Turismo: Marrocos - Uma série de reportagens feitas pela ANBA

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Aurea Santos Aurea Santos

Palmeiras enfeitam a av. Mohammed V

Morocco, the land of the setting sun


São Paulo – Em árabe, a palavra Marrocos, ou melhor, Maghreb, significa "o lugar onde o sol se põe", e conhecer este lugar é ter a garantia de viver uma série de experiências diferentes dentro do mesmo país. Começando pela capital federal, Rabat, o turista vê uma clara mistura entre as culturas marroquina e francesa, já que a França deixou fortes marcas de sua ocupação de quatro décadas no país árabe, tanto em relação à língua (o francês é a segunda língua falada no Marrocos), quanto na culinária, com um grande número de patisseries espalhadas por toda a cidade.

No centro de Rabat, fica a charmosa avenida Mohammed V, com grandes palmeiras enfeitando um belo canteiro central, em frente à sede do parlamento do país. A poucos passos está o souk da cidade, onde o turista encontra desde artigos modernos, como calças jeans e camisetas até artigos de couro tradicionais e muitas lojas de jóias.

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Kasbah: vista construída no século 12

Terminando o passeio pelo mercado, o visitante depara-se com a enorme fortaleza da Kasbah de Oudayas. Construída no século 12, hoje é um dos principais pontos turísticos da cidade. Dentro, foram erguidas casas que atualmente abrigam muitos marroquinos e também estrangeiros. Além disso, o jardim andaluz e o Café Maure, servindo um tradicional chá e uma variedade de doces, tornam completo o passeio por dentro do monumento, que também oferece uma bela vista para o mar.

A torre Hassan é outra atração de Rabat. Projetada para ser a maior torre de todo o mundo muçulmano, ela não foi concluída, mas as dezenas de colunas que a cercam e o mausoléu que abriga os corpos do pai e do avô do atual rei Mohammed VI despertam o interesse dos turistas que passam pela cidade.

Casablanca

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Hassan II, maior mesquita do Marrocos

A apenas meia hora de trem de Rabat está a capital financeira do país, Casablanca. Sem relação com o famoso filme, que foi gravado inteiramente em Hollywood, Casablanca abriga a maior mesquita do norte da África, a Hassan II. Ela é também a terceira maior mesquita do mundo, ficando atrás apenas das localizadas em Meca e Medina, na Arábia Saudita. É ainda a única no Marrocos em que não-muçulmanos estão autorizados a entrar e fotografar.

Seu tamanho e sua estrutura impressionam. O chão é climatizado e o teto pode ser aberto nos dias mais quentes. A administração da mesquita oferece visitas monitoradas fora dos horários das orações. Os turistas podem escolher guias que falem inglês, francês, italiano ou espanhol.

O jardim da Liga Árabe é outro lugar que vale a pena ser visitado. Uma bela área verde, aproveitada por moradores locais e turistas para passar tardes ensolaradas.

Transporte

Não existe metrô no Marrocos, mas os táxis são baratos e, em geral, são divididos com outras pessoas. Há dois tipos de táxis que circulam por todas as cidades marroquinas. O "petit taxi" leva até três pessoas, e quem decide o destino é o passageiro que entrar primeiro no carro. Os demais devem seguir para lugares próximos aos do primeiro cliente, para aproveitar o trajeto.

O "grand taxi" funciona como ônibus, com preço e locais de partida e chegada definidos, mas também podem ser usados como "táxis particulares" por turistas que não queiram dividir o carro com até cinco outras pessoas, além do motorista. Desta forma, porém, o preço fica mais caro.

Entre uma cidade e outra, a melhor opção é o trem. A malha ferroviária do país cobre cidades do sul ao norte do Marrocos, com bons preços e trens confortáveis. Para as cidades que não têm estação ferroviária, geralmente há ônibus da companhia pública CTM, que também são conhecidos por seu conforto e pontualidade.

O príncipe e a plebéia

São Paulo - A imagem do rei marroquino, Mohammed VI, está em todos os lugares. Os estabelecimentos públicos do país, como lojas, escolas e restaurantes, são obrigados a colocar uma foto sua em local visível a todos os que entrarem no local.
Apesar de ter um primeiro-ministro, o rei é a figura central do governo do Marrocos, mas apenas ele é adorado pelo povo. Sua esposa não tem o título de rainha, mas a história da princesa Salma parece ter saído de um livro.

