Antes de começar esta crítica li o que andaram escrevendo, tanto para colher informações como para me certificar que estaria escrevendo algo coerente, e mais do que isso, uma visão única deste extraordinário filme.
Acanhada, uma vez que não sou jornalista, mas como incentivo aos demais para fazerem o mesmo, vou me arriscar a falar de um filme e de uma atriz de quem, diga-se de passagem, não gosto muito.
Foi na segunda tentativa que consegui assistir A Pele (Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbus). Para quem assiste a dezenas de filmes por ano é fácil reconhecer nos minutos iniciais onde estamos nos metendo. Desisti e deixei para outro dia, percebendo nos primeiros minutos que precisaria de um momento aberto a novas sensações.
É possível que Nicole Kidman seja realmente merecedora dos elogios a que está acostumada. No entanto, o que me causa receio em assistir seus filmes é que vamos nos deparar, na maioria das vezes, com personagens ou enredos caricaturizados demais, como por exemplo em Moulin Rouge, Dogville, Mulheres Perfeitas e A Feiticeira.
Em A Pele, a coisa é diferente. Me preparei para entrar no mundo criado pelo diretor Steven Shainberg (do comentado Secretária). No início do filme, ele nos alerta através de letreiros de que se trata de obra imaginária. O próprio título original leva a frase "Um retrato imaginário de Diane Arbus". Percebemos esta preocupação do diretor.
Nicole é então a nossa anfitriã neste mundo imaginário. É a ela que vamos dar toda atenção. E assim fiz, nos mínimos detalhes, porque nossa obrigação como espectador é imaginar quem teria sido Diane Arbus (1923 1971), a fotógrafa das "fotografias bizarras". Que por sinal não são mostradas no filme.
Vi uma Diane Arbus parecida com muitas mulheres, submissa à família, marido, sociedade, cansada da mesmice e principalmente de não ser especial. Mas que em meio a essa situação, conhece Lionel Sweeney (Robert Downey Jr.), seu novo vizinho, um homem portador de tricotomia, uma disfunção caracterizada pelo excesso de pêlos em todo corpo.
Se para a maioria Lionel, foi o pivô do clichê "filme bizarro", além de comparações como "A Bela e a Fera" para a personagem, ele foi o salvador que a resgatou daquele mundo normal e opressor, que a escondia, frustrava, fazia chorar escondido.
Acredito que esta é a mensagem do filme. E o que imaginou Steven Shainberg ter acontecido na vida de Diane Arbus, que a marcou profundamente, poderia certamente ser verdade.
Percebe-se uma sensível direção, capaz de nos transportar para esse mundo imaginário, que, mexe com o interior do espectador e força uma reflexão, sobre nossos preconceitos e expectativas sobre a vida.
Mirela Goi
Colaboradora do CineTotal
http://www.cinetotal.com.br/critica.php?cod=315
Dica de filme: A Pele
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
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