Por Mussab Al-Khairalla
BAGDÁ (Reuters) - A seleção de futebol do Iraque, comandada pelo técnico brasileiro Jorvan Vieira, foi recebida com lágrimas de alegria na sexta-feira em Bagdá, ao levar para casa o troféu da Copa da Ásia. Mas o forte esquema de segurança impediu que os torcedores participassem da festa.
"Não há um momento mais feliz que esse", disse o goleiro Noor Sabri à TV estatal Iraqiya no aeroporto, segurando as lágrimas, enquanto os outros jogadores soluçavam.
"Não sei o que dizer. Só posso dizer parabéns às mães dos mártires", disse ele, homenageando as vítimas dos confrontos sectários do país.
"Esperamos que essa união não fique apenas no futebol. Esperamos que todos se unam para levar a felicidade ao povo iraquiano", disse o jogador Ali Rahima.
Centenas de iraquianos submeteram-se a inúmeros postos de controle, sob o fortíssimo calor do verão (no hemisfério norte), para conseguir chegar ao aeroporto, na tentativa de ver os ídolos.
"As pessoas estão cantando e dançando o dia inteiro. Não cansam", disse à Reuters um funcionário público que esteve no aeroporto. Mas a maior parte da cidade permanecia silenciosa, sob o toque de recolher do dia muçulmano de orações. Os iraquianos teriam que ver os jogadores apenas pela TV.
"É uma pena que esse time tenha trazido alegria para nossas vidas e mesmo assim não possamos comemorar direito", disse Ammar Hussein, 33, morador de Bagdá. Ele afirmou que não tinha coragem de sair às ruas, por motivo de segurança.
"É a nossa história. Sempre temos que nos preocupar com nossa segurança, mesmo no momento em que devíamos estar mais felizes."
O time, apelidado de "leões da Mesopotâmia", participaria de uma cerimônia oficial dentro da Zona Verde, o complexo fortificado que protege autoridades iraquianas e norte-americanas na capital.
O título da Copa da Ásia, no domingo, levou a euforia a Bagdá. Depois do apito final da vitória por 1 a 0 sobre a Arábia Saudita, pelo menos sete pessoas morreram vítimas de balas perdidas no Iraque, por causa dos tiros festivos para o alto.
Os iraquianos celebraram o caráter multicultural do time, que possui jogadores de várias etnias e correntes religiosas, afirmando que se trata de uma prova de que o país pode superar as discordâncias que vêm causando a onda de violência.
Jornais e analistas de TV compararam os jogadores com a ineficácia dos políticos do país. A seleção já foi festejada em Dubai e na Jordânia, antes de voltar para casa.
(Reportagem adicional de Mariam Karouny)
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