Divulgação Divulgação

Mohammed VI casou-se com Salma após assumir o trono

De família pobre, Salma foi criada pela avó em um bairro da periferia de Rabat. No entanto, sempre foi uma excelente aluna, considerada dona de uma inteligência acima da média.

Assim, conseguiu chegar ao ensino superior. Com a formatura, os melhores alunos, como a futura princesa, ganhariam um emprego em uma empresa pública e ainda receberiam, em sua colação de grau, os diplomas das mãos do então príncipe Mohammed, que seria o convidado especial do evento. 

Quando viu Salma, Mohammed decidiu que a queria para ser sua esposa, mas foi proibido por seu pai, o rei Hassan II, que não admitia que seu filho se casasse com uma moça que não fosse da nobreza. Mohammed teve que esperar, mas conseguiu o que queria. Após a morte do pai, assim que assumiu o trono em 1999, casou-se com Salma e tornou-a princesa de seu reino de quase 35 milhões de súditos.

Fez e Marrakech, tradição e vida noturna

As duas cidades mostram o que o Marrocos tem de mais tradicional e exótico. Confira a última reportagem da ANBA sobre o turismo neste país árabe.


São Paulo – É impossível dizer que se conhece o Marrocos sem antes ter passado pelas cidades de Fez e Marrakech. O souq da cidade antiga de Fez, com suas ruas estreitas que parecem nunca ter fim, transportam o turista à Idade Média. Com mercadorias sendo carregadas no lombo de burros, e seus donos que pedem passagem aos gritos, estas vielas revelam o mais tradicional souq marroquino, onde se encontram os mais belos e interessantes artigos típicos de todo o país.

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O preparo artesanal do óleo de argan

Sejam os quadros com textos do Alcorão, lenços tecidos artesanalmente, vidros de óleo de argan preparados com castanhas moídas em pequenos pilões pelas mulheres locais, até os famosos babouches, todas as mercadorias de Fez são um retrato do Marrocos, que mistura as culturas árabe e berbere, ou amazigh, como eles mesmos se denominam.

Ao entrar em qualquer uma das inúmeras lojas do souq, o turista não deve ter vergonha de barganhar o preço. É absolutamente normal e os comerciantes já esperam ouvir um pedido de desconto. Com uma boa negociação, o visitante pode levar o produto por menos da metade do preço original. E, se após o negócio fechado ou durante as negociações, o comerciante oferecer um "whisky sem álcool", o turista não precisa estranhar, é apenas a maneira local de convidá-lo para tomar um chá.

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As cores do curtume de Fez

Uma das grandes atrações dentro do souq de Fez é o curtume. O primeiro desafio está em encontrá-lo, pois não há sinalização que indique o local, mas com a ajuda dos comerciantes e um pouco de paciência, o visitante acaba encontrando o lugar, um dos mais interessantes pontos turísticos do mercado.

Na entrada, o turista recebe alguns galhinhos de menta para cheirar, pois o odor do local é bem forte. Após alguns lances de escada, chega-se a uma varanda preparada para receber os visitantes. Do alto, uma visão bastante colorida, de diversos tanques repletos de tinta feita à base de corante natural, em que homens trabalham de forma totalmente manual, para tingir o couro com o qual será fabricado bolsas, casacos e sapatos, vendidos na loja do curtume. O couro natural também pode ser visto secando nas paredes ao lado dos tanques.

Mas se o melhor mercado do Marrocos é o de Fez, a maior atração noturna do país encontra-se em Marrakech.

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Comida é feita ao ar livre para turistas

A Jamiaa al Fena é o coração da cidade, e reúne artistas de rua que se apresentam todos os dias, seja para dançar, cantar ou exibir as habilidades de seus animais, como macacos e cobras naja. As barracas de comida, no entanto, além de alimentar as centenas de turistas com refeições preparadas na hora, também proporcionam uma bela visão para os que se encontram no alto dos restaurantes e sorveterias que cercam a praça. Suas inúmeras luzes e a fumaça que sai dos fogões enfeitam a noite do centro da cidade.

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A beleza do jardim Marjorelle

Marrakech é uma cidade de uma cor só, o vermelho. Todos os prédios da cidade são pintados desta cor, mas a beleza da arquitetura do lugar faz com que cada construção se torne uma atração a ser fotografada. Porém, para quem gosta de outras cores, o Jardim Marjorelle é um visita imperdível. 

