Flashes do deserto

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

São Paulo – Faz 20 anos que a fotógrafa brasileira Lucy Barbosa retrata homens, mulheres, crianças e paisagens. Mas nada foi tão apaixonante para ela quanto os nômades do deserto. O primeiro contato de Lucy com o Deserto do Saara foi em 1991 e desde então a brasileira não parou mais de fotografar a magia de tribos que vivem em busca de água e pastagem e têm o horizonte como residência. Mauritânia, Nigéria e Mali, além de Jordânia, Líbano e Síria, fazem parte do projeto fotográfico "Filhos do Vento", que Lucy pretende organizar em livro e fazer uma exposição.

"Sou apaixonada pelo Saara, seu minimalismo, seu silêncio e sua gente simples, desapegada e sem pretensão. O deserto é um imenso jardim zen", afirma Lucy. Segundo ela, viver no deserto requer muito desprendimento e força, porque a vida é dura e muitas vezes hostil, mas ao mesmo tempo existe uma atmosfera linda e única. "Todos estes fatores me levaram a queres contar fotograficamente esta história e fazer uma homenagem de amor ao deserto e sua gente", explica.

Para documentar o cotidiano e os costumes dos beduínos, tuaregues e outros povos nômades, Lucy morou no deserto e se adaptou às tradições muçulmanas. Sua paixão pelos árabes do deserto foi tão grande que a brasileira se converteu ao islamismo e encontrou na Mauritânia um novo lar, onde uma vez por ano ela volta para visitar os amigos.

De acordo com ela, as fotos que fazem parte do projeto "Filhos do Vento" mostram um outro lado dos países árabes. "Não tem nada a ver com a modernidade de Dubai", diz Lucy. Para concluir o projeto, Lucy ainda quer fotografar o Saara argelino. "Um dos desertos mais bonitos", afirma. Para isso, a fotógrafa está em busca de patrocínio, não só para ir para Argélia, mas para ajudá-la na composição de um livro e de uma exposição.

A idéia é montar um livro de fotos com textos poéticos bilíngües sobre o deserto e provérbios utilizados por sábios locais que representam o universo dos povos do deserto. Ela propõe um livro no formato 28 centímetros por 21 centímetros, com cerca de 100 fotos e 120 páginas. "Quem sabe alguma empresa árabe tem interesse em me patrocinar", afirma.

Além dos Filhos do Vento, Lucy também realizou um ensaio fotográfico com as mulheres tecelãs das montanhas do Meio Atlas no Marrocos. "O trabalho dessas tecelãs berberes é maravilhoso e duro, muito duro. São estes tapetes que trazem o sustento ao lar. Fora isso, o tapete tem uma grande simbologia no universo espiritual árabe", conta.

Atualmente, Lucy está envolvida num projeto no Amazonas, o "Brasil Profundo: benzedeiras, parteiras e raizeiras", um trabalho que é voltado à preservação e valorização dos saberes populares das mulheres amazonenses.

Trajetória

Lucy Barbosa é formada em História da Arte na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, na França, onde morou por 12 anos. Ela trabalha com fotografia documental e antropologia visual. Foi diretora da Associação Cultural Franco-Brasileira divulgando a arte brasileira na França e na Europa.

Em 1991 conheceu o Senegal, onde se encantou com a África e voltou diversas vezes para buscar as raízes afro-brasileiras. Foi nessa busca que surgiu o ensaio fotográfico "Mulheres de Ébano", que mostra mulheres africanas de diversas etnias. Os trabalhos de Lucy já foram expostos em museus e galerias de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.

Contato

Lucy Barbosa
Tel: + 55 (11) 3266-8107
Email: image@lucybarbosa.com.br
Site: www.lucybarbosa.com.br


http://www.anba.com.br/noticia.php?id=17084

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