Nigéria em busca do seu Ouro

quinta-feira, 21 de agosto de 2008


Nigéria sonha com bicampeonato olímpico

Antes da Olimpíada, poucos acreditavam que a Nigéria pudesse repetir o feito de 1996, quando conquistou a primeira medalha de ouro do futebol africano. A desorganização de sua federação atrapalhou mais uma vez a preparação da equipe, que não pôde cumprir boa parte do cronograma de amistosos e ainda enfrentou sérias dificuldades na liberação dos jogadores. Com um maior cuidado por parte de seus dirigentes, nomes como Vincent Enyeama e Iker Uche certamente teriam sido cedidos para o elenco do treinador Samson Siasia.

Quase nada, no entanto, foi feito nesse sentido. Dessa forma, somente um veterano, Peter Odemwingie, foi chamado para a competição. E foi justamente o jogador de 27 anos que esteve no centro de uma confusão que quase minou os planos do país nos Jogos Olímpicos. Ao longo da primeira fase, a seleção nigeriana esteve longe de empolgar e só confirmou a classificação para as quartas-de-final na última rodada, com uma vitória apertada sobre os Estados Unidos.

O placar pouco convincente enfureceu Siasia, que disparou contra seus atletas através da imprensa. O tom das críticas do técnico e a sua postura não agradaram o grupo nigeriano, que, liderado por Odemwingie, manifestou a sua insatisfação. Até mesmo ameaças de abandono de delegação foram ouvidas em meio ao clima pesado que tomou conta dos bastidores do time. Só depois de uma reunião entre as partes é que tudo foi esclarecido e o foco principal foi recuperado: a conquista do bicampeonato olímpico.

A partir de então, o Dream Team IV, como é conhecida a equipe, deslanchou e derrotou Costa do Marfim e Bélgica. Em ambas as oportunidades, ele se mostrou amplamente superior e não tomou conhecimento de seus adversários, que vinham bem no certame, diga-se de passagem. Por trás desses resultados, está não só a força de vontade da equipe, mas também a consciência tática empregada pelo treinador Samson Siasia entres seus jogadores.

A despeito do que ainda se continua ouvindo falar, as Super Águias têm apresentado um senso de organização dentro de campo que impressiona. Um exemplo disso é a formação de seu ataque, que, sabidamente, é o setor mais talentoso e com mais alternativas do elenco. Para tentar acomodar o maior número de nomes no time titular, optou-se por um esquema ousado, porém, atento à sua fragilidade defensiva. Assim, escalou-se Odemwingie como referência na frente e Obinna, Ogbuke e Okoronkwo mais atrás.

O sucesso dessa postura está ligado também ao entrosamento dos atletas. Pouco se escutou a respeito até agora, mas mais do que uma revanche de 1996, a decisão do ouro olímpico contra a Argentina é um reencontro de dois times que se enfrentaram há dois anos, no Mundial Sub-20 da Holanda. Na ocasião, eles fizeram a final e os sul-americanos ficaram com o título. Para este sábado, os protagonistas seguem sendo basicamente os mesmos. Fica a torcida nigeriana para que se repita o que aconteceu em Atlanta, no entanto.

Camarões e Costa do Marfim ficam pelo caminho

Com a Nigéria na decisão, o futebol africano está mais uma vez representado na briga pelo ouro olímpico. Apesar do feito notável, não se pode deixar de comentar a campanha das outras duas seleções do continente, Costa do Marfim e Camarões, no torneio. Em sua estréia em Olimpíadas, os Elefantes deixaram uma bela impressão, com um futebol ofensivo que encantou a todos e que só foi superado pela maior experiência das Super Águias nas quartas-de-final.

Na ocasião, ainda contribuiu para a derrota a opção equivocada de seu técnico, Gérard Gili, em escalar a equipe com três zagueiros no segundo tempo do jogo. O resultado, porém, não abalou o feito de um grupo que deixou a competição em alta e prometendo bastante para o futuro. Emmanuel Koné, Gervinho e Sekou Cissé devem garantir, em breve, um espaço de maior destaque num país que não terá mais Gili em seu corpo de treinadores. O francês pediu demissão após a eliminação.

Ao contrário da Costa do Marfim, Camarões não foi tão bem nesses Jogos Olímpicos. Em quatro partidas, o time só anotou dois gols e ainda ficou marcado por sua exibição medonha contra a Itália e pelos pontapés distribuídos frente o Brasil. Nem mesmo a falta de boas opções de seu ataque serve como argumento para essa postura. A lamentar também, mais uma trapalhada de seus dirigentes, que não deram o devido suporte financeiro aos jogadores e quase geraram uma histórica greve do elenco camaronês.

A Trivela.com decidiu publicar este conteúdo sobre o torneio olímpico de futebol porque entende que seus leitores não podem ser privados de informações sobre uma competição importante. Contudo, a Trivela condena categoricamente o regime chinês e entende que é um absurdo o Comitê Olímpico Internacional se curvar à pressão econômica de uma ditadura que não respeita os direitos humanos, liberdade de imprensa e meio-ambiente. Saiba mais sobre os crimes cometidos visitando os sites dos Repórteres sem Fronteiras e da Anistia Internacional.

http://www.trivela.com/Futebol.aspx?secao=2&id=19564

Postado em 21/8/2008 às 9:45 por Marcus Alves

0 comentários: