Mais estudos árabes na USP

sexta-feira, 10 de junho de 2011

São Paulo – Criado no fim de 2008 para ajudar a Universidade de São Paulo (USP) a aumentar a quantidade de pesquisas sobre Rússia, Ásia e Oriente Médio, o Laboratório de Estudos da Ásia (LEA) se prepara para lançar o primeiro livro com artigos produzidos por seus acadêmicos em agosto. É o primeiro passo do LEA em seu curto período de vida. Antes deste livro, resultado de um trabalho acadêmico, o LEA lança em parceria com o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) um livro sobre a Rússia.

Co-coordenador do LEA, o professor Angelo Segrillo afirma que o laboratório foi rápido na produção do primeiro livro com artigos acadêmicos sobre os países estudados, mas observa que a língua é a maior barreira para os pesquisadores.

"Quando vim para cá, eles queriam um professor de história contemporânea com ênfase em Ásia", afirma Segrillo, que é especialista em história da Rússia e ex-URSS eurasiana. "Eles queriam alavancar os estudos sobre a Ásia. Eu achava que São Paulo estava mais avançado neste sentido, mas mesmo aqui essa produção ainda é embrionária", observa Segrillo, que vive em Niterói, no Rio de Janeiro, mas está na USP, em São Paulo, três dias da semana.

O LEA é dividido em três grupos de trabalho. Segrillo coordena os grupos de trabalho de Rússia e Ásia Central e Ásia. Outro professor coordenador do LEA, Peter Demant, coordena o grupo de trabalho de Oriente Médio e Mundo Muçulmano, mas ele está afastado e retorna no segundo semestre. O LEA é subordinado ao Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), mas tem pesquisadores de outras faculdades e universidades. Quando a língua-mãe do país ameaça interromper algum projeto de pesquisa, o Departamento de Línguas Orientais da FFLCC ajuda os profissionais do LEA.

"Para estudar e desenvolver o projeto Stricto Sensu (mestrado e doutorado), o pesquisador precisa conhecer a língua-mãe, consultar os documentos originais", afirma Segrillo. Além da barreira cultural, Segrillo diz que a formação dos estudantes também prejudica o desenvolvimento de trabalhos que contemplem países do Oriente. "A formação dos alunos ainda é eurocêntrica. Há menos trabalhos sobre a Ásia do que sobre a África", diz.

O Grupo de Trabalho de Oriente Médio e Mundo Muçulmano costuma atrair mais alunos e pesquisadores do que os outros. Segundo a pesquisadora Carolina Alberice, este grupo recebe mais estudantes porque os países e os temas da região têm uma exposição maior do que os outros. Atualmente, há nove pesquisadores neste grupo de trabalho. "Muitas pessoas leem sobre o assunto, veem as notícias e se interessam em conhecer melhor o que acontece na região", afirma.

Não há um número fixo de países contemplados por este grupo de trabalho. São estudados os países muçulmanos (inclusive aqueles que estão na África) e do Oriente Médio (mesmo que não sejam árabes). Irã, Israel e Turquia também são temas de estudo no LEA. Mas não são os únicos. Todos os assuntos que envolvam a região e a religião ganham espaço no grupo de trabalho. Uma das alunas, por exemplo, desenvolve um projeto acadêmico sobre o papel da mulher na Turquia e no Egito. O país do Norte da África foi tema de duas reuniões dos alunos neste ano após a renúncia do presidente Hosni Mubarak, em fevereiro.

Carolina substitui o outro co-coordenador do LEA, Peter Demant. Ela pretende iniciar um mestrado sobre o Líbano. "Sempre que leio o jornal, procuro primeiro as notícias do Oriente Médio. Sempre me interessei pela região e agora vou me aprofundar. Para poder estudar o Líbano, tenho que conhecer e contextualizar o conflito Israel-Palestina", observa.

http://www.anba.com.br/noticia_orientese.kmf?cod=11993740

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