Produto para higiene bucal mata 29 crianças na Nigéria

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Lagos, 27 nov (EFE).- O número de crianças que morreram na Nigéria devido ao uso de um produto para higiene da dentição infantil chega a 29 e vários hospitais responsabilizaram hoje a Agência Nacional para Administração e Controle de Alimentos e Drogas (Nafdac) de ter licenciado o produto.

O "My Pikin", fabricado pela companhia farmacêutica Barewa, com sede em Lagos, contém produtos químicos que causam o colapso renal nas crianças, disse ontem a diretora geral da Nafdac, Dora Akunyili, ao anunciar a proibição de sua venda.

Akunyili, que disse que as vítimas mortais eram 25, anunciou também que a Nafdac iniciou uma investigação urgente do caso, que gerou controvérsias e divergências entre várias agências governamentais.

O diretor do Departamento de Saúde em Lagos, doutor Jide Idris, afirmou hoje que só neste estado, as mortes de crianças por colapso renal chegam a 29, e especificou que elas podem ter sido causadas tanto pelo produto para a dentição, quanto por dose excessiva de paracetamol ou preparados à base de ervas.

O hospital da Universidade de Ibadan, no sudoeste da Nigéria, um dos centros médicos onde a Nafdac diz que houve mortes de crianças, nega que estas tenham morrido enquanto estavam internadas.

Já o hospital da Universidade de Lagos, onde segundo a Nafdac outras crianças também morreram, diz que não há provas conclusivas de que o "My Pikin" seja a causa dessas mortes, mas culpou a agência dirigida por Akunyili.

"Antes que o remédio saísse à venda tinha que ser inspecionado pela unidade de controle de qualidade e segurança da Nafdac que, supostamente, sabe o que faz. Se o produto não tivesse sido posto em circulação, as crianças não teriam entrado em contato com ele", disse o presidente do Comitê Consultivo Médico, professor James Renner.

Por sua vez, o Diretor de Informação da Nafdac, Abubakar Jimoh, afirmou que a morte das crianças se deveu a "um acidente de fabricação" por parte da Barewa Pharmaceuticals e não a uma negligência da Nafdac.

"Rastreamos o problema a um lote em particular (do produto). É um acidente de fabricação e não pode ser generalizado a todos os produtos da companhia", disse Jimoh, que afirmou que além dos controles trimestrais dos medicamentos licenciados, a Nafdac faz acompanhamento da venda dos mesmos.

O principal partido de oposição da Nigéria, o Congresso para a Ação, criticou as declarações oficiais da Nafdac e exigiu uma investigação imediata sobre as causas das mortes das crianças.

O partido especificou, no entanto, que a investigação deve ser feita por um organismo independente, já que a Nafdac está envolvida na controvérsia.
 
Fonte: EFE

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