Formado entre 1922 e 1962 pelo pintor francês Jacques Marjorelle, seus muros exibem um forte azul royal, enquanto centenas de plantas enfeitam o local e encantam os turistas. Após a morte do pintor, o jardim foi comprado por Yves Saint-Laurent. Atualmente, o lugar também abriga um memorial em homenagem ao estilista.










Casamentos, atração no Marrocos


Por isso, geralmente, elas são realizadas durante o verão, para que amigos e parentes possam viajar e permanecer na casa onde o casamento será realizado até que a festa acabe.

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Noivos são carregados durante a festa

Os noivos não ficam o tempo todo na festa. Eles fazem entradas esporádicas na área em que ficam os convidados, permanecem ali durante alguns minutos, enquanto as mulheres dançam em frente ao casal, e depois voltam para dentro da casa. É interessante notar que, a cada entrada, a noiva usa um vestido diferente.

A festa costuma começar tarde e durar até a manhã do dia seguinte. O jantar é normalmente servido de madrugada e há fartura de comida e doces.

A música fica por conta de grupos tradicionais, nada de DJs. Mas na hora em que a noiva aparece, são as mulheres que entoam uma canção, a mesma em todas as cerimônias, para que ela seja abençoada e que quem estiver passando por perto saiba que ali há um casamento.


Nas caravanas do Saara

Um passeio pelo mais famoso dos desertos revela enormes dunas de areia, caravanas de camelos e beduínos que vivem do turismo. O Saara é tema da segunda reportagem da ANBA sobre o turismo no Marrocos.

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No Saara, a peregrinação dos camelos

São Paulo – A viagem de Rabat, capital do Marrocos, ao deserto do Saara é longa, cerca de 12 horas. O caminho, no entanto, é cheio de belezas naturais e uma mistura das estações do ano. De regiões quentes à neve na estrada que corta as montanhas, o viajante vê de tudo, até macacos que se arriscam nas rodovias para ganhar alguma comida dos motoristas.

Há dezenas de hotéis e paradas para descanso que são utilizadas pelos viajantes para alimentação, abastecimento dos carros e também para pernoitar, para depois seguir caminho até os albergues, na entrada do Saara, antes de tudo se tornar areia. São nestes lugares que os turistas esperam os beduínos e suas caravanas, que vêm buscá-los para uma viagem de mais uma hora e meia pelo deserto até as tendas em que todos passarão a noite.

Assim que chega ao albergue, o turista entende porque os homens que habitam esta região vivem com seus corpos e rostos cobertos por longas roupas e lenços que escondem boca e nariz. Os fortes ventos jogam areia por todos os lados, e é preciso proteger-se para não engoli-la ou respirá-la. Os óculos de sol também são indispensáveis para que se possa manter os olhos abertos.

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Tendas abrigam e protegem os turistas

Quando os camelos partem, ficam para trás a estrada, os carros, os hotéis, os banheiros. Chegando no meio do Saara, encontram-se apenas as tendas montadas pelos beduínos para atender aos turistas, que são sua única fonte de renda. Há tendas separadas para acomodar homens e mulheres, e há também uma tenda central, onde será servido o jantar, preparado com a comida trazida durante a viagem, no lombo dos camelos.

Enquanto a refeição é preparada, os turistas conversam ao redor de fogueiras acesas para iluminar a total escuridão do deserto. A noite no Saara é bastante fria, e o fogo serve também para aquecer. Dentro da tenda, a mesa é montada para que todos se sentem no chão ao seu redor. O pão não pode faltar, pois sua presença faz parte da culinária marroquina em todas as refeições, nas quais, muitas vezes, substitui os talheres.

O tagine, tradicional prato feito com carne de vaca ou de frango coberta com legumes cozidos, é servido quente e comido com as mãos, com a carne e os legumes pinçados pelos pedaços de pão cortado. Durante o jantar, os beduínos contam suas histórias sobre a vida simples no deserto e sobre como é depender do turismo para viver. Com os visitantes que recebem, eles aprendem várias línguas, como inglês, espanhol e até mesmo português.

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E o sol nasce no deserto...é o Marrocos

Passada a noite, a volta para o albergue deve ocorrer de manhã cedo, para evitar o sol forte. Acordando à 5h da manhã, é possível ver o nascer do sol do alto das dunas, uma visão muito admirada e fotografada pelos turistas.

Mais uma viagem sobre os camelos e os turistas estão novamente no albergue, onde o fim da aventura significa alívio para alguns e tristeza para outros, mas também a certeza de todos de que um passeio no deserto no Saara é uma experiência única para ser lembrada pela vida toda.


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