Memorial do Imigrante quer ampliar acervo árabe

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

São Paulo – O Memorial do Imigrante, órgão vinculado ao Departamento de Museus e Arquivos da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, quer ampliar seu acervo de fotos, objetos, vídeos, livros e documentos de imigrantes árabes que vieram para São Paulo. "Creio ser importante o resgate da memória da imigração árabe no Brasil. O memorial está com uma grande estrutura, as outras colônias estão sendo bem documentadas e precisamos incentivar os árabes a fazer o mesmo", afirmou o pesquisador brasileiro descendente de libaneses, Roberto Khatlab, que mora em Beirute.

Khatlab, que em 2002 fez no memorial uma exposição de fotografias dos primeiros imigrantes libaneses e doou os documentos, acredita que é muito importante ter um acervo árabe em um lugar público e de fácil acesso a todas as pessoas interessadas. De acordo com a pesquisadora do departamento de história oral do memorial, Elisandra Gasparini, a instituição é mais conhecida como um museu europeu, devido à forte imigração desse continente para o Brasil, principalmente de italianos e portugueses. "Precisamos tirar essa imagem do memorial. É um museu de todos os imigrantes", disse.

Segundo Elisandra, qualquer imigrante que fez do Brasil a sua pátria pode dar um depoimento ao memorial. "A gente faz uma entrevista e a pessoa conta sua história, explicando os motivos que a levaram sair de seu país, o que ela fez quando chegou e outros detalhes", disse. O depoimento, que também pode ser feito por um filho de imigrante, é filmado e a entrevista é transcrita e colocada na biblioteca.

Atualmente, o Memorial do Imigrante tem cerca de 10 depoimentos de imigrantes libaneses, alguns de sírios, um de um egípcio e outro de um palestino. "Precisamos de mais depoimentos de outras nacionalidades árabes. Também queremos de imigrantes africanos e latinos", disse.

Além dos depoimentos, que podem ser consultados na biblioteca do museu, o memorial também disponibiliza vídeos temáticos com festas, costumes e rituais dos países dos imigrantes. O Memorial do Imigrante tem também um acervo de objetos, que segundo Elisandra, não tem muitas peças árabes. "Os objetos que nos interessam são aqueles que têm valor histórico, como roupas, móveis, utensílios domésticos, enfim, objetos que não são fáceis de serem encontrados", afirmou.

De acordo com Khatlab, o Memorial do Imigrante recebe visitas freqüentes de alunos de escolas, universidades e pesquisadores, mas sem um bom acervo árabe, a colônia perde a chance de ser mais bem conhecida culturalmente. "Assim, a cultura árabe no Brasil gira em torno do quibe, da esfiha e do dabke (dança tradicional libanesa)", disse. "Como pesquisador conheço as dificuldades de pesquisa quando se trata da colônia árabe, a gente tem que procurar em diversos lugares as fontes", acrescentou.

Outro ponto que Khatlab destaca é que, após os eventos realizados pela colônia árabe, tudo é guardado novamente no baú. "O que falta no Brasil é uma referência de onde encontrar um acervo cultural árabe, mas descobri que nada melhor do que fazer este acervo no Memorial do Imigrante, uma instituição estruturada para receber todos os acervos dos imigrantes que fizeram e fazem o Brasil", afirmou o pesquisador.

No memorial também podem ser encontrados os livros de bordo dos navios que traziam os imigrantes para São Paulo. Com eles as pessoas podem obter um certificado de chegada de seus antepassados. Os visitantes do museu também podem conhecer a estação ferroviária e o trem que trouxe seus antecedentes de Santos a São Paulo. "O local leva o visitante a um túnel do tempo. É um local de cultura e lazer ao mesmo tempo, que muitos árabes desconhecem", afirmou Khatlab.

Memorial

O Memorial do Imigrante foi criado em 1998 e tem como objetivo reunir, preservar, pesquisar, documentar e divulgar a história da imigração e a memória dos imigrantes que, a partir da década de 1820, vieram para o Estado de São Paulo. O museu recebe cerca de 10 mil visitantes por mês, sendo que quase 60% são estudantes do ensino fundamental.

Antes de receber o nome de Memorial, o conjunto de prédios abrigava os recém-chegados a São Paulo em seus primeiros dias, era a Hospedaria dos Imigrantes.

Contato

Memorial do Imigrante
Tel: +55 (11) 6291-1673
Site: www.memorialdoimigrante.sp.gov.br


http://www.anba.com.br/noticia.php?id=17179

0 comentários: