Na Nigéria, pacientes com o vírus da Aids se casam entre si, com apoio do governo

terça-feira, 17 de março de 2009


Soropositivos nigerianos recém casados. Crédito: AP

15/03/2009 - 15h

Não é fácil ser um portador de Aids na Nigéria, um país com 140 milhões de habitantes, dos quais quatro milhões enfrentam a doença. Muitos têm de esconder a sua condição de soropositivo para poder viver normalmente.

Alguns portadores do HIV, no entanto, encontram na sua própria doença uma porta de esperança e amor ao casar-se com outro soropositivo. No total, em menos de dois anos, 94 casais de HIV positivos se casaram no estado de Bauchi. E todos alega estar vivenciando boas experiências com a união.

"Nunca pensei que esse dia chegaria, porque como eu tenho Aids ... mas agora estou muito feliz", afirma Idris, 32 anos, que conheceu seu atual marido em uma fila para receber medicação.

Bala Garba, um soldado de 40 anos que acaba de ter seu primeiro filho com sua mulher, afirma que, "O casamento vai tornar nossa vida mais fácil e irá ajudar-nos a manter a nossa doença em segredo. No meio em que vivemos é normal as pessoas se casarem. Se você leva uma vida conjugal normal, impede os outros de pensarem 'coisas' a seu respeito".

A Agência para o Controle da Aids em Bauchi é a responsável por esse alto índice de casamento entre os HIV- positivos, pois quando percebe que um casal com a doença começa uma relação eles apóiam. Por exemplo, oferecendo 225 dólares para o casal poder se estabelecer.

Tal está sendo o sucesso, que um plano para promover o encontro de pessoas que vivem com HIV/Aids foi implantado. Desta forma, a Agência considera que pode prevenir a propagação de novas infecções, já que a poligamia é uma prática comum na Nigéria, enquanto o uso de preservativos não.

Críticas

As primeiras críticas têm questionado se estas medidas não provocariam um aumento das crianças órfãs. Segundo dados da ONU, na Nigéria, onde a expectativa de vida é de 48 anos – em qualquer caso – já existem 1,2 milhões de crianças órfãs. Além disso, outros peritos acham perigoso dois tipos diferentes de vírus entrarem em contato.

A Agência para o Controle da Aids de Bauchi assegura que "não se pode presumir que alguém com HIV morrerá antes que os outros. Principalmente se tomam os devidos cuidados, recebem boa acessória e tratamento médico adequado".


Tradução: Valéria Polizzi

Fonte: 20minutos.es

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