"Queremos atacar principalmente o problema dos nigerianos. Eles fizeram o maior número de pedidos no ano passado, quase 1,8 mil – 99,5% sem a mínima chance de poder ficar na Suíça. Eles não vêm para para cá como refugiados e sim para fazer transações ilegais", disse Alard du Bois-Reymond, o novo diretor da Secretaria Federal de Migração (SFM), ao jornal NZZ am Sonntag.
"Grande parte deles acaba cometendo pequenos delitos ou se envolve com o tráfico de drogas. Esta é uma triste realidade", acrescentou du Bois-Reymond.
Por isso, a SFM quer criar um grupo de trabalho com representantes da confederação e dos cantões, que deve propor medidas até o próximo verão europeu. "O objetivo é reduzir o tempo de trâmite dos pedidos de asilo e acelerar o regresso após uma decisão negativa.
Partido pede ação imediata
Agora é preciso "fazer o trabalho até o fim", disse Hans Fehr, deputado federal Partido do Povo Suíço (SVP), também conhecido como União Democrática de Centro (UDC), maior partido da Suíça, que há anos pede ações mais duras contra os requerentes de asilo infratores. "Trata-se de obter os documentos e determinar a identidade. Agora é preciso agir."
Não é tão simples assim, afirma a Organização Suíça de Ajuda aos Refugiados (Osar) . "Outros diretores SFM já esbarraram neste problema", diz Beat Meiner, secretário-geral da Osar, à swissinfo.ch: "Autoridades de outros países são igualmente confrontadas com ele. Se o senhor Bois-Reymond resolvesse o problema, ele seria um homem muito requisitado."
Uma ação dura "é importante e correta em determinadas situações", admite o deputado federal social-democrata Andy Tschümperlin. "Mas não se deve esquecer que cada caso leva tempo para ser julgado."
Via judicial leva tempo
Bois-Reymond quer reduzir este fator tempo. "É um fato que certos requerentes nigerianos zombam da ingenuidade dos suíços e exploram os pontos fracos do processo de asilo. Para mim está claro: somos atraentes demais como país de asilo para requerentes fraudulentos. A Suíça lhes dá tempo demais para fazer negócios escusos aqui."
Pessoas que "não têm motivo algum para proteção e ainda por cima atuam criminososamente devem voltar o mais rapidamente possível" ao seu país, diz também Meiner. "Prejudicaria muito os interesses dos refugiados se tivéssemos tal situação e a tolerássemos."
Para a Osar, no entanto, está claro que o "processo de asilo deve seguir os princípios do Estado de Direito. Deve haver também um meio jurídico para que a Justiça possa corrigir eventuais decisões errôneas das autoridades", afirma Meiner.
A maioria dos pedidos é rejeitada
"Há boas razões para fugir da Nigéria", diz Meiner. Ele lembra "a péssima situação dos direitos humanos e a grande pobreza" neste país com 150 milhões de habitantes de mais de 400 diferentes grupos étnicos. Tortura, conflitos armados e perseguições estão na ordem do dia na Nigéria.
No entanto, em 2009, a Suíça aprovou apenas um único pedido de asilo de um requerente da Nigéria. Seis pessoas que tiveram seus pedidos negados receberam autorização de permanência preliminar. A maioria dos cerca de 1,8 mil pedidos foi indeferida.
Não é a história real
Isso, segundo Meiner, tem a ver principalmente com o fato de que a maioria dos nigerianos "conta as mesmas histórias estereotipados, curtas e não credíveis" e não a sua verdadeira biografia. "Por causa dessas histórias, a rejeição dos pedidos de asilo provavelmente ocorre com razão", diz. "As organizações filantrópicas que acompanham a audiências também veem isso assim."
Segundo Meiner, as organizações humanitárias não têm uma explicação fundada para o fato de que os requerentes de asilo da Nigéria não contem sua história real. "Podemos apenas especular sobre isso. É claro que as pessoas têm de juntar muito dinheiro para a sua viagem à Europa."
Fator medo
Pode ser que eles tenham de fazer um juramento com motivação religiosa que também envolva magia, acrescenta Meiner. "Provavelmente por razões que nós não conseguimos entender, as pessoas têm medo de que, se falarem, algo de ruim possa acontecer. Por isso, elas silenciam."
Além disso, há o problema da falta de documentos, o que, no caso da rejeição do pedido de asilo na Suíça, causa problemas. Todos país de origem só aceita a devolução de refugiados se a sua identidade e, por conseguinte, a sua cidadania for comprovada.
Fonte: http://www.swissinfo.ch/por/sociedade/O_problema_dos_requerentes_de_asilo_da_Nigeria_na_Suica.html?cid=8664028
Andreas Keiser, swissinfo.ch - Adaptação: Geraldo Hoffmann
0 comentários:
Postar um comentário