Rania Al Abdullah está postando vídeos na internet para desmistificar estereótipos do povo árabe. Engajada, ela tem contribuído para a modernização da Jordânia.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

São Paulo – Atuante na luta pelos Direitos Humanos, mãe de quatro filhos, ícone fashion internacional, blogueira e rainha. Rania Al Abdullah, da Jordânia, faz parte da nova e moderna realeza, inaugurada com a princesa Diana (morta em 1997) no Ocidente e no mundo árabe pela rainha Noor, última mulher do rei Hussein, pai de Abdullah II. Rania é bonita, elegante, ativa, defende causas femininas, infantis e de eliminação da pobreza no mundo e circula bem nas altas rodas internacionais. Sempre impecável, usa seu poder e empatia para fins politicamente corretos.

Rania é palestina, filha de médico, mas nasceu no Kuwait, em 1970. Com a ocupação do país pelo Iraque de Saddan Hussein, na década de 1990, a família da plebéia que virou rainha mudou-se para Jordânia. Na época da faculdade, optou por estudar Administração de Empresas na Universidade Americana do Cairo, no Egito. Formada, foi para o mercado de trabalho. Ocupou cargos de destaque no Citibank e na Apple, antes de encontrar Abdullah II, em 1993, durante um jantar. O casamento aconteceu no mesmo ano, seis meses após o primeiro encontro.

Com a piora na saúde do rei Hussein, que estava com câncer, o quadro sucessório no país começou a ser revisto. O irmão do rei, Hassan, era quem deveria assumir o trono. No entanto, semanas antes de falecer, Hussein mudou as regras do jogo e nomeou Abdullah II, seu filho mais velho, ao trono jordaniano. E Rania, aos 28, se tornou a mais nova rainha do mundo na atualidade. Jovem, vivaz e moderna. Acredita-se que a figura carismática e a origem palestina da rainha tenham contribuído para a transição tranqüila e aceitação da população da mudança de última hora promovida pelo rei Hussein na sucessão jordaniana.

Como rainha, Rania imediatamente se engajou em lutas por direitos humanos, seja de mulheres ou de crianças, e melhoria de renda da população mundial. Passou a participar de eventos inclusivos, que debatem, por exemplo, as condições das mulheres árabes na sociedade, na política etc. Em janeiro deste ano, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, Rania sentou-se à mesa de discussões com personalidades do mundo inteiro, como o presidente da Microsoft, Bill Gates, para pedir mais empenho de empresas, organizações e governos no combate à pobreza.

João Kehl/Cia de Foto/Agência Meios João Kehl/Cia de Foto/Agência Meios

Rania, rainha que não gosta de ser 'majestade'

A última da rainha, e que tem chamado a atenção dos internautas, foi a criação de uma espécie de vídeolog. A ferramenta está sendo usada para conscientizar o público sobre diversas questões, principalmente as que dizem respeito ao mundo árabe. Num dos vídeos postados, Rania faz questão de dizer que as equações "árabe=muçulmano=terror=guerra" ou "árabes são muçulmanos e muçulmanos=violência" são absurdamente equivocadas. Para explicar o grave erro cometido pelo Ocidente, a rainha diz que nem todo árabe é muçulmano, que apenas 20% dos muçulmanos são árabes, e que uma porcentagem mínima deles é ligada ao terrorismo. Clara, objetiva, Rania diz ser conhecedora do islamismo, ter lido o Alcorão e que o livro só ensina "compaixão, perdão e caridade". Os vídeos da rainha podem ser encontrados no endereço http://br.youtube.com/user/QueenRania.

Rania também têm uma página na internet,
http://www.queenrania.jo/, onde defende a educação para crianças do mundo todo. Antenada, descobrindo novas fórmulas de falar com seus súditos, a ex-plebéia, que diz não se sentir muito à vontade quando é chamada de majestade, tem contribuído muito para a modernização de seu país e, de certa forma, de todo o mundo árabe. Vida longa à rainha!
 
 

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