Depois de quase cinco anos levando informações sobre o Brasil e os países árabes, a ANBA lança, amanhã, o seu novo site.

terça-feira, 17 de junho de 2008

São Paulo - O poeta já disse que não é preciso dormir para sonhar. Ele tem razão. Às vezes, sonhar exige ficar acordado e muito trabalho. O sonho da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, quando criou a Agência de Notícias Brasil-Árabe (ANBA), é um exemplo disso. Em menos de cinco anos, a ANBA produziu mais de 10 mil matérias. Seu site foi visitado por exatamente 5 milhões 964 mil e 336 pessoas. Nesse período, a agência ganhou sete prêmios de jornalismo na categoria internet e foi finalista em outros cinco.

Como persistir no sonho é preciso, a ANBA, sempre em busca da qualidade da informação e do constante estreitamento de laços entre brasileiros e árabes, lança amanhã seu novo site. O principal destaque no primeiro dia dessa nova fase é a entrevista exclusiva com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula diz que a conquista de novos mercados, linha mestra da política de comércio exterior do governo, é uma das razões do crescimento das exportações brasileiras. O presidente destacou ainda a contribuição da Câmara Árabe para o crescimento das relações comerciais entre o Brasil e os países da Liga Árabe:

"A Câmara de Comércio Árabe Brasileira é uma instituição de importância crucial para nosso relacionamento com a região, pois é referência na cooperação comercial e cultural, além de ser parceira do governo no apoio a atividades que fomentam a aproximação entre o Brasil e as nações árabes."

O novo site da agência é mais moderno, ágil e com mais recursos visuais e gráficos. Esses novos instrumentos permitirão que o sonho avance. Não há tempo para dormir. Mas há tempo para um pequeno balanço desses quase cinco anos em que a ANBA está no ar.

Os bons resultados alcançados foram conseqüência de muita criatividade, raça e talento de sua equipe de jornalistas. Foi essa química que transformou a ANBA em uma agência compromissada com a missão da Câmara Árabe de aproximar e consolidar o relacionamento comercial e cultural entre o Brasil e o mundo árabe.

Hoje, com orgulho, o site da ANBA é leitura obrigatória para vários públicos: embaixadas, governo, entidades de classe, universitários, exportadores, empresários, etc.

Isso foi possível porque as reportagens da agência apresentaram o Brasil aos árabes e os árabes aos brasileiros. Não nos limitamos a mostrar o potencial do mercado dessas duas regiões. Não abordamos em nossas reportagens apenas o comércio entre esses dois povos. Mostramos também a afinidade e, porque não dizer, a identidade cultural entre árabes e brasileiros.

Descobrimos que, embora geograficamente distantes, afetivamente esses dois povos estão ligados por profundos laços de identidade e bem querer. Revelamos, por exemplo, a influência árabe na música, na poesia e na arquitetura brasileira. E vice-versa.

Nesses quase cinco anos nas matérias produzidas pela ANBA, o leitor ficou sabendo que a poesia árabe moderna tem raízes no Brasil. A jornalista Paula Quental, por sua vez, descobriu que o escritor Hiram Araújo, ao pesquisar as origens do carnaval, chegou ao Egito. Segundo ele, a festa nasceu nas margens do Rio Nilo, quatro mil anos antes de Cristo, nas comemorações que os povos locais faziam para saudar o período bom para o plantio de alimentos. A festa "egípcia" é hoje a maior manifestação cultural do Brasil e movimenta R$ 1 bilhão só no Rio de Janeiro.

Reportagens da ANBA revelaram também a influência do Brasil na literatura árabe. Andrea Estevão mostrou que o Modernismo brasileiro inspirou grupos literários formados por poetas e intelectuais emigrados dando início a uma poesia de inovações radicais, que rompe com a tradição árabe de função exclusivamente religiosa da linguagem. Um veículo importante para o nascimento dessa nova poesia foi a imprensa árabe no Brasil: entre 1890 e 1940 existiram mais de 394 periódicos árabes em solo nacional.

Em dezembro de 2006, Marina Sarruf descobriu um Líbano que fala português e come arroz e feijão. Na região do Vale do Bekaa, existem cidades onde a cultura brasileira está presente na maioria das casas. Isso ocorre por causa do retorno de imigrantes que se casaram e tiveram filhos no Brasil. "Quando cheguei no Líbano tive que ter aula particular para aprender o árabe", disse Mohamed Abdul Fattah, que nasceu em São Paulo e se mudou para o país árabe com os pais aos oito anos de idade.

