Imigrantes do sexo feminino têm salários mais baixos que homens, mas tendem a mandar parte maior da renda para países de origem

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mesmo recebendo salários mais baixos, as mulheres imigrantes enviam proporcionalmente mais dinheiro que os homens para seu país de origem, diz estudo. O RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano) afirma que a maioria das mulheres imigrantes trabalha em serviços domésticos ou informais, mas mesmo assim algumas delas chegam a mandar mais de 70% de sua remuneração em remessas.

Esse é o caso das mulheres de Bangladesh que vivem no Oriente Médio, as quais enviam para a terra natal 72% de sua renda, diz o documento intitulado Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos. As colombianas que moram na Espanha abrem mão de cerca de 68% do que ganham, enquanto a média para os homens colombianos é de 54%.

"As evidências sugerem que as mulheres tendem a enviar porções maiores dos seus rendimentos para casa, fazendo-o também de forma mais regular, apesar de os seus salários mais baixos significarem freqüentemente que as quantias absolutas sejam mais baixas", aponta o RDH.

Além disso, as mulheres imigrantes costumam ter mais qualificação que os homens, mas isso não garante a elas bons postos de trabalho. As peruanas têm a maior escolaridade entre os imigrantes de fluxos recentes na América do Sul, mas 68% das mulheres do Peru que moram na Argentina trabalham como empregadas domésticas. Apenas 15% das nativas da Argentina possuem esse tipo de função.

Segundo o documento, trabalhadoras com ensino superior nascidas em países em desenvolvimento têm 40% mais chance de imigrarem do que homens com o mesmo grau de instrução. Isso porque em seus países elas costumam enfrentar ainda mais dificuldade de conquistarem bons empregos. "Embora essa situação possa refletir vários fatores, as barreiras estruturais e culturais à realização profissional nas terras de origem parecem ser a explicação mais provável", afirma o relatório.

Impacto Social

Apesar da baixa remuneração, a imigração já traz o ganho de aumentar a participação feminina no mercado de trabalho, destaca o PNUD. Além disso, podem haver mudanças na situação das mulheres nos países de origem da migração e melhorias no combate a desigualdade de gênero. O estudo diz que a imigração estimula nos países mais pobres e desiguais uma tendência para a queda da fertilidade, para aumento da idade de casamento, da escolaridade e da participação das mulheres no mercado de trabalho.

Até mesmo a migração dos homens pode estimular mudanças de gênero. "Todos os estudos realizados no Equador, em Gana, na Índia, em Madagáscar e na Moldávia revelaram que, com a migração masculina, as mulheres das áreas urbanas aumentaram a sua participação nas tomadas de decisão da comunidade", aponta.


http://www.pnud.org.br/cidadania/reportagens/index.php?id01=3330&lay=cid

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