Ministro da Cultura participou em lançamento na Biblioteca América do Sul-Países Árabes

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

São Paulo – "O livro e a literatura são instrumentos imprescindíveis não apenas para a aproximação entre as pessoas, mas entre povos inteiros", afirmou ontem (24) o ministro da Cultura, Gilberto Gil, no lançamento do primeiro livro da Biblioteca América do Sul-Países Árabes (Bibliaspa) no Palácio do Itamaraty, em Brasília. A obra "Deleite do estrangeiro em tudo o que é espantoso e maravilhoso: estudo de um relato de viagem bagdali", de Paulo Farah, professor da Universidade de São Paulo (USP), foi editada em português, árabe e espanhol.

O livro, uma tradução comentada de um manuscrito feito pelo imã Abdurrahmán Al-Baghdádi, nascido em Bagdá, e que viveu no Brasil de 1865 a 1868, é fruto de uma parceria dos ministérios da Cultura e das Relações Exteriores com as bibliotecas nacionais de Argel, Caracas, Rio de Janeiro e Biblioteca Ayacucho, da Venezuela, que foram responsáveis por sua edição. A obra teve também o apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.

De acordo com o ministro, o lançamento do livro marca o nascimento da Bibliaspa, iniciativa lançada durante a Cúpula América do Sul-Países Árabes (Aspa), realizada em maio de 2005. Segundo Gil, a biblioteca tem como objetivo fomentar o diálogo cultural em torno dos estudos das ciências sociais, da literatura e das artes que unem intelectuais e artistas da América do Sul, África e dos países árabes. "Esse manuscrito que nos chega hoje (ontem) nos serve de instrumento para chegarmos a um futuro de ainda mais aproximação entre sul-americanos e árabes", afirmou.

O ministro disse ainda que os sul-americanos e os árabes já se conhecem há muito tempo e que há mais de 150 anos os árabes participam ativamente da construção e do desenvolvimento dos países e contribuem cultural, econômica e politicamente para as sociedades sul-americanas.

No encontro também estava presente o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que lembrou das viagens realizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos países árabes, da iniciativa da realização da cúpula árabe sul-americana e da nova cúpula que deverá ser realizada no próximo ano. "Esse diálogo tem uma raiz muito óbvia, pois o elemento constante em todos os países sul-americanos é a presença árabe. Os árabes foram também um traço de união na América do Sul", disse Amorim.

Ambos os ministros elogiaram a obra de Farah e a iniciativa da biblioteca. Na cerimônia também se falou das próximas obras que estão sendo editadas, como um livro de contos árabes e sul-americanos; uma coleção de 10 livros de ciências humanas sobre os países árabes e os sul-americanos; e uma tradução do português para o árabe do romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, um dos mais importantes livros da literatura brasileira.

A cerimônia foi marcada também pela exposição de 38 quadros e gravuras do século 19, que retratam o Brasil da época. As imagens são acompanhadas por trechos do manuscrito traduzido por Farah. Segundo ele, a exposição vai circular por outros países como Argentina, Chile, Venezuela, Bolívia, Líbano, Síria, Egito e Kuwait. No discurso de Farah, ele fez ainda um agradecimento especial à Câmara Árabe pelo apoio e incentivo recebido durante a edição do livro. 

No encontro, também estavam presentes o secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, os embaixadores árabes e sul-americanos no Brasil, e Ânuar Nahes, que vai assumir o cargo de embaixador brasileiro no Catar, mas até recentemente era o coordenador de seguimento da Cúpula Aspa no Itamaraty.


Marina Sarruf
http://www.anba.com.br/noticia.php?id=16324

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