Fernanda de Camargo-Moro é historiadora, arqueóloga e autora de sete livros. A sua obra mais recente, Mar das Pérolas, é dedicada aos Emirados Árabes.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

São Paulo - A historiadora e arqueóloga brasileira Fernanda de Camargo-Moro é uma especialista em contar histórias e levar o leitor a viajar pelo tempo, revelando os segredos e o passado de lugares e povos. A pesquisadora, que já viveu na Índia, Iêmen, Palestina, Israel, Himalaia, Terra Santa, Egito e Itália, estuda há mais de 30 anos as rotas comerciais, os costumes, as lendas, as religiões e a gastronomia da Arábia e de diversas regiões do Mediterrâneo, Bálcãs, Oriente Médio, Norte da África e Ásia. 

Ao longo dos anos, especializou-se nas rotas do Oriente e publicou sete livros sobre o tema. Em 2007 lançou As Caravanas da Lua. Para fazer o caminho do olíbano, ou incenso, percorreu 1.750 quilômetros da Rota dos Incensos, fazendo caminhos a pé, outros de ônibus, jeep e alguns trechos nas costas de um dromedário. "Viajei pelos principais pontos da rota além de Sana, a capital do Iêmen, e de Marib a região do Reino de Sabah, indo do Oceano Índico até Petra", disse à ANBA por e-mail Fernanda de Camargo-Moro, uma "jovem" de 75 anos de idade. 

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A arqueóloga está sempre em busca de novos cheiros e sabores

"As resinas da Arábia do sul (antigo nome do Iêmen) são os diversos tipos de olíbano, que ali são da máxima qualidade, os melhores do mundo. A mirra que vendem ali também é magnífica. São ambos odores fantásticos. Ali também tem perfumes de origem animal como o âmbar da baleia que uso muito com as rosas na formação do meu Bukhur (perfume sólido)", explicou.

De acordo com a pesquisadora, a busca da espiritualidade determinou roteiros em direção a Meca e Jerusalém, "não esquecendo da viagem noturna de Maomé entre as duas cidades. Os aromas são parte da tradição obrigatória", afirmou. 

Já Mar das Pérolas, seu novo livro, é dedicado aos Emirados Árabes Unidos. Banhada pelo Golfo Pérsico, a região guarda uma rica história geológica e está em constante mudança. Enriquecido pelo petróleo, o conjunto de pequenos estados que compõem o território reflete hoje uma imagem moderna de grande influência financeira no mundo ocidental e arquitetura arrojada. "Essa sociedade cosmopolita, de estilo de vida internacional, tem, no entanto, raízes profundas nas tradições pré-islâmicas e islâmicas da Arábia", destaca a autora.

"Os Emiratos Árabes me fascinam faz muito tempo, e desde o tempo que começaram a evoluir como estados modernos achei que era preciso mostrar também suas belas raízes. Estive lá diversas vezes, em diversos lugares nas mais diferentes situações, além de ter estudado, pesquisado, e criado ligações amistosas com a população", explica. 

"Hoje a a principal característica dos Emirados Árabes é educação primorosa, cultura, proteção ambiental, e desenvolvimento comercial apurado, além de tecnologias bastante avançadas", acrescentou.

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Fernanda estuda há mais de 30 anos rotas comerciais, costumes, culturas, lendas, religiões e gastronomia orientais

Em abril de 2007, a pesquisadora partiu para rever o mar das pérolas, conhecer os lugares que haviam escapado de percursos anteriores entender melhor a transformação desse ambiente. Munida de estudos históricos, memórias de outras viagens, um bom guia de Dubai e a curiosidade instintiva de uma pesquisadora, a autora vasculhou as culturas do Golfo, sua tradição, história e mitos.

Ao voltar da viagem, a autora construiu estas memórias do mar das pérolas, um misto de investigação arqueológica, sociológica e antropológica. "O deserto se modifica e vai gerando novos encantamentos para os que o freqüentam", observa.

A próxima viagem de Fernanda ainda não está marcada "mas será sempre ao contrário do caminho do sol, isto é, em direção do Oriente", garantiu.

Trajetória

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A historiadora é especialista em Oriente

Fernanda de Camargo-Moro nasceu no Rio de Janeiro em outubro de 1933. Arqueóloga e historiadora, fez doutorado em Arqueologia e pós-doutorado em Arqueologia Ambiental, especializando-se nas rotas do Oriente. Foi professora titular da cadeira de Arqueologia da antiga Faculdade de Museologia do Museu Histórico Nacional e presidente da Fundação Estadual de Museus e do Conselho de Proteção do Patrimônio do Rio de Janeiro. 

Consultora há muitos anos das Nações Unidas, da Unesco e da Cepal, foi também presidente do Comitê Internacional de Arqueologia e História do Conselho Internacional de Museus. Atualmente é diretora científica da Rede Internacional de Arqueologia & Meio Ambiente, conselheira científica do Projeto Himalaias e diretora-geral do Projeto Rotas, no qual divide seu tempo com uma pesquisa aprofundada sobre a Rota das Caravanas e suas ligações com a Rota da Seda, em busca do caminho das religiões. 

Além de diversos ensaios e livros sobre sua pesquisa científica, também é autora deArqueologias culinárias da ÍndiaNos passos da Sagrada FamíliaVeneza: o encontro do Oriente com o OcidenteArqueologia de Madalena e A ponte das turquesas, todos publicados pela editora Record.


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