Dubai terá festival internacional de cinema

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

São Paulo – Dubai se prepara para a 5ª edição do Festival Internacional de Cinema de Dubai (DIFF), que será realizada de 11 a 18 de dezembro, e terá uma programação com 181 filmes de 66 países, entre eles Ensaio sobre a Cegueira, do diretor brasileiro Fernando Meirelles. O festival espera receber mais de 45 mil espectadores. As informações foram divulgadas pelo site árabe Emirates Business 24/7.

Entre as celebridades que devem comparecer ao evento estão os atores norte-americanos Nicolas Cage e Brendan Fraser, a mexicana Salma Hayek e atores famosos na região, como os indianos Abhishek Bachchan e Preity Zinta, a libanesa Carmen Lebbos. O festival também vai atrair para o emirado os diretores Oliver Stone, dos Estados Unidos e Deepa Mehta, da Índia.

"Este ano será um marco na história do DIFF", disse o presidente do festival, Abdulhamid Juma. "Em 2004, apresentamos 76 filmes de 24 países. Este ano, serão 181 filmes de 66 nacionalidades diferentes", afirmou.

Indústria

Além das sessões de cinema, que irão incluir 16 estréias mundiais, o DIFF terá programas voltados para a indústria cinematográfica. O objetivo é aperfeiçoar o nível técnico da indústria cinematográfica no mundo árabe.

"Este ano, integramos novos elementos ao festival para fortalecer nossas iniciativas e promover o cinema árabe", afirmou o diretor administrativo da DIFF, Shivani Pandya. "O DIFF é um ponto de encontro para cineastas internacionais cada vez mais respeitado no mundo todo. E esperamos criar relações férteis entre culturas cinematográficas em desenvolvimento", disse Pandya.

Haverá uma série de eventos para networking entre profissionais de cinema e uma oficina para produtores com duração de cinco dias. Outra novidade é o Dubai Film Market, uma coleção on-line de filmes produzidos na região.

O DIFF terá também a publicação Focus 2008, criada em colaboração com o Marché du Film – edição do Festival de Cannes voltada para a venda de novos títulos – e que vai conter informações sobre tendências da indústria. A organização do festival de Dubai contratou a companhia de pesquisas Nielsen para promover um segmento dedicado a novas tendências no cinema árabe. Serão lançados também um DVD comemorativo contendo oito filmes realizados nos Emirados e exibidos nas edições anteriores do DIFF, e um livro celebrando o cinema egípcio.

Ensaio sobre a Cegueira, o filme

O longa Ensaio sobre a Cegueira, dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles é baseado no livro de mesmo nome do vencedor do Prêmio Nobel de literatura, o escritor português José Saramago. Trata-se da história de uma inédita epidemia de cegueira, inexplicável, que se abate sobre uma cidade não identificada.

Tal "cegueira branca", assim definida, pois as pessoas infectadas passam a ver apenas uma superfície leitosa, se manifesta primeiro em um homem no trânsito e, lentamente, espalha-se pelo país. Aos poucos, todos acabam cegos e reduzidos a meros seres lutando por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários. À medida que os afetados pela epidemia são colocados em quarentena e os serviços do estado começam a falhar, a trama segue a mulher de um médico, a única pessoa que não é afetada pela doença.

O foco do filme, no entanto, não é desvendar a causa da doença ou sua cura, mas mostrar o desmoronar completo de uma sociedade que perde tudo aquilo o que considerava civilizado. Ao mesmo tempo em que vemos o colapso da civilização, um grupo de internos tenta reencontrar a humanidade perdida. O brilho branco da cegueira ilumina as percepções das personagens principais, e a história se torna não só um registro da sobrevivência física das multidões cegas, mas, também, dos seus mundos emocionais e da dignidade que tentam manter. Mais do que olhar, o que importa é reparar o outro.

Respeitando o desejo de Saramago de que o filme, assim como o romance, se passasse em uma cidade não-identificada, o que empresta uma universalidade incomum à trama, a produção do longa decidiu filmar em três países diferentes. No entanto, nenhum sinal que pudesse identificá-los foi usado. A maior parte das cenas externas foi filmada em São Paulo, cidade em que Meirelles mora. As cenas, ambientadas no asilo transformado em campos de quarentena, foram filmadas em uma prisão desativada em Guelph, no Canadá. O clímax do filme, que se desdobra frente a uma paisagem destruída de uma cidade arruinada, foi filmado em São Paulo e Montevidéu, no Uruguai (uma cidade sugerida pelo diretor de fotografia César Charlone, de origem uruguaia).

Mais informações
Site: www.dubaifilmfest.com

*Tradução de Gabriel Pomerancblum
 

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