DUBAI - Localizados na Península Arábica, na entrada do Golfo Pérsico, cada um dos sete Emirados Árabes Unidos (EAU) tem o mesmo nome de sua capital. Em uma viagem ao Oriente Médio, para participar de um congresso sobre turismo, passei a primeira noite em Dubai. Mas no dia seguinte logo cedo começava minha incursão rumo a dois outros emirados menos famosos, Sharjah e Fujairah, ou a um pedacinho deles. Um ônibus enorme e uma guia croata nos esperava no saguão. Nosso primeiro destino era Sharjah, localizado no centro dos EAU e a 15 minutos de distância de Dubai, porém sem o glamour do vizinho.
Por conta de sua proximidade de Dubai, Sharjah acaba sendo o local escolhido para morar pelas pessoas que trabalham no emirado ao lado. A população é de cerca de 700 mil habitantes. Sharjah tem muito ouro e o maior número de mesquitas dos emirados. No caminho, uma obra chama a atenção. À primeira vista, parece uma das mesquitas, mas, na realidade, é um aeroporto em construção.
Já a mesquita do Rei Faisal é a maior dos emirados e pode abrigar até três mil fiéis. Sob um sol inclemente do meio-dia, passamos em frente a ela. Era sexta-feira, dia sagrado para os muçulmanos, e toda a família pode ir fazer suas orações. Milhares de pares de sapatos ficam na entrada, e fiquei me perguntando como cada dono acha o seu depois.
Partimos de Sharjah rumo a Fujairah, distante 131 quilômetros de Dubai. O emirado é o único situado ao longo do Golfo de Omã em vez do Golfo Pérsico. São cerca de 100 mil pessoas distribuídas por 1.165 quilômetros quadrados. Pelo caminho, atravessamos uma estrada que corta as montanhas de Hajar. Vale uma parada para apreciar a linda vista do cânion nas montanhas e das trilhas wadis (vales entre rochas). O céu é azul; o calor, forte, e a umidade do ar, muito baixa. Mas o cenário compensa o desconforto.
Esperava ver beduínos no deserto e qual não foi minha surpresa quando descobri que o povo milenar não existe mais. Pelo menos, não da maneira que víamos nos filmes, morando em tendas no deserto, rodeados de camelos. Eles agora recebem subsídios do governo e, no lugar de tendas, têm belas casas; em vez de camelos, carrões de último tipo. Uma decepção. E nossa guia diz que os camelos que existem hoje nos emirados vêm da China.
A mesquita de Bidiya, a mais antiga dos emirados, fica em Fujairah. Mais conhecida como Mesquita Otomana, tem quatro abóbadas apoiadas por um pilar central. Ao fundo, um morro leva a duas pequenas torres de onde é possível avistar belas propriedades rodeadas de montanhas.
Passamos a noite no emirado de Fujairah, no Miramar Al Aqah Beach Resort Fujairah, considerado um dos melhores cinco estrelas dos Emirados Árabes Unidos. No dia seguinte pela manhã, rumamos para Al Ain, um enclave no emirado de Abu Dhabi, o maior, com 86,7% de uma área de 83.600 km e que abriga 4,4 milhões de habitantes. Foram quase duas horas cortando o deserto e avistando uma nuvem de poeira que deixava o céu totalmente nublado.
Al Ain é conhecida como a "cidade dos jardins" por causa de seus seis oásis. Por muitos anos, foi o destino preferido de férias dos xeques. É considerado um dos lugares mais verdes da Península Arábica e fica a 160 quilômetros tanto de Dubai como de Abu Dhabi. Um dos jardins de Al Ain está no sítio arqueológico de Hili, onde as famílias fazem piqueniques, especialmente nos dias mais frios - a temperatura nesses dias mais frios é superior a 30 graus Celsius. O sítio arqueológico é remanescente da Era do Bronze, com algo em torno de cinco mil anos, e foi restaurado.
Os visitantes são muito bem recebidos e levados para conhecer como vivia a família mais nobre do emirado. Os convidados tinham uma ala só para eles no palácio de inúmeros quartos, salas, jardins e muitas pinturas do mais amado, pintado, fotografado e falado xeque, morto em 2004.
Nenhuma visita a Al Ain estaria completa sem ir ao topo da montanha Jebel Hafeet, considerada um dos monumentos do enclave. São 1.200 metros acima do deserto alcançados por uma estrada de cerca de 15 quilômetros de extensão. Até onde os olhos podem ver, não há árvores, moitas, nada, o que torna o lugar mais fascinante ainda. É de tirar o fôlego. Antes de retornar a Dubai, passamos a noite no alto da montanha, no Mercure Grand Jebel Hefeet Hotel. Fez frio de verdade.
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