Notícias da Copa do Mundo: Festa para nigerianos quase vira tragédia na África do Sul

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Reuben, como muitos dos nigerianos que moram na África do Sul, sentiu no domingo o impacto de não poder pagar por um ingresso para uma partida da Copa do Mundo quando foi ferido ao tentar entrar no estádio para ver a seleção do seu país de graça.

Milhares de nigerianos foram ao estádio Makhulong, nos arredores de Johanesburgo, na esperança de acompanhar o amistoso entre Nigéria e Coreia do Norte, preparatório para o Mundial, que começa na sexta-feira.

Mas Reuben, de 54 anos, acompanhado de sua mulher e de sua filha, não conseguiu ver sequer um minuto da vitória de 3 x 1 da Nigéria sobre os norte-coreanos. Antes de chegar à arquibancada, ele foi atropelado pela multidão que entrava no estádio ao saber que os ingressos eram gratuitos.

Embora a Fifa afirme que nenhum outro Mundial teve tantos ingressos disponíveis como em 2010 na África do Sul, o incidente enfatiza o fato de que o preço dos ingressos é um obstáculo para a população da África, continente mais pobre do mundo.

"Eu tentava entrar, e as pessoas começaram a me esmagar", disse Reuben, que teve um ferimento na perna, à Reuters. "Havia muitas pessoas tentando entrar, e foi aí que tudo saiu errado."

O jogo de domingo foi a única chance para muitos nigerianos verem a seleção do país, já que os chamados "tíquetes acessíveis" para as partidas da equipe contra Argentina, Coreia do Sul e Grécia estão esgotados.

"Era agora ou nunca. Não posso pagar centenas de dólares para ver a seleção. Viajei muitos quilômetros para chegar aqui, é o máximo que posso fazer", disse Chadi, um nigeriano de 35 anos, que conseguiu entrar no estádio antes de o tumulto começar.

A confusão começou durante o primeiro tempo, quando as pessoas que vivem nos arredores do estádio descobriram que imigrantes nigerianos poderiam entrar de graça no estádio com capacidade para 10 mil pessoas quando ele já estava praticamente cheio.

Cerca de 250 mil nigerianos moram na África do Sul, segundo dados não-oficiais. Algumas estimativas, no entanto, colocam esse número em mais de 400 mil, muitos deles imigrantes ilegais vivendo na pobreza.

Horas depois do incidente que deixou um policial ferido em estado grave, a Fifa divulgou comunicado em que afirma que não teve relações com a organização do amistoso de domingo.

Fonte: REUTERS 07 de junho de 2010

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