seus pares na Arábia Saudita.

A idéia é que o Brasil seja um local para os sauditas complementarem seus estudos, principalmente pós-graduações na área de ciência e tecnologia. Muitos sauditas estão com dificuldades de obter vistos para Estados Unidos e Europa, onde normalmente complementavam os seus estudos.

As conversas sobre essas possibilidades continuam ocorrendo, segundo Isnard. De acordo com o embaixador, é preciso, porém, que sejam feitas ações rapidamente já que outros países também já estão percebendo este espaço de mercado entre os sauditas. O embaixador acredita que poderiam ser feitos, inclusive, acordos diretamente entre as instituições de ensino.

No Brasil

Na Câmara Árabe, Isnard foi recebido pelo presidente da entidade, Antonio Sarkis Jr., pelo vice-presidente de Relações Internacionais, Helmi Nasr, o vice-presidente de Marketing, Rubens Hannun, o vice-presidente Administrativo, Paulo Sérgio Atallah, o vice-presidente de Comércio Exterior, Salim Schahin, e os diretores Nahid Chicani e Mustapha Abdouni. Além de embaixador do Brasil na Arábia Saudita, Isnard atua também como embaixador do Brasil no Iêmen e em Omã.


Isaura Daniel
http://www.anba.com.br/noticia.php?id=15723

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