Brasileiro sequestrado por nigerianos disse que ontato com sequestradores teria começado através da Camara de Comèrcio Árabe Brasileira

segunda-feira, 14 de junho de 2010


O empresário paraense sequestrado na África do Sul desembarcou nesta terça no Brasil. Osmar Pereira contou os momentos de terror que passou nas mãos dos bandidos.

Dez horas de viagem e um desejo enorme de voltar pro Brasil. "Eu me sinto aliviado. Primeiro, voltei pra casa. Segundo, que descobri também que sou mais forte do que imaginava, porque não estava preparado pra isso. Mas eu acho que eu me superei bem", declarou o empresário Osmar Pereira.

Além da bagagem, Osmar Pereira trouxe da África do Sul marcas no corpo que preferiu não mostrar. Resultado de dois dias de tortura.

"Esquentavam o ferro elétrico e me queimavam. O pior momento eu acredito que foi no segundo dia, porque, vendo a possibilidade de o dinheiro não chegar a tempo do resgate, eles iriam me matar mesmo. Só tinha duas alternativas: ou o dinheiro ou a vida. Não tinha outra alternativa".

O empresário paraense do ramo de madeiras foi sequestrado na terça-feira da semana passada por um grupo de nigerianos assim que desembarcou na África do Sul. "As pessoas que foram me pegar estavam muito bem vestidas, pessoas muito bem trajadas".

Osmar cruzou o oceano com o objetivo de vender US$ 4 milhões em portas de madeira para supostos importadores de Dubai.

"Isso começou com a câmara árabe aqui em São Paulo. Eles me deram uma relação de importadores em Dubai e no Qatar e foi através daí que aconteceu. O preço era de mercado, não tinha diferencial nenhum".

Osmar Pereira atribui a libertação a um trabalho conjunto das polícias da África do Sul e do Brasil. Disse que no primeiro dia de cativeiro, os sequestradores o deixaram ligar para um escritório da empresa dele que fica em Angola, imaginando que assim o empresário conseguiria o dinheiro exigido no resgate. Sem saber se os bandidos entendiam português, Osmar arriscou: contou aos colegas de trabalho que tinha sido sequestrado.

Alertada, a polícia localizou o cativeiro com a ajuda de outra vítima, um empresário coreano sequestrado na semana anterior.

Ainda nesta terça, Osmar embarca de São Paulo para Belém. Vai reencontrar a mulher e os filhos, depois de tirar uma lição do pesadelo que viveu na África. "Acho que mais prudência pra tudo é a palavra".

O vice-presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Hélmi Nascerê, afirmou que precisa de mais detalhes da negociação entre o empresário e os nigerianos para se pronunciar sobre o caso, mas disse que a câmara é criteriosa na seleção e na indicação de nomes de comerciantes.
 

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