376 corpos enterrados em valas comuns na Nigéria

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Lagos, Nigéria (PANA) - Os corpos de 376 vítimas da onda de violência interreligiosa que abrasou a cidade de Jos, capital do Estado setentrional nigeriano de Plateau, e os seus arredores, foram sepultados em valas comuns, revelou o deputado local Samaila Mohammed.

Samaila Mohammed, que representa a circunscrição de Jos-Norte/Bassa, na Câmara Baixa dos Representantes, foi citado pela imprensa local como tendo declarado que os corpos enterrados em valas comuns no cemitério de Jos foram os transportados para a mesquita de Jos- Centro, admitindo que o balanço total das vítimas poderia ser muito mais elevado.

Mas o porta-voz do Governo estadual, Nuhu Gagara, estabeleceu o balanço em 200 mortos, afirmando que as estimativas citadas pela imprensa internacional foram exageradas.

Pelo menos quatro mil pessoas foram deslocadas pelos confrontos.

Depois do segundo desdobramento de 140 soldados armados, domingo, desde a cidade de Kaduna (norte), uma calma precária prevalecia em vários pontos da cidade, onde a violência eclodiu sexta-feira depois de eleições locais em 17 circunscrições.

O Partido Popular Democrático (PDP, no poder) venceu todas as 17 circunscrições, depois do anúncio dos resultados sábado, suscitando a cólera dos apoiantes do Partidos de Todos os Povos da Nigéria (ANPP, oposição).

Nesta cidade onde a mistura religiosa e étnica é difícil, a violência política, desencadeada pelas alegações de fraude, degenerou-se rapidamente numa crise etnorreligiosa, marcada por confrontos interreligiosos, incluindo incêndios contra mesquitas e igrejas, estabelecimentos comerciais e edifícios habitacionais.

O governador do Estado de Jos, Jonah Jang, impôs um recolher obrigatório nas zonas afectadas e instou os agentes de segurança a disparar contra os autores de distúrbios.

O Presidente Umaru Yar'Adua exortou, por seu turno, o desdobramento dos soldados depois que a Polícia se viu ultrapassada pela crise, a pior vivida no Estado desde 2004, onde o Governo federal declarou o estado de emergência na sequência de massacres etnorreligiosos que fizeram centenas de mortos.

Os líderes políticos e religiosos apelaram para a calma, enquanto a segurança está a ser reforçada nos Estados vizinhos para impedir a propagação da violência.

O Sultão de Sokoto, que é o chefe espiritual dos Muçulmanos da Nigéria, disse numa declaração que "todos os Muçulmanos e Cristãos do país devem optar pela paz e evitar actos de violência em prol da estabilidade e do desenvolvimento da nação".

O primaz da Igraja metodista da Nigéria, Sunday Ola Makinde, exortou, por seu turno, o Governo a revelar os que estão por detrás desta crise.

"É uma situação inadmissível porque introduzimos a religião na política, o que só os medíocres o fazem. Aconselho o Presidente a tomar, desde já, medidas muito sérias e drásticas contra isso. Façamos com que esta seja a última vez, porque é a segunda vez que isto se produz em Jos. Várias pessoas inocentes perderam a vida e diversos lugares de culto foram queimados. Devemos pôr termo a isto. Deixemos que a justiça seja feita", declarou.

De acordo com a Polícia, mais de mil e 500 pessoas, das quais "mercenários vindos dos Estados vizinhos", foram detidas depois destas violências.
 

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