Em junho desse ano matéria da correspondente no Cairo, Randa Achmawi, mostrou que o laboratório de restauração do Centro de Manuscritos e Livros Raros da Biblioteca de Alexandria, no Egito, é hoje considerado um dos locais mais modernos do mundo para a recuperação e preservação de documentos antigos. Nele já foram restaurados mais de dois mil livros, 500 manuscritos e 120 mapas.

Pé na estrada

Como o bom jornalismo é sinônimo de pé na estrada, nesses quase cinco anos nossos repórteres percorreram quilômetros equivalentes a pelo menos duas voltas ao redor do mundo. Alexandre Rocha, Isaura Daniel e Marina Sarruf foram aos Emirados Árabes, Kuwait, Marrocos, Egito, Catar, Argélia, Arábia Saudita, Tunísia e Iêmen. Em reportagens especiais cobriram missões comerciais brasileiras àqueles países. Mostraram ainda a cultura e a arte daquela região.

Por aqui, entre outras matérias Cláudia Abreu, Geovana Pagel e Débora Rubin, depois de um mês de apuração produziram a série de reportagens "A década mágica do café". Com elas, a equipe ganhou o prêmio CNC de jornalismo.

Em setembro de 2004, o editor-executivo, Alexandre Rocha, percorreu o Mato Grosso e produziu a série de reportagens sobre a infra-estrutura de transporte no estado, intitulada "Mato Grosso: setor privado investe para superar gargalos de logística". As matérias deram a Rocha o prêmio CNT de Jornalismo. O repórter revelou os problemas na infra-estrutura de transportes no estado, os investimentos privados em ferrovias, rodovias e hidrovias e sobre a produção agropecuária local.

Em 2006, a editora-sênior, Isaura Daniel, de mochila nas costas, bloquinho de anotação na mão e uma pauta na cabeça, viajou até o distrito de Mazagão Velho, no Amapá, que foi criado em 1770, a partir da população transferida de uma cidade do Marrocos. Os primeiros habitantes do distrito foram trazidos ao país pelos portugueses, que resolveram deslocar para o Brasil os moradores de uma cidade marroquina chamada Mazagão, ao perderem o domínio do seu território para os árabes.

A questão palestina sempre foi objeto de atenção da ANBA, como mostrou a repórter Débora Rubin na série "Um país para chamar de seu". Débora contou que desde o dia 21 de setembro do ano passado, o Brasil conta com 108 novos residentes. São refugiados palestinos que foram acolhidos pelo Programa de Reassentamento Solidário, implementado pelo governo brasileiro em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Vale a pena ler de novo um trecho da reportagem que abriu a série:

"Durante os últimos quatro anos e meio, foi como se a vida tivesse parado. Quem estudava, parou. Quem cantava, silenciou. Quem trabalhava, descobriu o ócio. Os 108 palestinos que chegaram ao Brasil em diferentes levas desde setembro, viveram esses últimos anos em um acampamento para refugiados na Jordânia, Ruweished, no meio do deserto. Se fixaram a 70 quilômetros da fronteira com o Iraque, de onde fugiram em 2003, por causa da invasão norte-americana no país."

Além de contar aos árabes o que acontece por aqui, a ANBA também mostra, todos os dias, aos brasileiros, o que acontece por lá, no mundo árabe. Mark Ament e Gabriel Pomerancblum traduzem notícias do inglês para o português de agências árabes parceiras. Dessa maneira contaram, por exemplo, do investimento de US$ 1,8 bilhão que os bancos árabes farão em informática neste ano, dos projetos de ampliação de transporte coletivo em Dubai, das licitações com oportunidades para empresas brasileiras. 

Competência e amor

"Para a Câmara Árabe, o jornalismo praticado pela ANBA é motivo de orgulho e satisfação. É ver a credibilidade da agência junto aos governos dos países árabes e do Brasil, aos governos estaduais, entidades de classe e entre os empresários. Isso mostra que a agência é respeitada pelo jornalismo de qualidade que pratica tanto no Brasil como nos 22 países árabes", afirma o presidente da Câmara, Antonio Sarkis Jr.

Em seu entender o sucesso da ANBA "é fruto de muito trabalho, competência, determinação e, sobretudo, amor dos seus jornalistas pelo que fazem". Essa determinação e amor continuarão sendo a bússola da ANBA, que em árabe quer dizer notícia.

Joel dos Santos Guimarães

Editor-chefe


http://www.anba.com.br/noticia.php?id=18604

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