Barco pesqueiro com Nigerianos encalha em Búzios

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Durante toda à tarde e início da noite de ontem prestaram depoimento na sede da Polícia Federal, em Lagoa Nova, os seis  estrangeiros que estavam no barco pesqueiro LA 263 encalhado na praia de Búzios, litoral sul do Estado, desde sábado passado. Cinco deles são nigerianos e um ganês. Franklin da Silva, Aidia Gadi, Willians Egbolodye, Atsu Fiawogbe, Salako Leandre e Charles Kwaku Umishio (Ganês), em depoimento, aos policiais da Delegacia de Imigração  manifestaram interesse em voltar  para a África. Ainda não há data para deportação, entretanto, o delegado regional executivo da PF, Sandro Caron de Moraes  espera que os procedimentos para os estrangeiros voltarem ao país de origem aconteçam nos próximos dias. "Entramos em contato com a embaixada de Gana e da Nigéria. Estamos esperando a documentação dos tripulantes do barco pesqueiro. A empresa aérea não aceita passageiro sem passaporte e apenas um deles possui o documento. O pagamento das passagens aéreas é realizado pela União".

Roberta TrindadeBarco pesqueiro LA 263 encalhou na praia de Búzios, litoral sulBarco pesqueiro LA 263 encalhou na praia de Búzios, litoral sul
Caron disse que não há suspeita de crime praticado pelos africanos em território nacional e  também não existe prova de que eles estariam pescando em águas brasileiras.

O delegado afirma que o ganês e os nigerianos pescavam na África quando o barco apresentou problemas mecânicos. "Eles não tinham intenção de vir para o Brasil, mas foram trazidos pelas correntes marinhas". 

No dia 02 de setembro, os seis estrangeiros saíram de Lagos, na Nigéria. Dez dias após, o barco apresentou pane mecânica. De lá para cá ficaram à deriva. "Eles não estão presos. Nós estamos fazendo apenas a apuração administrativa dos fatos. O barco não é apreendido pela PF, pois, não foi usado para prática de crime. 

No final da manhã de ontem, os agentes da  Polícia Federal seguiram com destino à praia de Tabatinga onde os estrangeiros estão abrigados em uma casa de veraneio. Os tripulantes do barco foram levados para a PF em um micro-ônibus. Abatidos, preferiram não falar sobre a permanência no país. Segundo informações do pescador e vigia Renato Francisco da Silva, os africanos estão preocupados com os familiares. "Além do motor, ocorreu pane também nos equipamentos de comunicação. Por este motivo, não tiveram como entrar em contato com familiares", diz Renato.

Renato afirma que os tripulantes são funcionários de uma empresa pesqueira. "Quase todos os peixes que pescaram tiveram que jogar no mar para diminuir o peso da embarcação. Os peixes também já estavam estragados. Durante estes dias que permaneceram à deriva só tinham peixe e arroz para comer. Não havia água. Eles estavam muito debilitados", conta o pescador. 

O comerciante Lenildo Alves,  afirma que a embarcação foi saqueada no domingo. "Levaram alguns equipamentos como o GPS (Sistema de Posicionamento Global) e até peixes podres que estavam em um dos  compartimentos do barco", lamenta.

No sábado (03), por volta das 19h30, um dos nigerianos foi encontrado caído, em uma barraca na praia de Búzios. Ao lado do rapaz havia um caiaque.  "Quando cheguei no local parecia  estar morto, mas foi socorrido e levado para o hospital. Estava desidratado. Avistei quatro deles  em uma boia, ainda no mar. Eles conseguiram chegar em terra bem de saúde. O sexto tripulante estava com colete salva vidas. Ao chegar na beira da praia estava machucado. Teve escoriações leves. Por causa das ondas fortes bateu no casco do barco e se feriu", detalha o comerciante. 

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