Saiba mais sobre a palestra organizada pela Câmara Árabe e Ministério da Agricultura ontem, em Dubai, sobre como inserir marcas no Oriente Médio

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Dubai – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira e o Ministério da Agricultura promoveram ontem (25), em Dubai, um seminário sobre inserção de novos produtos e marcas no Oriente Médio para empresários brasileiros que participam da feira Gulfood. Durante as palestras ficou clara a importância de se saber os hábitos dos consumidores na hora de planejar canais de distribuição e campanhas de publicidade.

"É preciso conversar com o consumidor e não com o negócio", disse o diretor-gerente para o Oriente Médio da Beiersdorf, empresa dona da marca Nívea, Robert Hughes. Ele ressaltou que existem diferenças de costumes entre os países da região e dentro dos próprios países, como é o caso dos Emirados Árabes Unidos, que têm uma população multi-étnica. "Não dá para ter um plano só para todos", afirmou.

Hughes ressaltou, por exemplo, que nos Emirados não basta ter um produto apenas adequado ao gosto dos árabes, já que no país reside uma grande população expatriada, com muitos indianos, paquistaneses, bengaleses, filipinos e pessoas de diversas outras nacionalidades. "No caso dos árabes os costumes afetam o consumo e a maneira como você tem que se comunicar", declarou.

Na Arábia Saudita, por exemplo, país de tradição religiosa mais conservadora, 41% das mulheres não trabalham. "E se elas não estão trabalhando, estão fazendo compras, principalmente de alimentos e cosméticos", disse Hughes. "É importante saber o perfil do consumidor, pois está ocorrendo uma verdadeira 'revolução das compras' na região", disse ele, referindo-se ao aumento do consumo de diversos produtos no Oriente Médio.

No caso da Nívea, o conhecimento dos costumes fez com que a marca adaptasse embalagens e campanhas de marketing, retirando, por exemplo, fotos de mulheres seminuas de tubos de creme hidratante, ou aumentando o tamanho das roupas das modelos em cartazes publicitários.

Já Sami Raffoul, da companhia de pesquisas Pan Arab Research, destacou hábitos locais que podem ajudar as empresas a decidir qual produto vale a pena tentar vender. Ele disse, por exemplo, que os consumidores dos Emirados estão comprando mais leite fresco do que leite em pó e ampliando as compras de outros lácteos, como leite evaporado, leite com sabor e manteiga.

Raffoul disse que, segundo pesquisa de sua empresa, 57% da população dos Emirados compra alimentos pelo menos uma vez por semana, número que sobe para 88% quando se trata da população nativa. Vários fatores influenciam na decisão de compra, mas os três principais são a proximidade do ponto-de-venda, a qualidade do produto e o preço.

Ele destacou também a importância da propaganda. Em pesquisa da Pan Arab, a única marca brasileira que está entre as líderes de mercado no país é a Sadia.

Donal Kilalea, da agência de publicidade Fortune Promoseven, falou sobre a importância da preocupação cultural na propaganda. Se o país tem cerca de 4,9 milhões de habitantes, apenas 985 mil são nativos. "Cada grupo tem os seus produtos", afirmou.

Para Kilalea, a "sensibilidade cultural" é essencial. Elementos importantes que podem ajudar na propaganda são a união familiar, o uso de celebridades, comerciais modernos porém moderados, entre outros.

Marca Brasil

Ao apresentar os três palestrantes, o vice-presidente de marketing da Câmara Árabe, Rubens Hannun, ressaltou que as exportações brasileiras ao mundo árabe cresceram muito nos últimos anos e, neste sentido, é preciso reforçar a "Marca Brasil". O secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, e o diretor Bechara Ibrahim também estiveram presente no seminário.

O secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Célio Porto, acrescentou que o Brasil precisa diversificar e agregar valor às suas exportações e que o Oriente Médio é um grande mercado, já que não tem as barreiras tarifárias e sanitárias existentes em outros mercados.

http://www.anba.com.br/noticia.php?id=17493

0 comentários: